Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
Pesquisar este blog
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Resenha Cinema: Somos Tão Jovens
Sou cria dos anos oitenta, fui adolescente nos anos noventa, e isso, por si só, deve deixar claro que eu fui um fã apaixonado da Legião Urbana, a banda de rock brasileiro que melhor dimensionou o tamanho da tragédia grega que é ser um adolescente, essa fase da vida em que a gente se considera adulto mas ainda age feito criança, e todas as desilusões, percalços, mazelas e sobressaltos têm gosto de fim de mundo.
A Legião teve pelo menos uma música na trilha sonora da adolescência de oito em cada dez adolescentes oitenta/noventistas do Brasil, e ainda hoje tem um mundaréu de fãs.
Renato Russo, líder da banda, era no palco e nas letras uma epítome de roqueiro, gay, melancólico, inteligente e exacerbado de modo que era certo que, em algum momento, se tornaria alvo do segmento cinematográfico mais prolífico do Brasil ao lado das comédias cheias de atores globais e dos filmes de favela/sertão que querem explicar o país:
As biografias musicais.
Somos Tão Jovens faz esse papel na carreira de Renato ao mostrar o início de sua carreira de artista passando pelo Aborto Elétrico até a formação da Legião Urbana.
O filme de Carlos da Fontoura é um desfile do tipo quem é quem de personalidades oitentistas da cena do rock brasiliense (Dinho Ouro Preto, Herbert Vianna) e de curiosidades sobre como foram compostos vários hits da banda, entretanto, apesar da atuação competente de Thiago Mendonça no papel principal, o roteiro e o diretor parecem interessados demais em cultuar uma persona midiática (O artista Renato Russo, cheio de trejeitos e caras-e-bocas do palco), do que construir uma pessoa de verdade.
Então, o filme é um festival de momentos e frases definitivas que praticamente não se reocupa em mostrar como Renato Manfredini se tornou Renato Russo. A homossexualidade, o interesse pela política, a ditadura militar vista pelos olhos de alguém que cresceu no berço do poder nos anos de chumbo, o conflito... Tudo permanece suavemente em segundo plano para que o Mais Do Mesmo siga tocando em cena, garantindo aos fãs os refrões de músicas que todos passaram anos ouvindo quando eram tão jovens quanto o Renato em cena.
Dessa forma, um personagem que tinham um potencial interessante pra um filme é vitimizado por mais uma cinebiografia chapa-branca no pior estilo Cazuza - O Tempo Não Para, Dois Filhos de Francisco (Thiago Mendonça, o Renato de Somos Tão Jovens inclusive é o Luciano do filme dos sertanejos), e Gonzaga de Pai Pra Filho, todos documentos do "nós passamos por agruras, mas vencemos pelo nosso talento", que estão sempre mais interessados em ser amiguinhos dos fãs do ídolo que em mostrar pessoas de verdade com vidas de verdade.
Pule a ida ao cinema e ouça Dois, mais uma vez. É bem melhor.
"Nós vamos ser uma Legião."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário