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segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Resenha DVD: O Exterminador do Futuro: Gênesis
Eu confesso que depois da tentativa com Christian Bale e Sam Worthington cometida por McG não ter funcionado em 2009, achei que o Exterminador do Futuro seria deixado em paz pela Paramount, e se tornar uma daquelas raras franquias que conseguiram ficar no passado recebendo apenas a reverência dos fãs que a amavam mais ou menos como aconteceu com De Volta Para o Futuro, por exemplo.
Mas aparentemente a única lição tirada de O Exterminador do Futuro: A Salvação, foi a de que um filme do Exterminador do Futuro precisa ter trocadilhos do Schwarzenegger em carne e osso, e não um dublê digital mudo.
A Paramount resolveu, então, chamar de volta o Governator, e fazer mais uma tentativa.
Alan Tylor, de Game of Thrones e Thor - O Mundo Sombrio foi chamado para comandar a empreitada, os roteiristas Patrick Lussier (de Fúria Sobre Rodas) e Laeta Kalogridis (Ilha do Medo) escreveram o roteiro, um misto de sequência e reboot, que traria Schwarza de volta ao mundo da guerra entre homens e máquinas.
Orbitando o ciborgue, Emilia Clarke (A Daenerys Targaryen de GoT) surgiu como uma ótima alternativa à Linda Hamilton (E curiosamente, é outra egressa de GoT a interpretar a personagem, já que Lena Headey, a rainha Cersei, deu cara à Sarah Connor em Terminator: The Sarah Connor Chronicles).
Jai Courtney, habituado a papéis de vilão, ganhou uma rara chance como mocinho no papel de Kyle Reese (que já foi de Michael Biehn, Anton Yelchin e Jonathan Jackson), e John Connor encontrou sua sexta encarnação em Jason Clarke.
Times escalados, bola ao centro e toca pra mais uma tentativa de fazer um novo segmento em uma série que vinha dando sinais de desgaste desde o terceiro capítulo.
O Exterminador do Futuro: Gênesis abre em 2029.
A guerra de humanos contra as máquinas da Skynet segue como se todos os outros filmes jamais tivessem acontecido.
John Connor é o líder da rebelião humana, seu conhecimento privilegiado, herdado de sua mãe, Sarah, o leva a ser visto por muitos como um profeta, e tem se mostrado a grande vantagem da humanidade na luta.
Ele e seu braço direito, o sargento Kyle Reese, se preparam para um ataque duplo à Skynet, em dois pontos distintos, um, uma grande fábrica, outro, o que parece um inofensivo campo de prisioneiros, mas guarda a maior criação da Skynet, sua mais terrível arma:
O dispositivo de deslocamento temporal.
Essa máquina é usada para enviar um exterminador T-800, o endo esqueleto metálico coberto com tecido humano que todos nós conhecemos, ao ano de 1984, e matar Sarah Connor antes que ela dê à luz John, e ele se torne o messias guerreiro que lidera a humanidade.
Ou seja, a história do primeiro O Exterminador do Futuro.
O Exterminador (Um Schwarza rejuvenescido no computador bem convincente) chega peladão ao observatório Griffith em Los Angeles em meio a jornais amassados e um orbe de energia elétrica e ruma contra os três punks que estão prontos para serem exterminados quando um exterminador notadamente envelhecido surge, e os dois caem na porrada!
Acontece que no momento em que Reese entra na máquina do tempo, um exterminador infiltrado (O Dr. Who, Matt Smith) ataca John, um evento jamais registrado. Esse fato inédito, cria uma fratura na linha temporal que conhecemos, e o 1984 ao qual Kyle Reese deveria ser enviado, simplesmente não existe.
Ao invés de encontrar uma Sarah Connor novinha e inocente trabalhando como garçonete e sendo perseguida por um T-800, ele chega encontrando um T-1000 (o modelo de metal líquido de T-2, agora vivido por Lee Byung-Hun) que o estava aguardando!
John é salvo no último instante por uma Sarah Connor que não é nem de longe a mocinha inocente da qual John lhe falou (ainda que não seja a neurótica truculenta de T-2).
Ela tem consigo um Exterminador modelo T-800 guardião a quem chama carinhosamente de "Pops" (terrivelmente traduzido em português como "papi").
Esse T-800 foi enviado para proteger Sarah quando ela ainda era uma menininha e sofreu um atentado realizado por um T-1000, que matou seus pais.
Sarah foi criada pelo T-800, aprendendo a sobreviver e lutar com o ciborgue, e o ensinando a emular um comportamento mais humano (os sorrisos são hilários), aguardando a chegada de Reese, e dos outros exterminadores enviados para matá-la, mas que a encontraram mais preparada do que nunca.
Sarah e Pops criaram um dispositivo de deslocamento temporal, e munidos da CPU de um dos exterminadores, agora podem usá-lo para viajar até 1997 e impedir o dia do julgamento, quando a Skynet toma o controle do sistema de mísseis das forças armadas dos EUA e lança um ataque nuclear que dizima 3 bilhões de vidas.
Mas Reese percebe que o destino deve ser outro:
Ele tem uma memória nascida do momento da fratura temporal, de um recado de si mesmo dizendo que o apocalipse foi adiado vinte anos, ocorrerá em 2017 e está ligado a algo chamado Gênesis.
Reese e Sarah viajam até 2017, encontrando-se com Pops e preparando-se para fazer (mais) um ataque derradeiro à Skynet e impedir o apocalipse nuclear, mas para isso, terão de enfrentar o último inimigo que esperavam:
John Connor.
O Exterminador do Futuro: Gênesis é um filme que gera sensações conflitantes. Ele é cheio de sacadas interessantes (Emilia Clarke como Sarah Connor é um achado, a atriz britânica está uma delicinha no papel), boas sequências de ação, por vezes vertiginosas, e até momentos de suspense realmente tensos.
A história engendrada por Lussier e Kalogridis não chega a ser um disparate em se tratando da mitologia de viagens temporais, e no geral, Gênesis é amplamente superior a A Salvação e A Rebelião das Máquinas.
O grande problema do longa, e de toda a série Exterminador do Futuro, por sinal, é O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final.
O filme de 1992 é, ainda hoje, um dos melhores filmes de ação já realizados, e é difícil sequer chegar perto de igualá-lo, de modo que tudo o que tem a marca Exterminador de lá pra cá, parece um pastiche daquele filme.
Além disso, ao fazer mais uma volta ao passado, mais um ataque definitivo à Skynet, e impedir o dia do julgamento mais uma vez, Gênesis desautoriza os filmes originais, trapaceia, e faz com que toda a série pareça uma jornada infrutífera, à medida em que, não importa o que os mocinhos façam, a Skynet esteja fadada a surgir e fritar a humanidade rumo à guerra (Se duvida, veja a cena oculta no meio dos créditos).
Por mais divertido que seja ver Schwarzenegger voltar ao papel que o consagrou, atirar, lutar, ser arremessado e explodido, deixar o robô envelhecer, aprender novos truques e até emular emoções, Gênesis não se justifica.
Não há nada de horrível em O Exterminador do Futuro: Gênesis. Nem de longe.
Apenas horrivelmente desnecessário.
"-Velho, mas não obsoleto."
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