Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
Pesquisar este blog
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Resenha Blu-Ray: Sob o Mesmo Céu
A certa altura do escândalo de e-mails da Sony sendo divulgados por um ataque hacker atribuído à Coréia do Norte, algumas palavras duras de Amy Pascal, então presidente do estúdio, vieram a público a respeito, justamente, de Sob o Mesmo Céu.
Entre outras coisas, a produtora dizia que o roteiro e os personagens não faziam nenhum sentido, e que, por mais que ela adorasse o diretor e os atores, o filme não funcionava jamais, em nenhum momento.
Não foi por causa das palavras de Pascal que eu não fui ao cinema assistir Sob o Mesmo Céu. Nesse ano de 2015 eu fui muito pouco ao cinema. Já disse antes que, se em anos anteriores eu cacei filmes pra assistir ao menos uma vez por semana, ás vezes mais, nos últimos doze meses a falta de educação da maioria dos frequentadores de cinemas, aliada ao excesso de filmes sendo exibidos em versão dublada me mantiveram afastado dos cineplexes.
No fim das contas eu não fui assistir Sob o Mesmo Céu apenas por falta de interesse puro e simples.
A premissa, Brian Gilcrest (Bradley Cooper), um ex-militar convertido em construtor para a firma do bilionário do ramo da segurança privada Carson Welch (Bill Murray) volta a seu Havaí natal para vistoriar o lançamento de um satélite, uma parceria entre o exército dos EUA e a empresa de Welch.
Gilcrest, que tem um passado conturbado com Welch (que jamais é explicado de maneira satisfatória), que resultou em ferimentos quase mortais ao ex-milico quando atuava para o ricaço no Afeganistão, pode ser a chave para obter o apoio dos nativos na construção de uma nova base aérea no arquipélago (Por que Gilcrest tem um trânsito tão bom com os nativos, também é um mistério).
Ao chegar ao Havaí de carona com o piloto Woodside (John Krasinski), Brian é apresentado à capitã Ng (Emma Stone), filha de mãe sueca e pai sino-havaiano (é... Tá bom...), a jovem militar surge durinha, distribuindo continências e falatório militar incessante apresentando-se como uma workaholic de carteirinha disposta a tudo para ascender na carreira.
Não fosse o suficiente, a esposa de Woodside é Tracy (Rachel McAdams), ex-namorada de Brian, que escapou dos encantos destrutivos do construtor (francamente, essa é outra coisa nublada no roteiro. Eu ainda não sei qual é o ramo de expertise do personagem...).
Tracy e Woody são um casal feliz, com uma família feliz, que inclui a jovem Grace (Danielle Rose Russel) e o pequeno Mitchell (Jaeden Lieberher, de Santo Vizinho).
Ou talvez eles não sejam tão felizes, já que o retorno de Brian ao Havaí parece desestabilizar um bocado a relação dos dois.
Enquanto se reconecta com Tracy, Brian tenta convencer os líderes locais a darem suas bençãos à construção da nova base militar, lida com a incansável capitã Ng e supervisiona o lançamento do satélite de Welch com o coronel "Dedos" Lacy (Danny McBride) e o general Dixon (Alec Baldwin) na sua cola.
Amy Pascal tinha razão...
Nada faz sentido.
O personagem de Bradley Cooper parece um bom sujeito, então não faz sentido que todos o odeiem tanto, Tracy é adorável demais pra ser real, e suas oscilações com relação à família e Brian são um tanto quanto abruptas (seu casamento com Wodside vai de "Muito feliz" a "problemático" sem aviso), da mesma forma, a personagem de Stone é tão irregular em sua construção, que fica difícil confundi-la com uma pessoa de verdade.
Ela surge como uma mini-exterminadora do futuro, disparando jargão militar, aguentando qualquer esforço físico e qualquer insulto de Gilcrest em nome da carreira, para, sem aviso, mostrar-se espiritualizada, ligada aos mitos havaianos, doce, artística e capaz de enxergar o bem inato no mocinho, e dispôr-se a tudo para ajudá-lo a amadurecer na melhor tradição das Manic Pixie Dream Girls do diretor/roteirista Cameron Crowe.
Há tanta coisa acontecendo de maneira simultânea em Sob o Mesmo Céu que o filme parece uma colcha de retalhos de dois ou três longas inacabados, de modo que não chega a ser surpreendente que nada funcione no filme (exceto a trilha sonora. Há que se tirar o chapéu pra Crowe nesse quesito).
Irregular e sem-sentido, Sob o Mesmo Céu é um violento desperdício de um bom elenco, um fracasso retumbante em todos os termos, e mais uma escorregada na carreira de Cameron Crowe, um diretor estabelecido e de reconhecido talento que, a bem da verdade, tem apenas dois êxitos indiscutíveis em seu cartel.
Se estiver muito curioso, assista de graça no Netflix. Sílvio Santos e eu recomendamos.
"Você vendeu sua alma tantas vezes que mais ninguém está comprando."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário