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domingo, 29 de novembro de 2015
Resenha Cinema: Pegando Fogo
Foi-se o tempo em que Bradley Cooper era o vilão nojentão de Penetras Bons de Bico, ou o advogado de defesa pusilânime de algum spin-off de Lei & Ordem. O sujeito despontou das comédias em direção ao estrelato em grande parte graças a Se Beber Não Case, em parte à uma parceria com David O. Russel, mas especialmente à uma maturidade muito clara na hora de escolher seus projetos e, claro, seu inegável talento.
Cooper cresceu muito desde os tempos de coadjuvante de Jim Carrey, e suas três indicações ao Oscar são testemunho desse crescimento. Se ele foi eclipsado por Jennifer Lawrence em O Lado Bom da Vida e por Christian Bale em Trapaça (ainda assim, duas ótimas atuações de Cooper.), não se pode negar que ele carregou Sniper Americano nas costas sem suar.
Essa capacidade de suportar um filme inteiro está bastante clara em Pegando Fogo, mais recente filme estrelado por Cooper, uma dramédia de chef, ou, como gostam de referir os críticos estrangeiros, um "food porn".
O diretor John Wells, produtor televisivo de longa data (produziu e dirigiu episódios de uma favorita particular minha, E.R.) e cineasta ocasional com ótimas passagens como o ótimo Álbum de Família é quem conduz a história de Adam Jones (Cooper).
Jones é um ex-chef de cozinha top de linha, do tipo que altera seu cardápio de sucesso inteiro sem pensar duas vezes e que não quer que as pessoas sentem em seu restaurante para comer, quer que elas se sentem à mesa e babem de antecipação. Dono de duas estrelas do cobiçado guia Michelin, Jones aprontou tudo o que podia e não podia nos seus anos de glória. Acabou viciado em drogas, alcoólatra e envolvido com as mulheres erradas, perdeu tudo, e exilou-se em Nova Orleans, onde se impôs uma pena curiosa:
Abrir um milhão de ostras em um restaurante qualquer.
Quando o filme começa, acompanhamos, com a narração do próprio Jones, seu último dia de "reclusão".
Assim que abre a milionésima ostra, o ex-chef a come, apanha sua jaqueta e abandona o emprego para, no instante seguinte estar em Londres.
Rapidamente, Adam restabelece sua antiga network, primeiro, no hotel de seu ex-colega Tony (Daniel Brühl). Adam chega ao hotel avisando a Tony que será o chef de seu restaurante, e que deseja sua terceira estrela Michelin.
Tony, conhecendo o passado de Adam, o rejeita de imediato, e o expulsa do hotel. Para seu azar, porém, Adam encontra a crítica gastronômica Simone Forth (Uma Thurman), que vai ao restaurante de Tony tornando Adam imprescindível.
A despeito do tamanho de Londres, Adam não consegue montar sua equipe de cozinha sem esbarrar em velhos conhecidos, como o sous-chef Michel (Omar Sy), com quem Adam partilha um passado conturbado. Ainda assim, ele encontra o jovem David (Sam Keelley), o ex-colega Max (Riccardo Scamarcio), e a promissora Helene (Sienna Miller).
Em pouco tempo, todos eles trabalham sob as ordens de Adam na cozinha do restaurante de Tony, tentando ajudar o conturbado Adam a alcançar seu objetivo, a sonhada terceira estrela.
Mas será que é realmente disso o que Adam precisa?
Como dito lá no início, Pegando Fogo é um testemunho da habilidade de Cooper de segurar um filme nas costas.
Por mais que o longa não seja ruim (e ele não é), pode-se imaginar que não seria um filme lançado em cinemas sem o nome e a cara de Cooper estampados no pôster.
Por sorte, o galã já cresceu o suficiente para aguentar o tranco, e Pegando fogo é seu show.
Cooper faz sua melhor imitação de Gordon Ramsey, mas garante que a interpretação não seja apenas isso. Ele torna Adam errático, estabanado, frágil dependendo da situação. Por mais clichê que algumas situações no roteiro de Steve Knight e Michael Kalesniko sejam (a mãe solteira que não se sobra, o chef rival...), Cooper e o resto do elenco, que conta ainda com Matthew Rhys, Alicia Vikander e Emma Thompson têm carisma e traquejo pra suplantar o trivial, e elevar o filme.
Levando isso tudo em conta, se Pegando Fogo fosse um restaurante, dificilmente receberia uma estrela Michelin, mas estaria longe de ser a birosca da esquina.
Vale o ingresso.
"-Ele tem duas estrelas Michelin!
-Duas não parece muito...
-Pra ganhar uma estrela Michelin, você tem que ser tipo, Luke Skywalker... Para ganhar duas, tem que ser como... Quem quer que Alec Guiness fosse... Mas para ganhar três, você tem que ser Yoda!
-E se ele for Darth Vader?"
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