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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Resenha Filme: Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma
Ainda existiam cinemas de calçada em Porto Alegre no ano de 1999, quando Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma chegou aos cinemas. Existia também uma imensa expectativa com relação ao filme, o primeiro episódio daquele curioso "Episódio IV" de vinte e dois anos antes, no tapete de letras de Guerra nas Estrelas ou Star Wars ou Uma Nova Esperança...
Todo mundo queria ver o filme. Mais ou menos como estamos todos agora, às portas de O Despertar da Força.
O elenco havia sido montado com Liam Neeson, no papel do mestre Jedi Qui-Gon Jinn, Natalie Portman seria a mocinha Rainha Amidala, Ewan McGregor seria a cara rejuvenescida do padawan Obi-Wan Kenobi, enquanto Ian McDiarmid voltaria ao papel de Palpatine, então um senador de Naboo, junto com Frank OZ, novamente dando voz e movimento à marionete do mestre Yoda.
Além deles, a sueca Pernilla August, com um papel de Virgem Maria no cartel, repetia a rotina de mãe imaculada no papel de Shmi Skywalker, mãe do pequeno Anakin (Jake Lloyd), com Samuel L. Jackson, notório nerd, no papel do mestre Jedi Mace Windu, Ahmed Best como Jar-Jar Binks (provavelmente o primeiro personagem central totalmente digital do cinema), e Ray Park no papel do aprendiz Sith Darth Maul.
Como acontecera em Uma Nova Esperança, George Lucas acumulou as funções de diretor e roteirista além de produtor, e se pôs a contar a história que, segundo ele, não teve recursos técnicos para contar antes.
Era a história de como um embargo da Federação do Comércio ao planeta Naboo obrigava a ordem Jedi a enviar emissários para garantir a correta condução das negociações.
Após as tais negociações falharem de maneira inapelável, os Jedi, com a ajuda do habitante local do povo Gungan, Jar-Jar Binks, conseguiam chegar ao palácio da rainha Amidala, e levá-la para Coruscant, capital da república galáctica, onde ela poderia ser ouvida no Senado, e obter ajuda para seu povo sob a ameaça da guerra.
Infelizmente, na fuga, a nave da rainha era atacada, e, danificada, acabava sendo obrigada a aterrissar no remoto planeta desértico de Tatooine.
Lá, Qui-Gon procura entre os comerciantes de sucata locais por peças para consertar a nave da rainha. O que o leva a um encontro com o desprezível Watto e seu escravo Anakin.
Não demora a Qui-Gon perceber que Anakin é poderoso na Força. Mais do que isso, é um ponto de convergência para o que antes era um campo energético que mantinha a galáxia unida e neste filme virou uma infestação.
O conhecimento do potencial de Anakin leva Qui-Gon a apostar alto tentando obter a liberdade do menino junto a Watto em uma corrida de pods onde Anakin demonstra toda a extensão de suas habilidades.
Em Coruscant, Anakin é levado ao conselho Jedi, que inicialmente não concorda com o treinamento do menino que, nas palavras de Yoda, sente medo demais.
Entretanto, antes que uma resolução seja alcançada, a rainha Amidala, cansada da burocracia do senado, resolve voltar a Naboo e fazer uma aliança com os Gungans para enfrentar o exército robótico da Federação, e livrar seu planeta da ocupação dos comerciantes, algo que pode se tornar consideravelmente mais difícil à medida em que, por trás de toda a trama, encontra-se o mestre sith Darth Sidious e seu aprendiz, o mortal Darth Maul.
Acho que virou uma mania universal pichar A Ameaça Fantasma. Ninguém encontrou no filme aquilo que esperava. Os personagens eram rasos, a direção de atores foi pobre e George Lucas deixou bastante claro o tipo de problema que podia ser ter plenos poderes sobre o longa.
Se em termos de visual há passagens de encher os olhos. A cidade submersa dos Gungans, a câmara de discussão do senado, o duelo entre Qui-Gon e Obi-Wan contra Darth Maul... São todos momentos que se erguem à altura do legado de Star Wars. Infelizmente, eles são todos colocados a perder quase imediatamente ao serem seguidos por momentos onde algo não funciona.
Personagens mal-escritos e o desperdício de momentos cheios de potencial, como a separação de Shmi e Anakin ou a morte de Qui-Gon passam batidos seja pela ausência de talento dos atores (Jake Lloyd deixa bem claro porque só fez mais um filme depois de A Ameaça Fantasma) seja pela forma leviana como a situação é tratada no roteiro, a intrusão de Jar-Jar Binks, tão odiado que seria praticamente limado dos episódios seguintes, e os midi-chlorians.
No final das contas Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma ainda foi um sucesso de bilheteria, mas dividiu a crítica e o público, e muito mais presente do que a sombra de Darth Sidious sobre o futuro de Anakin, pesava a sombra de George Lucas e sua persona centralizadora sobre o Episódio II.
"-Você será um Jedi, Anakin. Eu lhe prometo."
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