Ontem passei na locadora e aluguei um filme que estava curioso pra assistir já tinha algum tempo.
O Homem Com os Punhos de Ferro, primeiro trabalho na direção de RZA, rapper e reconhecido coadjuvante de filmes como Tá Rindo de Quê?, O Gângster e 72 Horas. Conferido o filme, uma certeza:
Se há algo pra que O Homem Com os Punhos de Ferro sirva de testemunho, é que RZA, além de nerd, deve ser um sujeito muito gente fina, ou muito insistente.
Só uma dessas duas qualidades, ou ambas, explica o envolvimento de tanta gente qualificada com um filme que, no fim das contas, tem cara de brincadeira de galera usando como base uma salada de referências.
O longa, saído da cabeça do próprio RZA, que escreveu o roteiro ao lado de Eli Roth, e que foi produzido por Quentin Tarantino é uma maluquice sem tamanho, sem sentido a maior parte do tempo, flertando com todos os clichês de filmes de gênero, e com um fiapo de história que mal e mal justifica os 95 minutos de pancadaria e canastrice.
É a história de como o caminho de clãs guerreiros com nomes de animais dividiam uma China imperial, e de como um carregamento de ouro do governador da província e a traição dos tenentes de um desses clãs, o Clã Leão, fez o caminho de Thaddeus (o próprio RZA), o humilde ferreiro da Vila da Selva se cruzar com o de Zen Yi (Rick Yune), o Lâmina-X, filho do líder assassinado do clã Leão, e de Jack Faca (Russel Crowe), um oficial inglês renegado, cada um deles atrás de uma coisa.
Enquanto Jack procura pelo ouro e Zen Yi, por vingança, O Ferreiro procura unicamente trabalhar em paz na vila para juntar dinheiro e comprar a liberdade de Lady Seda (Jamie Chung), prostituta a serviço de Lady Flor (Lucy Liu), a dona do bordel Flor Rosa, para que ambos possam ir embora juntos.
Porém após salvar o jovem Zen Yi do ataque do assassino Corpo de Latão (Dave Bautista), o ferreiro se torna alvo do traiçoeiro Leão de Prata, novo líder do Clã Leão, e pode não ter como evitar sua entrada no conflito que promete chacoalhar os pilares da Vila da Selva.
Que tal? Parece uma porcaria, né? E é mesmo.
O Homem Com os Punhos de Ferro é, como já foi dito, um festival de clichês. As traições, os vilões desprezíveis, os atos heroicos e as juras de vingança são a herança de todos os filmes de kung fu que RZA deve ter assistido na adolescência. As armaduras malucas, e as perucas e lentes de contato coloridas dos membros asiáticos do elenco dialogam com os mangás e animes, e sobra espaço ainda pra velhos mestres, templos ocultos, golpes especiais, vilões mutantes, muita sanguinolência e claro, coreografias de luta pendurada em cabos ao melhor estilo oriental, e até mesmo uma breve história de escravidão nos EUA, tudo embalado por uma narração em off do próprio RZA, usando voz e termos de rapper, e nada preocupado com profundidade (Todos os personagens, até mesmo o protagonista, único que tem um background, são rasinhos, rasinhos), apenas com diversão.
Infelizmente, nem assim funciona.
A trama descabeçada e boba não prende a atenção, os vilões são caricatos demais pra que nós tenhamos raiva deles, e nem as sequências de luta são tão boas quanto deveriam e poderiam.
O clímax do filme até traz alguma tensão, com cada um dos três protagonistas enfrentando suas respectivas nêmesis ao mesmo tempo, mas nada que chegue a empolgar.
Sobra a presença de Russel Crowe, ator acima da média mesmo que claramente brincando enquanto fazia um favor a um amigo, e a bundinha da Jamie Chung, com uma calcinha pequenininha em cima do ombro gigante do Bautista.
Nada que justifique a grana da locação.
Melhor sorte da próxima vez, RZA.
"-Te vejo no inferno.
-Suponho que sim. Guarde-me um lugar próximo ao fogo."
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