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terça-feira, 28 de outubro de 2014
Resenha Cinema: O Apocalipse
Anda difícil, mesmo para os fãs mais dedicados, defender Nicolas Cage.
O astro de filmes como Feitiço da Lua, A Outra Face, Adaptação e tantos outros grandes filmes anda numa draga tão danada que dá a impressão de estar escolhendo, de propósito, apenas filmes ruins pra fazer.
Para cada World Trade Center são dois O Sacrifício, para cada Vício Frenético, são meia dúzia de O Vidente, Perigo em Bangkok e O Pacto, para cada Joe são dois Motoqueiro Fantasma, Caça às Bruxas e Fúria Sobre Rodas, Reféns, O Pacto, O Resgate... São tantas escolhas ruins, mas muito, muito ruins, que os filmes razoáveis de Cage no caminho, como Presságio, Os Croods, Kick-Ass, Motoqueiro Fantasma - Espírito de Vingança e Sangue na Neve são eclipsados, e ele só é lembrado pelas porcarias que faz recentemente, pois as faz em grande quantidade. Esse ano de 2014, mesmo, se encerrará com nada mais nada menos que quatro filmes estrelados por Cage, nenhum deles parecendo valer a película em que foram filmados.
Além de Fúria, The Outcast e Dying of the Light, o outro filme de Cage na temporada é esse O Apocalipse.
O Apocalipse, é uma refilmagem do Deixados para Trás original (pérola dos tele-filmes evangélicos que recheiam as tardes da TV a cabo, todos estrelados pelo astro "Newborn Christian" Kirk Cameron.), um filme religioso a respeito do Arrebatamento, o momento em que Deus, antevendo o início das atribulações que levarão ao juízo final, surrupiará da Terra as pessoas boas e inocentes, que serão levadas para o Paraíso, onde assistirão de camarote ao fim do mundo.
Na trama conhecemos o piloto comercia Rayford Steele (Cage), um homem que vive uma crise com a esposa Irene (A Lorraine McFly Lea Thompson).
Irene é uma mulher excessivamente devotada à religião, e com isso, afastou de si seu marido, e também a filha mais velha Chloe (Cassi Thomson).
No dia de seu aniversário, Rayford mente e deixa a família pois planeja passar a noite com a comissária de bordo Hattie (A lindona Nicky Whelan), e acaba descoberto por Chloe, que, desapontada e frustrada, volta para casa e discute com a mãe.
Abalada, ela vai passear com o irmão mais novo enquanto seu pai decola rumo à Inglaterra, é durante o voo e o passeio de Chloe, que um misterioso evento faz com que milhões de pessoas desapareçam instantaneamente, como se tivessem sido vaporizadas, deixando para trás suas roupas, jóias e perguntas sem resposta.
Para onde foram?
Enquanto Chloe vaga a esmo por uma cidade entregue ao desespero procurando por sua mãe e irmão, no ar, Rayford precisa lidar com o caos que se instaura quando parte dos passageiros e tripulação somem sem explicação, e os que restam exigem respostas, contando apenas com ajuda de Hattie e do repórter investigativo Buck Williams (o sumido Chad Michael Murray, de One Tree Hill).
É podre.
Meu Deus, que filme podre.
Entre o roteiro tendencioso, simplista e repleto de clichês mau utilizados, o elenco mau dirigido que se divide entre o semi-amador, o canhestro e o preguiçoso, e a mensagem absolutamente manipuladora fica até difícil achar o que é pior em O Apocalipse.
É óbvio que se esperava manipulação e clichês em um filme evangélico, mas é necessário estar com um dos hemisférios do cérebro desativado para gostar de alguma coisa em O Apocalipse.
Os personagens rasos e unidimensionais são todos estereótipos religiosos num festival de preconceito e obviedade que fica evidente na lista de "deixados pra trás" no avião de Rayford:
O homem de negócios escroto que só quer saber de lucro, a viciada, a aproveitadora, o adúltero, o apostador compulsivo, são todos escrotos e não merecedores do paraíso. A eles junta-se o incréu e o muçulmano, dois caras que parecem boa gente, mas que escolheram não acreditar em Deus, ou acreditar no Deus "errado", então, que fiquem e lidem com o fim dos tempos, e isso só na primeira classe.
Se a linha narrativa dentro do avião, encabeçada pelo protagonista já é ruim o que dizer da ação paralela estrelada pela filha do capitão Steele?
A mocinha vagante Chloe é tão irritante e despropositada que dá vontade de parar de ver o filme quando ela aparece, e a interpretação estilo peça escolar de Cassi Thomson não ajuda em nada.
O Apocalipse pega fácil o posto de fundo do poço na carreira de Nicolas Cage, que só vai conseguir ir mais fundo se estrelar a sequência que o filme sugere no final.
Veredicto?
Não assista a menos que esteja sob a mira de uma arma ou te ofereçam uma som vultuosa de dinheiro.
"Não posso deixar essas pessoas morrerem sem terem chance de reparar seus erros"
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