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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Resenha Série: O Justiceiro, temporada 2, episódio 5: One Eyed Jack


O Justiceiro voltou pra Nova York, ok, mas a verdade é que, no que tange ao episódio anterior, Frank Castle parecia bem mais interessado em ficar na surdina no apartamento da Madani do que em propriamente caçar Billy Russo.
É compreensível.
Após descobrir que Billy está sofrendo de amnésia e não tem qualquer memória dos eventos da primeira temporada, Frank se sente seguro o bastante para centrar suas atenções nos problemas de Amy, a quem o episódio parece tentar dar um pouco mais de profundidade. Já não era sem tempo, diga-se de passagem. A personagem ainda parece, vez que outra, uma tremenda pentelha, mas algumas cenas de episódios recentes, como a empatia que ela nutriu pelo delegado Ogden, o medo que a fez se esconder embaixo da cama para dormir e a cena que abre o episódio, com ela fazendo truques de cartas com Frank ajudam a personagem a ganhar um pouco da simpatia da audiência (ao menos a minha...), e se nada disso funcionasse, ao menos a nova dinâmica entre Frank e Amy dá alguma leveza a uma série que, na ausência do Micro de Ebon Moss-Bachrach, havia abandonado qualquer resquício de humor.
Outro personagem que ganha, novamente, um vislumbre mais aprofundado é John Pilgrim.
O matador recebe mais uma dose de drama familiar com sua esposa moribunda, de manipulação do casal Schultz e até uma breve sessão de auto-flagelação (ele aparentemente não gostava mesmo daquelas tatuagens...) deixando claro que apesar de seu conjunto de habilidades muito particular, Pilgrim realmente tenta expiar um passado sombrio, mas está na mãos de Anderson e Eliza Schultz.
O casal, por sinal, precisa urgentemente de um pouco de contexto.
Apesar de serem uma das espinhas dorsais da narrativa, essa estranha criatura com duas espinhas dorsais, os Schultz continuam não tendo qualquer tipo de dimensão ou motivação. Nós sequer sabemos o que eles fazem. Tudo o que é sugerido é que eles são um tipo de congregação religiosa, mas não sabemos se eles estão mais pra uma versão evangélica de L. Ron Hubbard ou pra Jim Jones, e, ainda que todos nós possamos experimentar uma saudável dose de aversão pelas práticas habituais de evangelistas de qualquer espécie é difícil comprar aquele casal de velhos como os grandes vilões da trama sem ao menos sabermos o que é que eles fazem de tão ruim além de disseminar superstição e obscurantismo e mandar matar gente.
Falando em gente que devia morrer, Madani apareceu invadindo o grupo de apoio de Curtis, e, por mais que eu continue odiando essa personagem, palmas para Amber Rose-Reva, que entrega sua melhor cena em dezoito episódios com seu discurso durante a sessão dos ex-soldados. A cena em questão, além de dar à atriz algo pra fazer além de parecer confusa e irritada como um Mark Walhberg de saias também mostrou como a personagem mudou da primeira temporada pra cá. Madani está sendo movida unicamente por seus traumas e desejo de vingança, exatamente como Frank estava quando o conhecemos em Demolidor. O mais curioso é que à essa altura, Frank já seguiu seu caminho além desse momento, e parece estar agindo como age por tédio e vocação, e eu devo dizer que, enquanto alguém que jamais gostou particularmente do Justiceiro nos quadrinhos, essa é uma versão de Frank Castle que, pra mim, é muito mais interessante do que o sociopata eternamente vingativo dos gibis.
Falando em sociopatas, é difícil dizer pra onde Billy Russo vai em termos de história de onde ele está, bebendo com outro soldado em um bar... Mas eu devo dizer que Ben Barnes faz um baita trabalho em sua interpretação do vilão, tornando-o tão humano que é difícil não sentir uma ponta de paz ao vê-lo sossegado socializando em um boteco ao invés de sofrendo os efeitos do estresse pós-traumático da merecida surra que ele levou de Frank no final da última temporada.
Seja como for, a temporada não chegou nem à metade, e não é nem um pouco prematuro afirmar que os novos contatos de Billy não vão levar a nada de bom.
Fechando o capítulo, Frank decide investigar os contatos de Amy, e, entra em cena o Turk Barrett de Rob Morgan, o fio que une esse universo moribundo (Turk definitivamente deveria ter aparecido comprando armas do Abutre em Volta ao Lar...). Sendo usado como peão por Frank, Turk acaba se tornando o catalisador de mais uma excelente sequência de ação, com Frank enfrentando uma patota de fisiculturistas russos numa épica luta em uma academia de musculação. De novo, não há nada em O Justiceiro que chegue perto do garbo das cenas de luta de Demolidor, mas a crueza das pancadarias que envolvem Frank Castle limpa o chão com quase tudo mais que existe na TV em termos de adaptações de quadrinhos e séries de ação em geral.
Apesar de ter dado uma tropeçada em termos de ritmo ali pela metade, One Eyed Jack terminou bem graças a esse desfecho. Vamos torcer para que, nos episódios vindouros, as tentativas de aprofundar os novos personagens sejam mantidas e o ritmo recuperado.

"-Quem pagou pelas fotos?
-Se eu disser eles me matam.
-Imagina o que eu vou fazer contigo..."

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