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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Resenha Cinema: Círculo de Fogo


Era tão óbvio que ia dar certo que se houvesse bolsa de apostas ela não pagaria nada.
Guillermo del Toro, dirigindo um filme sobre monstros e robôs gigantes se engalfinhando...
Essa é, de uma forma porcamente reduzida, a premissa de Círculo de Fogo, mais recente empreitada cinematográfica do diretor mexicano que sabe tudo de monstros (Blade II, Hellboy e Hellboy II - O Exército Dourado, O Labirinto do Fauno...), e que entrega exatamente o que foi prometido desde a primeira imagem de Círculo de Fogo:
Diversão em estado bruto.
Da região do anel de fogo do Pacífico, emergem criaturas gigantescas chamadas de Kaiju, que passam a devastar as cidades do planeta no melhor estilo Godzilla., iniciando uma guerra que se arrasta por anos, consumindo os recursos do planeta, e levando a humanidade às raias da extinção
Para combater os Kaiju a humanidade desenvolve os Jaegers, construtos mecânicos de tamanho tão colossal quanto os Kaiju, operados por duplas de pilotos que agem em sistema de ponte neural, criando uma sincronia perfeita que permite que os dois humanos ajam como se fossem os hemisférios do cérebro da máquina, operando-a e enfrentando os Kaiju no mano-a-mano.
O problema é que mesmo o programa Jaeger se mostra ineficaz contra a ferocidade dos Kaiju.
Quando a derrota se torna iminente, e o programa Jaeger está prestes a ser terminado, um último e desesperado esforço é feito, tirando da aposentadoria um legendário Jaeger, considerado obsoleto, e pilotado por uma dupla formada por um veterano calejado e uma impetuosa novata, que, juntos, podem ser a última esperança de impedir o fim da espécie humana.
Pela premissa se vê que realismo não era a principal preocupação de del Toro e seu roteirista, Travis Beacham, e, ao assistir Círculo de Fogo, se percebe que realismo não era a preocupação deles em momento algum.
Círculo de Fogo tem todas as melhores qualidades do cinemão pipoca de blockbusters literais que destroem meio-mundo e mais um pouco em nome do entretenimento. Desde que vemos o primeiro Kaiju, uma criatura abissal com características evocando animais marinhos, com olhos e sangue azul fluorescente ganhando vida à perfeição graças aos efeitos visuais de primeiríssima linha, e um imenso mecha é colocado no mar por helicópteros para barrar-lhe o caminho, fica bem clara a proposta do filme e seu sucesso em cumpri-la.
A partir do momento em que o espectador entra na brincadeira e leva a sua suspensão de descrença até o nível exigido, é impossível não vibrar com os ataques dos Kaiju, as lutas com os Jaegers e até com os pequenos triunfos dos personagens, mesmo daqueles que não envergam roupas robô gigantes.
Os personagens, aliás, conseguem ser, quase todos carismáticos, o protagonista, Charlie Hunnam, um Channing Tatum loiro, é o típico herói de filme de ação, o Marechal Stacker Pentecost do ótimo Idris Elba é o arquétipo do líder militar durão, mas justo, e a Mako Mori de Rinko Kikushi é outra epítome, a da mocinha que pode muito mais do que sua aparência frágil sugere.
Os demais personagens são igualmente arquetípicos (e também têm nomes maneiros como Hercules Hansen, Tendo Choi e Hannibal Chau.), passando pelos cientistas loucos doutores Hermann Gottlieb (Burn Gorman) e Newton Geizler (Charlie Day), o piloto fodão e metido a besta Chuck Hansen (Robert Kazinsky), e até o buldogue inglês que é o mascote da missão.
Com começo, meio e fim bem estabelecidos, fica até um certo alívio pelo fato de Círculo de Fogo (inexplicavelmente) não ter caído no gosto do público médio, pois um sucesso desmedido de bilheteria poderia levar à produção de desnecessárias continuações.
Círculo de Fogo funciona como está, trabalhando no subconsciente da audiência como uma versão anabolizada e extremamente qualificada de cada um dos episódios daquele velho seriado japonês que todos nós gostávamos tanto de ver na infância.

"Hoje, no limiar de nossa esperança, no fim de nosso tempo, nós escolhemos acreditar não apenas em nós mesmos, mas uns nos outros. Hoje, nenhum homem ou mulher desta base está sozinho. Hoje, nós enfrentamos os monstros à nossa porta. Hoje, nós estamos cancelando o apocalipse!"

Um comentário:

  1. Realmente, Círculo de fogo cumpre o que promete. Achei a história bem contada. Vale a pipoca. A cena, logo no início do filme, do Gipsy Danger chegando na praia todo surrado me passou bem a ideia do tamanho dos robôs e de como seria se eles existissem.

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