Pesquisar este blog

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Resenha Cinema: Sin City: A Dama Fatal


Nove anos se passaram desde que Sin City: A Cidade do Pecado, parceria entre Robert Rodriguez e Frank Miller que criou o que era, até então, a mais completa mistura de quadrinhos com cinema em que o público já havia colocado os olhos.
O diretor esqueceu tudo o que podia sobre o conceito de adaptação ao juntar um apanhado de histórias das graphic novels de Miller, e literalmente, apenas tirá-los das páginas dos quadrinhos e jogá-los na tela grande transformando os quadros de nanquim do autor de Batman - Ano Um em tomadas de um longa metragem quase que inteiramente rodado em preto e branco (A exemplo do quadrinho, alguns detalhes eram coloridos, como sangue vermelho e o bastardo amarelo).
Embora tenha agradado pela estética diferente de tudo o que havia sido visto no cinema até então (e que daria origem, entre outras coisas, a 300), Sin City: A Cidade do Pecado não foi um estrondoso sucesso de bilheteria, arrecadando pouco mais de 158 milhões de dólares pelo mundo.
Ainda assim, o filme chamou a atenção, tinha um bom elenco (que contava com Clive Owen, Brittany Murphy, Bruce Willis, Jessica Alba, Benício Del Toro, Rosario Dawson, Elijah Wood e Mickey Rourke), e, tendo sido um filme relativamente barato com seu orçamento de 40 milhões de dólares, logo se falava em uma sequência.
O lance foi que essa sequência começou a demorar uma barbaridade pra sair do papel. Tanto demorou que deu tempo de Rodriguez fazer mais meia dúzia de longa-metragens, e até Frank Miller, autor dos quadrinhos e co-diretor do primeiro Sin City, botar suas asinhas de fora e fazer Will Eisner se revirar na cova com seu Spirit - O Filme.
Mas, após todas essas idas e vindas, elencos sendo montados e desmontados na internet (Angelina Jolie, por exemplo, teve seu nome ligado ao filme desde 2005, mas acabou sendo substituída e muito bem diga-se de passagem, por Eva Green, no final das contas), o filme finalmente saiu do papel, e apesar dos percalços e da longa espera, até que não é o desastre que poderia ter sido.
Sin City - A Dama Fatal (tradução preguiçosa para o original "A Dame to Kill For" novamente é formado por um apanhado de histórias da série de graphic novels de Frank Miller num balaio que acaba parecendo mais aleatório na sequência já que o longa não respeita nenhum tipo de cronologia.
A introdução do longa já mostra Marv (novamente Mickey Rourke com sua máscara medonha) tocando o horror em uns universitários escrotos, na sequência conhecemos Johnny (Joseph Gordon-Levitt), um jovem com um excelente par de mãos para jogos de azar que arrisca sua sorte numa mesa de pôquer contra o todo poderoso senador Roark (Powers Booth), uma decisão pouco esperta que pode tornar sua vida muito, muito difícil.
Na sequência reencontramos Dwight McCarthy, personagem de Clive Owen no primeiro longa, sendo interpretado antes da cirurgia plástica mencionada no original, por Josh Brolin.
Dwight ganha a vida da maneira mais honesta que é capaz, como investigador particular tirando fotos de indiscrições conjugais como a protagonizada por Joey (ponta de Ray Liotta) e Sally (uma insuspeita gostosíssima Juno Temple).
Dwight vai levando até receber o telefonema de Ava (a gloriosa Eva Green), que pede que ele a ajude a escapar de seu marido dominador o milionário Damien Lord (o onipresente Marton Csokas), e seu capanga, o brutamontes Manute (Dennis Haysbert, assumindo o posto do falecido Michael Clarke Duncan).
Incapaz de resistir aos encantos da divina Ava, Dwight acaba envolvido numa intrincada trama de assassinato que envolve além dele e de Ava, os policiais Mort e Bob (Christopher Meloni e Jeremy Piven), o chefão criminoso Wallenquist (ponta de um irreconhecível Stacy Keach), e as garotas da Cidade Velha Gail (Rosário Dawson), Goldie e Wendy (ponta de Jamie King), e Miho (Jamie Chung, interessante upgrade à feinha Devon Aoki) além do tradicional banho de sangue.
Finalizando a trinca de histórias voltamos a encontrar a pequena e magrinha Nancy Callahan (Jessica Alba, gostosa que só), que mantém sua rotina como stripper enquanto é assombrada pelo suicídio de Hartigan (ponta de Bruce Willis) e a presença constante de Roark no clube onde ela trabalha. Nancy eventualmente perde as estribeiras e acaba decidida a encarar o homem mais poderoso do estado, para isso, contará com a ajuda de Marv (quem é que não queria um amigo desses?), e talvez, do único homem a quem amou na vida.
Claro que, quem assiste Sin City esperando alguma seriedade precisa de tratamento médico. O longa é uma grande brincadeira, uma piada machista e machona travestida de "film noir", um mundo onde grandalhões à prova de balas convivem com mulheres fatais dispostas a tudo para se livrarem do estigma de vítimas ou objetos (todas fracassam, porém), e onde mesmo os heróis são moralmente reprováveis em alguma medida. Encarado sob o prisma correto, Sin City é diversão em estado bruto, visual bonito, participações especiais muito bacanas (como as de Christopher Lloyd e Lady Gaga) e até algumas boas atuações (Gordon-Levitt vai bem em seu segmento que, aliás, é facilmente o melhor do filme).
Falando sério... Não se pode esperar mais do que isso de Sin City ou de qualquer obra com envolvimento de Frank Miller.
Assista no cinema se for muito fã de mulheres voluptuosas e homens que sentem mais dor por causa do coração partido do que pela bala entre as costelas, outrossim, espere até sair em DVD.

"Entre na beco certo em Sin City e você encontra de tudo."

Nenhum comentário:

Postar um comentário