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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Não se Discute


E as eleições, hein?
Institutos de pesquisa desmascarados de maneira brutal, candidatos que já se consideravam vencedores de fora da disputa ou precisando encarar uma competição indigesta na sequência da campanha política, um mundaréu de candidatos detidos por crime eleitoral Brasil á fora e isso que foi só o primeiro-turno.
A festa da democracia mostrou, novamente, que só o que funciona a contento no Brasil é o sistema eleitoral, imagine só, a votação acabou ontem às dezessete horas, e antes das onze da noite praticamente todos os resultados já eram conhecidos em um processo eleitoral que, à exceção de alguns problemas com a identificação biométrica, pode ser considerado perfeito exceto pela baixíssima qualidade dos candidatos envolvidos e pela absoluta falta de critério do povo na hora de escolher seus representantes.
Quer uma prova?
Pois bem, aqui vai... E já vou avisando que, para oferecer a tal prova, entrarei em uma seara perigosa já que vou discutir dois assuntos que, historicamente, não se discute: Futebol e política.
Um dos candidatos que vai ganhar cadeira na câmara estadual gaúcha é Jardel.
Sim... Jardel. Jardel, o ex-centroavante do grêmio que fez muito sucesso no Sporting e no Porto de Portugal. Jardel que sempre conviveu com a fama de não ser um sujeito de muitas luzes intelectuais, que teve problemas de dependência química e não obteve sucesso ao tentar a carreira de treinador resolveu tentar a carreira política, e, com sua propaganda eleitoral contando com Luís Felipe Scolari pedindo votos, foi bem-sucedido.
Sim... Jardel se elegeu.
Não é o primeiro, diga-se de passagem. Danrlei, ex-goleiro gremista e parceiro de Jardel nos distantes anos noventa também ganhou uma cadeira, mas na câmara federal para a qual foi reeleito.
Nos últimos quatro anos Danrlei protocolou três projetos, dos quais nenhum foi aprovado, mas, ainda assim, alguém achou que ele merecia mais quatro anos. Eu diria que as mesmas pessoas resolveram dar um voto de confiança ao Jardel que, em uma recente entrevista, ao ser perguntado se era de direita ou de esquerda, respondeu que era "de cabeça", cujo primeiro ato como deputado seria mudar a colocação do grêmio no campeonato brasileiro de sexto para primeiro, que se considera de direita por ser "um cara direito demais"... O Jardel, que obviamente não faz nem a mais remota ideia de quais são as atribuições de um deputado estadual, foi eleito. E com ampla margem... Mais de 41 mil votos.
Eu me pergunto o que levou os eleitores de Jardel e Danrlei a votarem nos dois... Paixão clubista? Uma vontade inapelável de "copar" alguma coisa nem que seja a eleição? Eu não sei. Não sou capaz de entender o que leva alguém a votar no Jardel e no Danrlei assim como não sei o que levaria uma pessoa a votar no Fabiano "Uh, Fabiano" (que não se elegeu quando tentou mandato na câmara municipal), ou no Dinho, ou no Tiririca, o que eu sei, é que, olhando os eleitos para as câmaras do estado do Rio Grande do Sul, e até mesmo nosso novo senador, Lazier Martins, a partir de agora, toda a vez que a expressão "estado mais politizado do Brasil" fosse usada na mesma frase que "Rio Grande do Sul, o autor deveria levar uma sumanta de laço.
Enfim... Ainda podemos torcer... Quem sabe Danrlei melhore sua produtividade no segundo mandato... Quem sabe Jardel surpreenda a todos e consiga realizar seus projetos de "saúde, muita saúde" tornando-se um legislador modelo?
Já que estamos na seara dos assuntos que não se discute, vamos fechar a trinca... Que Deus nos ajude.

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