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terça-feira, 7 de maio de 2013

Rapidinhas do Capita



Foi o granizo... O responsável pelo meu sorriso mais sincero desde... Bom, pelo meu sorriso mais sincero em muito tempo.
Estava trabalhando, mexendo em pilhas de notas fiscais de produtos que chegaram, e ouvi, com alguma satisfação, o som da chuva que se iniciava. O barulho ficou mais forte, e, ao perceber que não era um dilúvio que se iniciava pra lavar os males do mundo com uma chuva tão torrencial quanto o choro de um Deus mais aflito do que eu, eu corri, que nem criança, pra porta de chave na mão, e fiquei ali, na entrada do prédio vendo aquelas pequenas bolinhas de gelo brancas caindo no asfalto da rua. Fazia muito tempo que eu não via granizo em Porto Alegre, uns dez anos, já.
Me perguntei se tu teria visto...
Se tu já tinha visto antes...
Se ainda veria outra vez...
E aí meu sorriso sumiu.

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-Pra mim não vai passar nunca. - Ele falou, peremptoriamente.
-Claro que vai. - Ela disse, de bate e pronto.
-Não vai. - Ele manteve, firme.
-Tu diz isso agora - Ela falou enquanto abria a caixa de chicletes. -Mas daqui algum tempo, as coisas vão começar a mudar... A dor vai amainar, a mágoa vai se desvanecer, e tu vai estar indo adiante.
-Tu pode dizer o que tu quiser. Não vai ser assim.
-Claro que vai, é o curso natural das coisas. -Ela manteve, colocando dois chicletes na boca e oferecendo a caixa pra ele, que recusou com um gesto de mão enquanto perguntava:
-Dentistas não deviam ter pavor de chiclete?
-Tá louco? Essas coisas praticamente me sustentam. - Ela respondeu guardando a caixa de volta na bolsa. -De qualquer forma... Tu é uma pessoa inteligente. Uma das mais inteligentes que eu conheço. E tu sabe, mesmo que não admita, que vai passar. Ela também sabe. Eu li...
-Vocês duas não sabem nada. - Ele decretou, começando a ficar exasperado.
-"Jon Snow". - Ela disse, ao acaso.
Ele olhou pra ela com uma expressão fechada e recriminadora, e ela emendou:
-"Você não sabe nada, Jon Snow", do livro...
-Eu sei. - Ele respondeu, arrependendo-se do tom e da careta que acabara de usar. -Não sei porque eu tô azedo, assim.
-Eu sei. - Ela disse. -Porque tu é inteligente e também vê as coisas.
Ele ergueu a sobrancelhas e olhou pra ela esperando a facada, e ele veio:
-Tem alguém pronto pra assumir o lugar que tu deixou vago. Tu sabe de quem eu tô falando.
-Tu viu isso nas chamas, Melisandre de Ashai? - Ele perguntou, fazendo pouco caso, quase num estertor.
-Não... Vi num blog. - Ela respondeu, torcendo a faca metafísica.
Ele sabia do que ela estava falando. E talvez por isso andasse tão azedo.

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Vou repetir aqui, pra todos os que lerem, a mesma coisa que disse ao sujeito que, domingo à noite me interpelou na frente de casa me dizendo que o Inter tinha sido campeão roubando do Juventude:
"O choro é livre pra quem perdeu e pra quem gosta de levar na bunda."
Fica a dica.

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