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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
Resenha Série: O Justiceiro, temporada 2, episódio 10: The Dark Hearts of Men
Atenção! Spoilers do episódio abaixo.
Provavelmente o grande escorregão da segunda temporada de O Justiceiro, The Dark Hearts of Men tem tantos problemas de ritmo que eles ofuscam suas qualidades e boas intenções.
Após salvar Amy dela mesma, Frank e Curtis descobriram o paradeiro de Billy, o armazém em Queens onde o Retalho e seus rapazes relaxam após suas operações escusas.
Sabendo dos hábitos da gangue, os dois ex-fuzileiros planejam uma tocaia para invadir o "Valhalla" quando os veteranos estiverem bêbados demais pra reagir, tocar o terror em todo mundo e eliminar Billy de uma vez por todas.
É um plano simples o suficiente, mas, para fazê-lo encher os quarenta e sete minutos do episódio, os roteiristas resolveram intercalar a operação de Curt e Frank com uma longa conversa entre Krista e Madani.
Uma looooooooooooooooooooooonga conversa que se presta apenas à função de exposição, e, pior, exposição de coisas que todos nós já sabemos. Ou à essa altura do campeonato alguém tinha alguma dúvida de que o caso da doutora Dumont com Billy iria colocá-la em oposição aos mocinhos? Ou alguém ainda não tinha se dado conta de que a série deixa muito claro que Frank e Billy são muito mais semelhantes do que gostariam de admitir? Porque, basicamente, é disso que se trata o longo diálogo entre as duas. Pra piorar, o texto da psiquiatra é tão pobremente escrito que eu estava esperando que a qualquer momento ela começasse a torcer os bigodes ou colocasse o dedo mínimo junto ao lábio.
Além disso, o episódio ocorre em duas linhas cronológicas distintas, com o segmento de Frank e Curtis ocorrendo vinte e quatro horas depois do de Madani e Krista, um floreio absolutamente inútil e com a maior cara de filler, embalando um plot twist que não surpreende ninguém e que é, francamente, meio desonesto para com o que vinhamos vendo de Frank nessa temporada e na anterior.
O estratagema orquestrado por Billy e Krista, de fazer com que Frank pense ter matado três prostitutas inocentes tentando pegar Billy é risível. O Frank Castle de Jon Bernthal pode não ser a máquina assassina dos quadrinhos, mas ele é um ex-fuzileiro naval com horas e horas de combate em seu cartel, um vigilante calejado e um homem que já se aceitou como "o cara que mata".
É por causa de coisas como essa que fica difícil acreditar que Frank entraria em parafuso por ter matado acidentalmente três inocentes.
O esperado seria que ele as considerasse dano colateral e as colocasse na conta de Russo e seguisse com sua caçada, e não que tivesse um colapso nervoso...
Seja como for, o filler foi lançado, e os eventos de The Dark Hearts of Men certamente levarão a algum tipo de período de Frank na prisão ou algo que o valha por um par de episódios deixando claro que o formato com dez capítulos deveria ser a regra da Marvel/Netflix (exceto pra segunda temporada de Demolidor, que dividida em duas tramas justificou perfeitamente seu número de episódios).
O ponto alto do episódio foi que pudemos ver o que nos havia sido sonegado em Flustercluck, e o arranca-rabo entre Pilgrim e seus ex-amigos neo-nazistas.
A sequência de luta é excelente, de uma brutalidade visceral, e carregada de um indigesto cardápio de golpes baixos, facadas, garrafadas e murros com soco-inglês deixando bem claro que o camarada com pinta de pastor não é alguém com quem tu deva mexer na rua.
Infelizmente, Pilgrim também é vítima do roteiro, e após sua apoteótica cena de ação e a dolorosa sequência onde ele tenta se remendar é seguida por um momento de retomada de velhos hábitos que é simplesmente abrupta demais pra ser comprada, servindo, muito mais, como outra exposição do roteiro, para traçar o paralelo entre John e Frank.
É uma pena que O Justiceiro tenha escorregado tão feio na sua reta final. O negócio é torcer para que os escritores reencontrem o caminho nos três episódios restantes e garantam que o Justiceiro tenha um final honroso.
"-Desculpe perguntar, mas como Castle é diferente de Billy? Se não somos julgados por nossas ações, como somos julgados?"
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