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quarta-feira, 19 de junho de 2019

Resenha Série: Jessica Jones, Temporada 3, Episódio 2: You're Welcome


Após o primeiro episódio da nova temporada de Jessica Jones ter terminado com um brutal atentado à investigadora, o segundo capítulo voltou no tempo até o final do último season finale, no momento em que Trish descobriu que a experiência de Karl havia funcionado e ela desenvolvera algum tipo de aprimoramento.
Dirigido por Krysten Ritter, praticamente todo o episódio ocorre em flashback, nos mostrando o que a ex Patsy andou fazendo de sua vida.
Basicamente, assim que descobriu suas novas habilidades, Trish se pôs a treinar incansavelmente testando a extensão das mudanças que a cirurgia do doutor Malus lhe causaram. Ela vai para o parque e salta, corre, pula, escala e faz piruetas com crescente habilidade cada vez mais segura e feliz da vida com a extensão de seus novos poderes.
Após chegar ao que considera o ideal em termos de habilidades físicas, Trish começa a monitorar a frequência da polícia pronta para agir. Inicialmente chegando sempre atrasada às ocorrências que lhe interessam, ela eventualmente tem a chance de botar a mão na massa ao presenciar um roubo de celular. É quando a senhorita Walker descobre que ser uma persona pública não combina com vigilantismo após ser reconhecida tanto pela vítima que ajudava quanto pelo ladrão que agrediu (O que nos leva à cena onde ela experimenta uniformes e faz alusão direta ao uniforme que a personagem usa nos gibis).
Intimada pelo bandido, Trish é obrigada a recorrer aos serviços de Jeri Hogarth (é estranho que Trish, desempregada e vivendo de suas economias vá atrás de uma advogada caríssima ao invés de procurar por conselheiros legais mais modestos como Nelson & Murdock, por exemplo...), e um desconfortável reencontro com Malcolm.
You're Welcome fez um ótimo trabalho mostrando quão isolada Trish se tornou após suas desastradas decisões na temporada passada.
Ela segue sendo justificadamente ignorada por Jessica (é um dos raros casos onde conseguimos entender a cara emburrada da protagonista. Se minha melhor amiga matasse minha mãe eu provavelmente guardaria algum rancor, também), olha para Malcolm com desdém por acreditar que o trabalho que o ex-viciado faz para Hogarth é uma forma de livrar a cara de gente suja (realmente é. O próprio Malcolm reconhece como vimos no capítulo anterior), ela perdeu seu talk show, seu apartamento e seu noivo, e a única pessoa que parece disposta a não desistir dela é sua mãe.
Aliás, o episódio mostra um lado mais humano de Dorothy.
A personagem de Rebecca De Mornay (a atriz que ainda hoje mantém o título de melhor cena de nudez mainstream de Hollywood) finalmente parece mais do que uma víbora parasitando o sucesso da filha, e é bom ver que a série se preocupa em dar camadas a seus coadjuvantes.
Sim, Dorothy segue preocupadíssima com a carreira de Trish, mas isso não é totalmente injustificável considerando que a loira precisou vender seu apartamento para pagar custas legais do processo que sofreu e suas economias não vão durar pra sempre.
Ela eventualmente consegue até levar a filha de volta à TV, e ambas parecem encontrar uma forma de equilíbrio onde Dorothy pode gritar com estagiários e dar pitacos na direção do programa de moda e Trish consegue um ganha-pão para sustentar sua verdadeira paixão: O combate ao crime.
A duras penas a apresentadora vai descobrindo que caçar malfeitores é mais do que apenas sair por aí chutando gente nas costelas. A vocação de Trish ao heroísmo, porém, a faz perseverar em sua impaciência para tocaias, e seu primeiro grande sucesso, quando impede um estupro, a deixa com a certeza de estar no caminho certo.
Após o cliffhanger cansado do primeiro episódio (sejamos francos, Jessica poderia ter sangrado até seu corpo estar drenado, nós todos sabemos que a personagem título não vai morrer no primeiro episódio da temporada...) o programa correu riscos com um grande flashback de cinquenta e seis minutos, mas a verdade é que o episódio foi bastante satisfatório.
Trish foi um dos pilares da série em sua primeira temporada, e se tornou terrivelmente enjoada ao longo do segundo ano (que pareceu um esforço deliberado para tornar Jessica menos antipática ao tornar todos os coadjuvantes pessoas piores do que ela). Vê-la ser aprofundada e humanizada de maneira que suas falhas sejam óbvias mas não se tornem as únicas características de sua personalidade foi bastante agradável, e Rachael Taylor fez um excelente trabalho ao mostrar o quanto Trish está sozinha por operar em modo preto no branco em um mundo terrivelmente cinzento, mas se recusa a desistir.
Por mais que suas escolhas erradas sejam frustrantes, ao menos dessa vez parece que o programa está disposto a lhe dar a chance de aprender.

"Eu invejava seus poderes, mas nunca o lance de investigação. Perseguir um cara por semanas? É como ver a grama crescer..."

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