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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Resenha Série: Jessica Jones: O Quê Jessica Faria?


O episódio anterior terminou com um gancho algo assustador.
Jessica aceitou o convite de Kilgrave, e voltou para "casa". No caso, a casa onde ela cresceu nos subúrbios até sua família morrer em um acidente pelo qual ela se sente culpada, e ela ser adotada pela mãe de Trish, Dorothy Walker.
Em meio as inevitáveis lembranças trazidas pelo retorno ao antigo lar, Jessica teve uma bela recepção do vilão, que remodelou a casa à imagem e semelhança de como ela era durante a infância e adolescência da heroína, contratou uma empregada e um chef de cozinha (muito bem remunerados, não escravos), tudo para garantir que Jessica tenha a estadia de seus sonhos, e possa ao menos vislumbrar a possibilidade de uma vida a seu lado.
Há um elemento perturbador nesse episódio.
Por um lado, Jessica tem toda a razão para sua ojeriza pelo homem que a violentou e a transformou em uma assassina. É palpável a sensação de nojo de Jessica durante cada segundo que ela passa ao lado de Kilgrave vivendo sob o mesmo teto de maneira absolutamente doentia.
Ao mesmo tempo, David Tennant faz um trabalho tão sensacional no papel do bandido, que é impossível não sentir vestígios de simpatia por ele.
Em sequências como aquela em que ele demonstra o que considera a razão para sua personalidade deturpada ao mostrar vídeos de sua infância, ou na passagem da vizinha enxerida, e especialmente quando Jessica resolve dar uma chance aos poderes de Kilgrave usando-os para o bem, ao salvar uma família em perigo ("Obi-Wan Kenobi?", "Mais maneiro.", fica quase impossível não gostar do vilão, ainda que ele mantenha os vestígios de sua crueldade anterior com as ordens que dá aos empregados da casa.
A despeito, porém, do que parece um genuíno conflito interior de Jessica, pensando se deve ou não tentar usar Kilgrave para seus propósitos heroicos, fica bastante evidente que, no fim das contas, a única coisa que importa para a investigadora, é salvar Hope Schlottman, e para isso, ela precisa provar que Kilgrave existe, e está disposta a tudo para fazer isso, inclusive salvar a vida de seu inimigo do policial Simpson, que aparece disposto a botar pra quebrar com uma bomba e operativos para-militares de seu passado.
Com um final explosivo, e um triunfo advindo de uma virada inesperada, o oitavo episódio de Jessica Jones é outro ponto alto da série, em especial pelo espaço que dá a Kilgrave, um vilão particularmente carismático, e que, na melhor tradição de bons antagonistas, não se considera mau.

"Púrpura não é a minha cor."

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