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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019
Resenha Série: O Justiceiro, temporada 2, episódio 6: Nakazat
Nakazat (palavra em russo para "punição") é um episódio de meio de temporada autêntico para O Justiceiro enquanto série.
O capítulo centra fogo na batalha de Frank e Amy para lançar alguma luz nos motivos que os Schultz têm para querer eliminar a guria, deixando Madani, Billy Russo e os demais personagens meio que no banco de trás.
Mais do que mostrar à audiência os motivos pelos quais os evangelistas inescrupulosos querem a cabeça cheia de cabelo de Amy numa bandeja, algo que os roteiristas certamente não tiveram pressa em explicar, Nakazat serviu para colocar Frank Castle sob o holofote de novo, e para explorar um pouco do protagonista além de sua capacidade de causar dano, desde o começo do episódio, que abre com uma sequência emblemática para o nosso anti-herói.
Veja... Frank Castle vinha conseguindo se manter à tona da persona homicida do Justiceiro há um bom tempo. Sim, Frank ainda era um sujeito com habilidades assassinas acima da média e um problema sério para controlar seu ódio, porém, ele parecia pronto para deixar o colete com a caveira para trás, e levar uma vida normal mesmo que fosse um dia de cada vez conforme parecia ser o caso lá em Roadhouse Blues quando ele desistiu de seguir viagem para ficar mais um dia com Beth e Rex.
E sim, Frank tem uma formidável contagem de corpos desde o começo da temporada, entretanto é necessário lembrar que, por mais que ele tem se enfiado por livre e espontânea vontade nese bolo, todo mundo que morreu, estava tentando matar Frank, ou Amy (ou ambos...), o que constitui legítima defesa.
A questão é que, conforme Frank se aprofunda em sua investigação para ajudar Amy e é gradualmente mais exposto ao que a sociedade tem de pior, o ex-fuzileiro paulatinamente expõe o que ele próprio tem de pior.
A cena que começa com um tom quase cômico, explorando a nova e melhorada química entre Jon Bernthal e Giorgia Whigham, com Frank e Amy alugando o laboratório fotográfico de um homem obviamente habituado à exploração sexual de menores, não tarda a fazer uma curva acentuada para a escuridão conforme o Justiceiro cede a seus impulsos e, após espancar o sujeito, está prestes a matá-lo.
Esse é o Justiceiro dos quadrinhos em sua forma mais pura. Um homem que o trauma transformou em um psicopata e por quem é difícil torcer mesmo que nós tenhamos algum prazer em ver um bandido ser exemplarmente punido. O Justiceiro de Jon Bernthal vinha sendo uma versão muito mais empática do personagem, alguém com quem a audiência era capaz de se relacionar mesmo com os eventuais arroubos de fúria. Esse Justiceiro mais domesticado vai dando mais e mais sinais de vida tanto na forma como ele sistematicamente poupa a vida de bandidos nos mais variados graus de escória quanto na relação paternal que ele começa a formar com Amy.
Eu ainda acho que a personagem é uma substituição pobre para o Micro de Ebon Mlss-Bachrach, entretanto nesse episódio, Amy tem alguns de seus melhores momentos ao despertar o melhor de Castle, seus instintos paternais, e colocá-los em clara oposição ao vigilante assassino.
Enquanto Frank e Amy fazia sua investigação e se conectavam, Billy Russo recria a os laços de irmandade dos tempos dos fuzileiros navais na forma de uma gangue. Ben Barnes continua sendo um dos pontos altos de O Justiceiro nessa segunda temporada, e ele tem cumprido um arco de personagem particularmente interessante com sua jornada de redescoberta.
Madani segue sendo muito chata em sua (justificável) dificuldade para lidar com os traumas do passado e Curtis meio que é a melhor pessoa na série até aqui (junto com Mahoney).
Em sua metade, a segunda temporada de o Justiceiro finalmente nos mostrou as motivações dos vilões de maneira meio morna e que foi facilmente eclipsada tanto pelo desenvolvimento da relação de Frank e Amy, quanto da jornada de Billy Russo, John Pilgrim foi solenemente subutilizado, me levando a pensar se O Justiceiro não poderia ter se valido do expediente de arcos separados nesse segundo ano a exemplo de Demolidor, ainda assim, o programa solo de Frank Castle segue acima da média das adaptações de quadrinhos para a TV.
"-Pode me chamar de antiquado. Eu não trabalho com russos..."
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