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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Resenha DVD: Hércules


E quem diria, 2014 foi ano de Hércules nas telonas. Não uma, mas duas produções com o mais famoso semi-deus da mitologia grega chegaram aos cinemas nesse ano, a primeira, que nos Estados Unidos se chamava Hércules - A Lenda Começa, dirigida por Renny Harlin e estrelada por Kellan Lutz, é tão ruim, mas tão ruim, que dá vontade de ser cego quando tu assiste.
Com um concorrente tão desgraçadamente desqualificado, ficava fácil para o outro Hércules, dirigido por Brett Ratner e estrelado por Dwayne The Rock Johnson, ser o melhor filme de Hércules do ano, o problema é que o filme, que adapta o quadrinho Hércules - As Guerras Trácias, de Steve Moore, não vai muito além disso.
Hércules mostra o herói título vivendo uma vida errante pela Grécia trabalhando como mercenário.
O conhecido guerreiro com fama de semi-deus invencível forjou uma reputação tão poderosa para si, que em muitas ocasiões sequer precisa desembainhar sua clava para vencer uma batalha, mas, quando o combate é necessário, Hércules não está sozinho.
Ao lado de seu sobrinho, o contador de histórias Iolaus (Reece Ritchie), do vidente Amphiaraus (Ian McShane), da amazona Atalanta (a bonitona Ingrid Bolsø Berdal), do guerreiro espartano Autolycus (Rufus Sewell, irreconhecível sem o olho caído nem o habitual papel de vilão) e do selvagem Tydeos (Aksel Hennie), Hércules, que é assombrado por seu passado nebuloso, vem juntando uma pequena fortuna ao vender sua espada, quase o suficiente para abandonar a vida de soldado e ir viver o resto de seus dias em solidão, afastado de tudo e de todos.
O serviço que pode ajudar o guerreiro a completar sua conta e ter o suficiente para reiniciar sua vida surge quando Ergenia (Rebecca Ferguson) surge em seu caminho.
Ergenia é herdeira da Trácia, uma região assolada por uma guerra civil.
O lorde local, Cotys (John Hurt) tem visto seu povo ser massacrado pelo perverso Rhesus (Tobias Santelmann), e, conforme seu exército é reduzido, o poder do revolucionário cresce, ameaçando os camponeses.
Hércules e seus homens aceitam um generoso pagamento para, não apenas lutar lado a lado com os homens de Cotys, mas também para treiná-los, tornando-os uma poderosa tropa guerreira.
Porém, conforme a guerra se desenrola, e o treinamento de Hércules e seus companheiros, além da habilidade em combate dos próprios, faz virar a balança do conflito, o herói percebe que, talvez, tenha assumido o lado errado nesse conflito, uma percepção que o fará vasculhar sua consciência, e o colocará em uma trilha que pode significar tanto seu fim, quanto o primeiro passo para tornar sua lenda real.
Então...
Como eu disse, o Hércules do The Rock não tinha a mais difícil das missões no tocante a superar o Hércules de Kellan Lutz (que inclusive é espezinhado com uma piadinha lá pela metade do filme), entretanto, o filme de Brett Ratner é igual ao resto da filmografia do diretor de X-Men 3 e Dragão Vermelho, absolutamente genérico e vazio.
A produção é caprichada, os efeitos visuais bacanas, as cenas de luta movimentadas e bem construídas (tudo bem ao estilo censura livre), o elenco é maneiro, The Rock é carismático, e o filme até tem seus bons momentos, mas falta muito para Hércules ser mais do que apenas mais uma sessão de cinema descerebrada.
Em especial, falta desenvolvimento aos personagens, a superficialidade de todo mundo no filme é flagrante, e a direção de atores de Ratner não ajuda.
Mesmo com bons intérpretes no elenco de apoio (que ainda inclui Joseph Fiennes e Peter Mullan) e um protagonista maneiro, com o físico perfeito para o papel, os personagens são unidimensionais e desinteressantes.
O conflito de Hércules não tem estofo nos atributos dramáticos limitados do astro Dwayne Johnson, que constantemente é eclipsado por seus colegas mais talentosos, em especial Ian McShane, tremendo ladrão de cena, e o sempre ótimo John Hurt, tudo isso somado à algumas ideias muito idiotas (como os armamentos de se abrem, e as lâminas automáticas nas carruagens dos heróis) e uma trilha sonora genérica de dar dó, e as boas ideias do quadrinho de Moore (em especial o viés realista pelo qual são mostrados os feitos do herói, então narrados de maneira florida por seu sobrinho) são sugadas para um espiral de estilismos vazios num espetáculo visual que é insípido a maior parte do tempo.
Uma pena, The Rock poderia ser o Hércules de uma geração, mas precisaria de um filme bem superior para isso, no fim das contas, seu Hércules é apenas OK.
Vale a locação se tu é um fã declarado de The Rock, outrossim, espere passar na TV a cabo.

"-Não importa quão longe você vá, um homem não pode escapar de seu destino. Quem é você? Um assassino? Um mercenário que vira as costas aos inocentes? Nós acreditamos em você. Temos fé em você. Lembre-se dos feitos que você realizou, os trabalhos que superou! Você é apenas a lenda ou é a verdade por trás da lenda? Agora diga-me, quem é você?
-Eu, sou HÉRCULES!"

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