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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Resenha Série: O Justiceiro, temporada 2, episódio 1: Roadhouse Blues


É difícil pra mim, enquanto fã de quadrinhos e de boas adaptações de quadrinhos não dar uma brochada com o fim do MCU da Netflix. Não que todas as séries fossem um primor, longe disso. Se analisarmos friamente (despidos de quaisquer arroubos ideológicos), as únicas séries realmente excelentes da iniciativa foram Demolidor e Justiceiro. Luke Cage teve uma boa primeira temporada e deu uma escorregada na segunda, Jessica Jones fez o caminho inverso, primeira temporada muito aborrecida, eventualmente salva por Kilgrave, e segunda temporada boa, mesmo caminho seguido por Punho de Ferro, e a união dos heróis em Os Defensores foi um tanto quanto decepcionante, apesar de alguns bons momentos.
Seja como for, quem assiste a segunda temporada de Justiceiro sabe que, quase certamente, está vendo a última temporada do programa, assim como quem for corajoso o suficiente para ver a terceira temporada de Jessica Jones, agendada para Março, terá a mesma certeza.
Esse universo compartilhado acabou e nós estamos perdendo, no mínimo, duas séries excepcionais.
Talvez por essa tristeza da morte anunciada eu tenha demorado tanto para começar a ver a segunda temporada de Justiceiro, que está disponível na Netflix desde 18 de janeiro e eu só me cocei pra começar a ver no último sábado.
A segunda temporada começa com um Justiceiro que os fãs de quadrinhos jamais viram:
Um Justiceiro que encontrou um final feliz.
A encarnação adaptada da Netflix de Frank Castle não moveu uma guerra pessoal contra todo e qualquer crime. Ele sabia quem eram seus alvos e por mais extensa que fosse sua missão, ela terminou com os objetivos cumpridos. Os militares que mataram Maria e as crianças foram devidamente punidos, e Frank Castle acabou a primeira temporada claramente estendendo as mãos para obter seu quinhão de paz após o fim de sua guerra de um homem só.
Quando o reencontramos nesse episódio, Frank (o excelente Jon Bernthal) está evando uma vida tão normal quanto possível. Ele é um andarilho que deixou Nova York para trás e viaja pelas cidades pequenas dos EUA vivendo um dia de cada vez.
Ouvindo uma banda country em um bar de beira de estrada, Frank encontra um par romântico, a mãe solteira Beth (a bonitona Alexa Davalos) e nos mostra que Frank Castle é mais do que rosnados, gritos e punição, com uma bela coleção de cenas que mostram um lado mais gentil e empático do carrasco com a caveira no peito.
Mas Roadhouse Blues não é apenas um passeio pela faceta mais amigável de Frank. A despeito de dois atos bastante deliberados em seu andamento, aproveitando todo o tempo do mundo para nos mostrar quem Frank pode ser, não tarda para que o caminho do ex-fuzileiro se cruze com o de Amy (Giorgia Whingham), uma menina que se envolveu com os tipos errados e se torna alvo de uma tentativa de assassinato.
Se Frank Castle precisava de uma desculpa para deixar o Justiceiro voltar à cena, ele consegue.
E, por mais que não haja em Justiceiro (pra ser franco, em nenhuma outra série...) nada que se perfile ao espetáculo de combates mano a mano de Demolidor, é impossível negar que as sequências de pancadaria em curtíssima distância dentro do banheiro do bar são empolgantes como poucas coisas na primeira temporada haviam sido, e ajudam a equilibrar as coisas com o início arrastado.
Entrementes ainda houve espaço para revermos Billy Russo (Ben Barnes) e Dinah Madani (Amber Rose Revah), e se eu entendo perfeitamente que o Retalho precisasse retornar, eu não consigo entender a volta da agente do FBI. A personagem foi a parte abaloada da narrativa da série na primeira temporada, se a primeira temporada de Justiceiro tivesse sido exatamente igual, mas sem Madani, a série provavelmente teria sido um pouco mais curta e muito melhor. Resta torcer para que ela tenha uma função nesse segundo ano, nem que seja ser assassinada ali pelo sétimo episódio.
Não há necessidade de apontar que o primeiro episódio da segunda temporada de Justiceiro teve um ritmo lento. Esse, afinal, parece ser o padrão das séries Marvel/Netflix, e já vimos isso dar muito errado (Punho de Ferro... Jessica Jones...), mas também vimos dar muito certo (Demolidor, Justiceiro...), vamos esperar para ver o desenrolar dos próximos episódios. Como amostragem Justiceiro parece manter o bom nível do primeiro ano.

"-Vai haver mais deles?
-Espero que sim."

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