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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Resenha Série: O Justiceiro, temporada 2, episódio 8: My Brother's Keeper


Atenção, spoilers leves abaixo:
A despeito do abrupto final de One Bad Day, que acabou exatamente quando a pancadaria estava começando, My Brother's Keeper ao menos retoma exatamente de onde a coisa toda havia parado no capítulo anterior terminara, com Billy e Frank finalmente se reencontrando após os eventos do Carrossel, com Russo finalmente entendendo que todos os suplícios de seu passado recente são obra de Castle, porém, ainda sem nenhuma lembrança de ter tomado parte nos assassinatos de Maria e as crianças.
A ação escala rápido, deixando claro que Frank não planejou sua ação tão bem quanto Russo e seus rapazes, e quando a polícia de Nova York se envolve, a lambança é total e irreversível, com Frank na mira do detetive Mahoney, que chega bem perto de prender o Justiceiro de novo, o que teria acontecido sem o auxílio de Curtis.
Aliás, pobre Curtis.
Em poucos episódios ele já perdeu a namorada, se viu na mira de uma arma e agora ainda se tornou cúmplice de um criminoso procurado. Ao menos ele teve chance de entrar na ação...
E enquanto Billy tenta entender porque o seu melhor amigo o desfigurou e quase matou, Frank precisa fazer as pazes com o fato de que Billy realmente não faz nenhuma ideia de que tomou parte na morte de sua esposa e filhos, e cada um faz isso à sua maneira.
Russo volta para a casa da doutora Dumont e extravasa seus demônios enquanto Frank, decidindo-se a matar Billy na próxima oportunidade, começa uma caçada humana que o leva a expôr seu pior lado.
É legal ver que o produtor Steve Lightfoot e os roteiristas da série não têm pudores em mostrar o Justiceiro como um homem perturbado, ás vezes, nas raias da vilania. Em um mundo que, ao menos teoricamente, é habitado por heróis como o Demolidor, o Homem-Aranha, o Capitão América, não faria sentido glorificar alguém que é, em suma, um assassino matando criminosos. Frank não pode ser mostrado como alguém excessivamente nobre ou heroico, algo que chegou a acontecer nos primeiros episódios da temporada, e nem deve se tornar tão desprezível para a audiência quanto os bandidos que executa, é um equilíbrio difícil de encontrar, mas Lightfoot e companhia conseguem fazer isso.
Nesse episódio tivemos o pior de Frank, fosse com a forma como ele espanca viciosamente Jake, fosse com sua violenta reprimenda a Amy por "atacá-lo" ao chegar no esconderijo, mas também vimos seu lado mais humano e frágil, seja na maneira como ele não conseguiu atirar em Billy ao se dar conta da amnésia de seu ex-irmão-de-armas, fosse na maneira como ele cambaleia até os túmulos de sua esposa e filhos no final do episódio.
Falando em humano e frágil, Ben Barnes segue roubando o show com sua interpretação do Retalho.
A ideia de que ele não consegue compreender por que Frank fez o que fez com ele oferece uma dimensão totalmente nova à dinâmica dos personagens, e ainda que Billy tenha tido, nesse episódio, alguns de seus momentos mais frios e desequilibrados na temporada, e quiçá na série, ele segue sendo, sob diversos aspectos, um personagem com o qual podemos simpatizar mesmo quando chega mais perto de abraçar a psicopatia de sua contraparte dos gibis.
O ponto baixo da série (além de Madani) segue sendo a completa falta de profundidade dos personagens novos. Os breves vislumbres que tivemos do passado de Amy de pouco serviram, não fosse a sugestão de uma relação pai/filha entre ela e Frank, e a personagem continuaria sendo pouco mais que um acessório da trama. A mesma coisa vale para John Pilgrim, que é solenemente ignorado nesse episódio, e até aqui recebeu, também algumas breves sugestões de suas motivações e foi isso, ou os Schultz, que mal aparecem, ainda que sejam os catalisadores dos eventos que começaram a trama da série. A eles junta-se a doutora Dumont. A personagem começou parecendo uma víbora manipuladora com intenções pérfidas, o que seria um clichê, mas logo tornou-se a médica traumatizada que se vê no paciente por quem se apaixona (o que é um clichê ainda maior), e no momento ela é a personagem de Schrödinger, pois pode ser tanto uma coisa quanto a outra, mas a verdade é que como ela não foi bem desenvolvida, ninguém liga.
Com tanto desserviço aos novos personagens e um Billy Russo eventualmente chegando a ser mais interessante que o protagonista, fica a dúvida se realmente precisávamos dos Schultz na temporada, vejamos como os cinco episódios restantes nos responderão esse questionamento.

"-Ás vezes, alguém como Castle é o mais perto da justiça que chegamos."

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