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quinta-feira, 31 de janeiro de 2019
Ciência
-Meu amor por ti - Ele disse, sem hesitar, ostentando a galhardia dos grandes bardos -É tipo a força do Hulk. Não tem limite.
Uma mulher comum teria achado risível, no mau sentido. Uma mulher comum poderia até sentir-se ofendida.
Mas ela não era uma mulher comum. Ela era especial. Ela é A Guria. Assim, com tudo no maiúsculo, e entre todo os predicados que a tornavam A Guria, estava uma conexão tão ímpar que chegava a ser risível, no bom sentido, tamanha a afinidade que partilhavam.
E ela riu, não de desconforto ou por ter tomado a declaração como se fora galhofa.
Não.
Riu um riso gostoso de quem entende e sabe quantificar.
Uma risada que iluminava o rosto delicado dela e iluminava as noites dele.
-Eu te amo, tonto. - Disse, na esteira da risada.
"Tonto", ele pensou. Usado como usavam os dubladores do Chaves.
Ninguém usava "tonto" como ela usava.
Ninguém jamais o chamara de tonto.
Ele não sabia que reação teria se fosse chamado assim por outrem, mas por ela... Por ela aquecia-lhe o peito. Fazia-o desejar abraçá-la. Beijá-la. Tê-la no colo para mimar e acalentar e dizer eu te amo por vezes sem conta...
Porque era verdade o que dissera.
O amor que sentia por ela era como a força do Hulk. Era como o universo. Era como a misericórdia e a ira do Deus cristão (vá entender...). Absolutamente infinito. Toda a vez que ele supunha ter encontrado um limite, ela o surpreendia com alguma coisa que o fazia rever seus conceitos. O que ele sentia por ela não era estático como uma escritura imutável e entalhado na pedra, era dinâmico feito ciência... Era livro didático, sempre prestes a ser revisto e ampliado.
Pensou em dizer isso. Chegou a tomar fôlego, mas deteve-se.
Não por ter percebido de antemão a pieguice da própria declaração, ou por ter dado-se conta de quão simplório era o símile, mas por ter dado-se conta que o limite geográfico estava ali. Entre os dois.
A distância que não podiam vencer.
Ainda.
Furtou-se de fazer sua declaração, mas não desistiu dela. A diria em outra ocasião.
Quando a tivesse nos braços, e pudesse dar seguimento à ela com uma demonstração.
Como pede o empirismo científico.
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