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quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Voto de Confiança
É medo.
Sempre foi.
Sempre, sem exceção.
Medo puro. Em estado bruto. Amarelo feito o anel do Sinestro.
Por mais que doa admitir, essa era a explicação o tempo todo. Medo.
Claro, não havia sido desde o início. No início era pura vontade. Entusiasmo. Empolgação. Era tudo de bom. Tudo de melhor. Mas a certa altura, deixou de ser só isso. Surgiram os percalços, e a desconfiança apareceu.
Por que?
Porque é uma coisa muito grave dizer que se ama alguém.
Muito, muito grave.
Tu dá um tipo de poder à pessoa que ouve isso, que é... Olha, é sobrenatural.
Tu dá à essa pessoa uma carta branca pra te magoar. O botão vermelho pra destruir a tua vida. E, meu Deus, talvez essa pessoa jamais faça isso. Talvez essa pessoa não esteja remotamente interessada em acabar com a tua vida, mas ainda assim, ela pode.
Então, dizer "eu te amo" é um voto de confiança ímpar.
E se a pessoa que se torna fiadora de voto tão sério, mesmo que inadvertidamente, trair essa confiança, mesmo se por acidente, mesmo se com a melhor das intenções, coisas podem se quebrar pelo caminho.
"Trair a confiança", soa grave, parece crime hediondo premeditado.
Não.
Não é assim.
Pode ser uma bobagem. Um escorregão. Uma atitude mal pensada. E é assim de parte à parte. Não é uma bobagem como andar paquerando por aí. Não era ser paquerada, também. Quando se confia em uma pessoa pra ser fiadora de tuas afeições, se confia nela o suficiente pra acreditar que, se o pior acontecer, e as disposições dela mudarem, ela terá consideração o suficiente pra te contar.
Isso é bobagem. Acontece.
A quebra de confiança de verdade, é quando uma pessoa que tem o poder de te magoar, acaba te magoando, e te magoando de novo.
E mesmo que tu saiba que ela não tem intenção, que nunca foi o que ela queria, tu te pega refugando.
Tu te flagra desconfiado.
Com medo.
E aí tu começa a andar pra trás. Com medo de se ferir, tu se afasta. Tu anda pra trás, mesmo querendo andar pra frente.
É um lance de auto-preservação, saca?
Porque , por mais frio que esteja, é instintivo tirar a mão de perto do fogo quando a dor da queimadura ainda está fresca na memória.
Não é rancor.
Não é tristeza e tristeza, apenas.
É medo. Sempre foi.
Sempre, sem exceção.
Medo puro. Em estado bruto. Amarelo feito o anel do Sinestro.
Medo de estar fazendo de menos. Medo de estar fazendo demais. Medo de não ser o suficiente.
Só medo.
Medo de ouvir que em certas ocasiões tu precisaria estar à porta de quem tu ama, e ao responder que a tua necessidade, eventualmente seria exatamente o oposto, destruir algo.
Medo de, ao ser tu mesmo, causar mais mal do que bem.
Medo de não saber amar direito.
Medo de ser o responsável pela própria tragédia...
Medo.
Medo, apenas.
Medo puro. Em estado bruto. Amarelo feito o anel do Sinestro.
E mais nada.
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