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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Resenha Cinema: Em Transe



Fiz, no sábado, algo muito raro de se conseguir em tempos de internet e TV a cabo. Fui ao cinema ver um filme do qual conhecia unicamente a sinopse do folheto do próprio cinema, e nada mais.
Não tinha lido uma única linha a respeito de Em Transe em nenhum site de cinema, nenhum blogue de cinéfilo, não tinha visto nada sobre o filme no Hollywood One on One, da TNT, e nem em nenhuma publicação cinematográfica pois acho a Preview, única revista de cinema no mercado brasileiro, muito fraquinha.
Foi uma experiência interessante que me remeteu às minhas idas ao cinema quando era moleque.
Na minha adolescência a internet no Brasil era quase nada, e TV a cabo era luxo de poucos, de modo que não era incomum eu ir ao cinema sabendo pouco ou quase nada a respeito de filmes. Só depois dos dezoito anos comecei a comprar a extinta revista SET, de modo que até aí, ir ao cinema era uma loteria divertidíssima onde se escolhia um filme ao acaso, e literalmente se pagava pra ver se era bom, ou não, sem, em geral, nenhum comentário avalizado para preparar o espectador, exceto um eventual boca a boca de alguém que já tivesse assistido ao filme.
Foi com essa sensação que assisti a esse último filme de Danny Boyle, o mesmo de Trainspotting, Quem Quer Ser Um Milionário e 127 Horas.
Em Transe mostra Simon (James McAvoy), funcionário de uma casa de leilões londrina que, afogando-se em dívidas de jogo, arquiteta um plano para roubar uma obra de arte valiosíssima de seus empregadores.
Para o golpe, ele conta com o mafioso Franck (Vincent Cassel) e seus asseclas, que farão o papel de ladrões e o ajudarão a vender a pintura. Porém, durante o assalto, algo dá errado, Franck jamais pega o quadro, e Simon, após esconder a pintura, leva um violento golpe na cabeça que o deixa com amnésia.
Duvidando da veracidade da condição de Simon, Franck o leva à uma hipnoterapeuta escolhida ao acaso para que ela ajude Simon a lembrar onde ele ocultou o quadro perdido.
Conforme Elizabeth Lamb (Rosario Dawson) se aprofunda na mente de Simon, e as fronteiras entre realidade e desejos reprimidos vão se tornando mais vagas, Em Transe revela-se um desses filmes com mais camadas que o autêntico pavê inglês da Rachel, em Friends, com novas lacunas, intersecções e revelações e reviravoltas até o final dos enxutos 101 minutos da projeção.
Não cabe se aprofundar na trama já que as surpresas e reviravoltas são, talvez, a melhor parte do filme (À exceção da nudez frontal de Dawson, cheia de saúde), mas cabe dizer que, longe da pirotecnia de outros filmes que se desenrolam parcialmente no subconsciente de seus protagonistas (Matrix, A Origem...), Em Transe nada tem de excessivo ou pirotécnico, focando-se muito mais nas sutilezas de Boyle na forma de filmar a atuação dos atores para dar vazão à trama.
Longe de ser uma obra prima, Em Transe distrai por uma hora e meia, e ainda consegue deixar a platéia com um ou dois questionamentos para interpretar ao final, pelo menos até a saída do shopping.

"A escolha é sua. Você quer se lembrar, ou você quer esquecer?"

Um comentário:

  1. Era um filme de sucesso em 2013, eu, pessoalmente, gostei da parte onde Simon usa hipnose para lembrar aquelas memórias esquecidas. Este tipo de quadro em mente interessa-me, por exemplo, agora eu estou vendo O Hipnotizador , a produção brasileira está tendo sucesso graças à distribuição de qualidade que tem. Ambas as produções valem muito.

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