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sexta-feira, 31 de maio de 2019
Resenha Cinema: Godzilla II: Rei dos Monstros
Em 2014 a Warner e a Legendary pictures se uniram para uma nova tentativa de transformar Godzilla, o pai de todos os daikaiju em um produto global maior do que os filmes da Toho Company com sujeitos vestindo trajes de borracha enquanto andavam por maquetes (e que provavelmente ainda eram melhores do que o desastre da primeira tentativa, em 1998, quando Roland Emmerich cometeu o Godzilla da Sony).
O Godzilla de cinco anos atrás foi um grande sucesso de público e crítica. Bom o suficiente para animar Warner e Legendary a começar seu próprio "monstroverso", um universo compartilhado (claro) de monstros gigantes que, além de Godzilla contaria, também, com King Kong, não em sua tradicional versão de treze metros de altura, mas a versão anabolizada do medíocre Kong - A Ilha da Caveira, de 2017 e outros bólidos abissais chamados de "Titãs" na realidade dos filmes.
Eu provavelmente sou o único fã de monstros gigantes que não gostou tanto assim do longa de 2014. Um filme que se vendeu como Bryan Cranston x Godzilla e se apresentou como Aaron Taylor-Johnson correndo e vendo a silhueta de Godzilla em meio à fumaça...
O monstro gigante preferido de todo mundo aparecia como queríamos vê-lo, com uma maneiríssima releitura digital do visual tradicional de um "tiranostegossauro" gordão com cara de pantera lá nos minutos finais do filme, que eram a parte que realmente valia o ingresso e fazia a gente pensar que o filme até era bacana.
Pra piorar, o Godzilla de Gareth Edwards (diretor do único Star Wars bom, mesmo, da Disney) não era uma vingança da natureza. Não era Deus feito lagarto gigante para punir o homem por seus pecados atômicos, mas um super predador pré-pré-histórico se alimentando de radiação que despertara após um acidente nuclear no Japão.
Não era, nem de longe, minha versão favorita da mitologia do monstro, e certamente não me levaria ao cinema para ver uma sequência, especialmente após Kong: A Ilha da Caveira ter me arrancado bocejos em DVD.
Não...
O que me vendeu essa sequência foram os dois trailers do filme, duas aulas de como é que se vende um longa metragem e provavelmente os melhores trailers a chegar aos cinemas esse ano (sério, se duvida procure pela primeira e segunda prévias do filme na web e me diga se não são empolgantes).
Isso e, claro, o fato de eu ser, desde a minha tenra infância, um fã declarado de Godzilla.
Hoje, após a academia, corri em casa pra tomar banho e chegar a tempo da única sessão legendada de Godzilla 2 na sala mais perto da minha casa e conferir se aqueles trailers fabulosos ao som de Claire de Lune e Somewhere Over the Rainbow eram apenas propaganda enganosa.
No longa descobrimos que a companhia Monarch (estabelecida em Kong) vem monitorando os Titãs há décadas.
Após o ataque dos MUTO em São Francisco e Las Vegas, o governo dos EUA debate se devem encampar a Monarch e usar o conhecimento da empresa para localizar e matar Godzilla antes que ele retorne para possivelmente destruir a humanidade. Obviamente o doutor Serizawa (Ken Watanabe), maior fã vivo de Godzilla no mundo, é contra a ideia. Para Serizawa, titãs como Godzilla são os responsáveis pelo equilíbrio ecológico do mundo, e seu despertar foi um evento causado pelos atos do Homem que, agora, deve aprender a coexistir com as criaturas, entretanto, a posição do cientista não é a mais popular entre os governos do mundo.
Serizawa, Vivienne Graham (uma subaproveitada Sally Hawkins) e Sam Coleman (Thomas Middleditch) lutam em audiências do congresso dos EUA para explicar sua posição ao governo enquanto a doutora Emma Russell (Vera Farmiga) trabalha para a Monarch em uma tecnologia chamada ORCA, uma forma de comunicação com os Titãs.
Emma e sua família viveram uma tragédia quando seu filho mais novo morreu durante os embates entre Godzilla e os Muto cinco anos atrás, ela se afastou de seu marido Mark (Kyle Chandler), e ela agora vive com sua filha Madison (Millie Bobby Brown) viajando pelo mundo com a Monarch catalogando as formas de comunicação das criaturas que a empresa de criptozoologia encontra e cataloga, na esperança de provar ao mundo que a coexistência é possível.
Mas quando o eco-terrorista Jonah Alan (Charles Dance) surge e sequestra Emma e Madison, de posse de conhecimento, não apenas da ORCA, mas também da localização de vários dos Titãs descobertos pela Monarch, incluindo a mariposa gigante Mothra, o réptil de fogo voador Rodan, e a hidra de três cabeças Rei Ghidorah, conhecida como Monstro Zero pela sua posição zênite na pirâmide das criaturas, os membros remanescentes da Monarch precisam correr contra o tempo para tentar impedir que o frágil equilíbrio entre a humanidade e essa raça de predecessores gargantuanos seja destruído, e seu único aliado é o solitário predador alfa capaz de rivalizar com Ghidorah: Godzilla.
Godzilla II: Rei dos Monstros é um filme muito ais satisfatório do que seu predecessora de cinco anos atrás. Enquanto o filme de Gareth Edwards nos fez suportar duas horas e três minutos de esconde-esconde com um monstro gigante que todo mundo conhece a sequência co-escrita e dirigida por Michael Dougherty nos dá logo o que pagamos o ingresso pra ver: Monstros gigantes de digladiando.
A verdade nua e crua é que ninguém compra ingressos para um filme desses interessado nos humanos em cena. Por melhores e mais carismáticos que sejam os atores em cena, eles são coadjuvantes não importa o quanto os responsáveis pelo script tentem vendê-los. A estrela do longa é seu personagem-título. Nós fomos ver Godzilla, e nesse sentido o filme faz o favor de não economizar no nosso herói reptiliano.
Desde o início do filme podemos ver o lagarto atômico em toda a sua glória, e não apenas ele, mas também Ghidorah, Mothra, Rodan e várias outras criaturas em papéis menores. Os efeitos visuais são ótimos, e as cenas de luta entre as criaturas são divertidíssimas. Há poucas coisas mais satisfatórias do que ver Godzilla disparando rajadas de chamas atômicas em outros monstros gigantes, e o longa não falha em nos oferecer isso de novo e de novo.
Nem tudo são flores, entretanto, o elenco humano, ainda que repleto de bons nomes, é mal utilizado em diversos momentos. O personagem de Kyle Chandler é excessivamente sério e por alguma razão sempre sabe mais que todos os militares e cientistas em cena, Millie Bobby Brown basicamente só chora e o arco de Vera Farmiga é confuso pra dizer o mínimo. Há ainda o já mencionado subaproveitamento de atores excelentes como Charles Dance, Sally Hawkins, Ziyi Zhang e David Strathairn, em cena basicamente para vomitar exposição (embora outros coadjuvantes, como Aisha Hinds, O'Shea Jackson Jr. e especialmente Robert Whitford também ganhem a chance de disparar várias frases de efeito divertidas), e a trama construída por Dougherty, Zach Shields e Max Borenstein parece confusa tentando ser complexa.
Isso não chega a ser uma desgraça exatamente porque o longa capricha nas suas sequências de ação. As duas lutas entre Godzilla e Ghidorah são excelentes, e a sequência onde Rodan persegue a ARGOS, nave de controle da Monarch, sobre o Oceano Atlântico é particularmente inspirada.
Eu francamente não sei o quanto estou investido nesse monstroverso da Warner (Há, inclusive uma cena pós-créditos), mas posso afirmar com toda a certeza que Godzilla II: Rei dos Monstros é um filmão pipoca dos mais divertidos, feito pra ver em tela grande, que faz justiça ao seu protagonista de fato e de direito e que certamente vale a ida ao cinema.
"Esse mundo pertence ao Godzilla, nós apenas vivemos nele."
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