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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Resenha Filme: Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança


Apenas duas ideias de Star Wars, ou Guerra nas Estrelas, o nome do filme quando eu assisti pela primeira vez numa noite de segunda na Tela Quente da Globo em idos dos anos oitenta (talvez 86? Talvez 88? Não lembro), já são chocantes o suficiente para tornar o filme digno de nota:
A primeira é que, a despeito de ser uma ficção científica desenrolando-se em um universo de alienígenas, naves estelares, armas laser e espadas de luz, a primeira informação que nos era oferecida era que a história se passava "Há muito tempo atrás".
Quando o tema principal trovejava na tela, e o tapete de letras começava a subir, a segunda informação inesperada:
Episódio IV.
Como assim, episódio 4? Cadê os outros três?
Nós só saberíamos alguns anos mais tarde (infelizmente), mas de qualquer forma, Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança nos posicionava em uma história que, não só ocorria no passado, mas que estava em andamento.
Não bastasse tudo isso, havia então, uma panorâmica do espaço, e então, a entrada em cena de uma corveta corelliana sendo perseguida pelo abissal destróier estelar imperial.
Tudo, nos primeiros minutos de Star Wars, era icônico.
Inclusive sua história:
O Império Galáctico dominava a tudo e a todos com a mão de ferro de Darth Vader fechada ao redor da garganta da liberdade, enquanto um punhado de idealistas lutava com todas as forças contra o grilhão da opressão na forma da Aliança Rebelde.
A nave de fuga não tinha chance, conforme ouvíamos de C-3PO (Anthony Daniels), um dróide de protocolo versado em mais de seis milhões de idiomas. Eles estavam perdidos, dizia ele a seu colega, o dróide de astronavegação R2-D2 (Kenny Baker. Sim, havia alguém dentro do dróidezinho)
Enquanto Vader (Interpretado por David Prowse e dublado por James Earl Jones) e sua tropa de soldados de elite, os stormtroopers em suas armaduras brancas, varriam a corveta, a princesa Leia Organa (Carrie Fisher, a primeira princesa durona de que sou capaz de me lembrar) escondia na unidade R2-D2 planos obtidos a muito custo, acerca da arma definitiva do Império:
A Estrela da Morte. Uma estação orbital bélica poderosa o suficiente para destruir todo um planeta.
Após descarregar os dados no computador de R2, Leia ordena que os dróides escapem da nave em um módulo de fuga enquanto ela confronta Vader e o Grão-Moff Tarfin (Peter Cushing).
O módulo dos dróides cai no desértico planeta de Tatooine, e não tarda para que os dróides sejam apanhados pelos Jawas, catadores e vendedores de sucata do deserto, e vendidos a Owen Lars (Phil Brown), um fazendeiro de umidade de Tatooine. É o sobrinho de Owen, Luke Skywalker (Mark Hammil), um jovem idealista, ansioso por escapar da vida medíocre em Tatooine e partir para desbravar a galáxia, quem descobre uma mensagem de Leia em R2, endereçada a Obi-Wan Kenobi.
Eventualmente a obstinação de R2 leva a um encontro de Luke com Obi-Wan (Alec Guiness), que lhe conta a respeito da Força, e de seu pai, um Jedi. A estirpe de guerreiros místicos que por mais de mil gerações protegeram a paz e a justiça na galáxia antes dos tempos sombrios do Império.
Luke e Obi-Wan deixam Tatooine junto com o contrabandista Han Solo (Harrison Ford) e seu copiloto Chewbacca (Peter Mayhew), e partem em uma missão para resgatar Leia, e pôr um fim à arma de destruição em massa do Império.
Foi assim, com a história da princesa, do salafrário e do garoto da fazenda, que George Lucas criou um capítulo ímpar da história do cinema.
Olhando em perspectiva, Star Wars é um filme bobo sob certos aspectos. O roteiro é repleto de falhas e clichês, além de resoluções simplistas para diversas questões.
Os personagens, ainda que bem definidos, são simples. Os stormtroopers jamais acertam alguém importante, e questões importantes como a destruição de Alderaan ou a morte de Owen e Beru jamais ganham o peso que poderiam. Guerra nas Estrelas, ou Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança, é bobo como um conto de fadas. É superficial e até cafona.
Mas é uma obra prima muito além do triunfo técnico obtido pela ILM de George Lucas e John Dykstra. Star Wars: Episódio IV - Uma Nova Esperança é o primeiro capítulo de uma saga que criou uma mitologia partilhada por milhões de "Jedi" ao redor do mundo. Star Wars foi um divisor de águas que influenciou praticamente todas as produções que a seguiram. Foi Uma Nova Esperança quem pôs fim à safra cinematográfica setentista de filmes intimistas e crus com cenários urbanos e criou a indústria de blockbusters de efeitos visuais graças à sua mistura de opera espacial folhetinesca com lendas e contos de fadas embrulhados em um visual arrebatador e entregue como um filme de ação.
Olhando em perspectiva, Episódio IV pode parecer (ora, vamos, e é...) o mais fraco dos filmes da trilogia clássica. Ainda assim, cumpriu com louvor seu papel, e estabeleceu as bases para o que estava por vir.
Para o bem, e para o mal.

"A Força é o que dá a um Jedi seu poder. É um campo de energia criado por todas as criaturas vivas. Ela nos cerca e nos penetra. Ela mantém a galáxia unida."

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