Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
Pesquisar este blog
quinta-feira, 31 de janeiro de 2019
Resenha Série: O Justiceiro, temporada 2, episódio 4: Scar Tissue
No primeiro episódio sem uma grande cena de ação dessa segunda temporada, O Justiceiro empurrou seu protagonista pro banco do carona conforme Frank e "Rachel" chegaram a Nova York para se abrigar no apartamento de Madani, e centrar sua atenção no antagonista:
Billy Russo ganhou a ribalta ao longo de toda a duração de Scar Tissue e, deixe-me tirar logo isso do caminho, há muito pouco tecido cicatricial no personagem se considerarmos tanto o visual de Retalho nos quadrinhos quanto o de Dominic West no papel na adaptação de 2008. Chega a ser risível quando as pessoas reagem a Billy se ele fosse uma aberração ou dizem que ele "não é mais tão bonito".
Mano... Ainda é a cara do príncipe Dastan, só com umas cicatrizes espalhadas aqui e ali. Há mulheres que provavelmente o achariam mais bonito com as cicatrizes... Mas enfim, não vem ao caso.
Fica claro que o rosto desfigurado é menos importante para essa versão do personagem do que uma psique fragmentada. Desde a primeira temporada nós sabíamos que Billy era um sobrevivente, um sujeito que comeu o pão que o diabo amassou em uma infância desgraçada marcada pelo abandono e parcialmente passada num orfanato onde precisou aprender a se defender de abusos por ser um menino bonito, até finalmente se unir aos fuzileiros e encontrar propósito e irmandade.
Billy não é um mafioso histriônico com uma cara medonha, mas uma pessoa com um passado conturbado o suficiente para garantir que nós sejamos capazes de simpatizar com ele à revelia das coisas horríveis que ele tenha cometido e porventura volte a cometer.
Palmas para o showrunner Steve Lightfoot e a equipe de roteiristas que resolveram manter essa abordagem mais ambígua para Billy, e para Ben Barnes que come suas cenas com gosto retratando Billy como se fosse uma fera acuada, tão digno de pena quanto de temor, um retrato que coloca Frank e Madani em posições muito delicadas.
Madani por estar completamente errada (novidade...) em sua visão de Russo, a quem considera um sociopata frio e calculista fingindo uma doença apenas esperando o momento de atacar quando todas as evidências às quais nós, da audiência, temos acesso mostram que não é o caso; Frank por ter, em sua ânsia de punir Russo por suas transgressões, tornado-o alheio a elas. Mais do que isso, Frank armou uma bomba relógio em potencial, já que Billy pode recuperar a memória e começar a se vingar de todos aqueles que cruzaram seu caminho no passado conforme Curtis (Jason R. Moore, retornando) assinala em um lembrete ao Justiceiro de que não é saudável tomar meias medidas.
Em meio a todos os desdobramentos da fuga de Billy do hospital, ainda houve tempo para termos mais de uma interação do sargento Mahoney com Madani, deixando bem claro que ela não podia mais estar na rua, seja porque seus instintos são todos errados, seja porque ela simplesmente é uma agente da lei incompetente, Billy revisitando partes sombrias de seu passado, e, finalmente, "Rachel" tirando um dos pés da posição de segunda personagem mais irritante da série.
A cena onde a pentelha se esconde embaixo da cama para dormir foi uma bem-vinda demonstração de fragilidade. Além disso, tivemos um vislumbre do momento em que seu passado se cruzou com o de John Pilgrim pela primeira vez, e descobrimos que o nome dela é Amy, afinal de contas.
Claro, isso ainda é pouco para justificar a presença da personagem na série. Até o momento ela é pouco mais que um recurso narrativo, uma razão para Frank voltar a se embrenhar no mundo do vigilantismo, vamos ver como isso se paga quando o culto de John Pilgrim voltar à linha de frente.
Scar Tissue só não é um episódio melhor por conta da falta de uma boa sequência de ação como as que tivemos nos capítulos anteriores, mas o desenvolvimento dos personagens ajudou a manter as coisas equilibradas.
À essa altura do campeonato nós podemos ver que as coisas parecem estabelecidas para garantir que a tensão entre Frank e Billy vá aumentando paulatinamente enquanto o Justiceiro precisa lidar com os perseguidores de Amy, se mantiver a boa média de seus episódios e conseguir fazer por Amy e John Pilgrim metade do que fez com Billy, a temporada tem tudo para manter a posição de destaque de Justiceiro nesse universo.
"Ás vezes, garota, você tem que lutar."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário