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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Resenha Blu-Ray - O Cavaleiro Solitário


Quando foi anunciado que a adaptação da série de TV O Cavaleiro Solitário seria produzida por Jerry Bruckheimer, dirigida por Gore Verbinski e estrelada por Johnny Depp, ficou bem claro que a intenção de empreitada era repetir o sucesso de Piratas do Caribe, monstro gerado pela mesma trinca que rendeu três filmes derivados, bilhões de dólares, transformou Depp em astro e lhe rendeu até uma indicação ao Oscar.
Parte dos problemas de O Cavaleiro Solitário é que aparentemente, na tentativa de repetir o sucesso de Piratas do Caribe, o longa se vicia na fórmula da franquia bucaneira de uma forma quase obsessiva, e embora o grosso da audiência cinematográfica de hoje em dia não goste de pensar, acaba percebendo que está consumindo uma repetição em outra embalagem.
Na trama de O Cavaleiro Solitário corre o ano de 1869, no Texas a expansão ferroviária dos EUA promete unir os Estados Unidos de costa à costa, prometendo justiça e progresso a colonos e índios.
Latham Cole (Tom Wilkinson), funcionário da companhia ferroviária aguarda a chegada do trem que trará o infame Butch Cavendish (William Fichtner, irreconhecível), notório ladrão, assassino e canibal para a forca.
O mesmo trem que traz Cavendish também transporta outro prisioneiro ilustre, o índio comanche Tonto (Depp), e, no vagão dos passageiros, o advogado John Reid (Armie Hammer).
Contando com apoio externo, Cavendish empreende uma espetacular fuga, colocando o irmão de John, Dan Reid (James Badger Dale) no encalço do bandido.
Com a morte de um de seus delegados, John é tornado Ranger por seu irmão, e cavalga ao lado de Dan e seus homens em busca de Cavendish.
Durante a caçada, porém, o grupo é emboscado pelos bandidos, e todos são baleados e deixados para morrer.
Os Rangers são encontrados por Tonto, que enterra à todos, mas pela insistência de um misterioso cavalo branco, resgata John, e se prontifica a ajudá-lo a levar Cavendish à justiça.
Relutante, a princípio, John aceita a ajuda de Tonto, e a sugestão de usar uma máscara para manter em segredo sua identidade.
Cavalgando ao lado de seu estranho parceiro contra todos os obstáculos, John acaba por descobrir que Cavendish é apenas uma engrenagem em um mecanismo criminoso que se estende muito além dos bandoleiros ocultos nos territórios indígenas, e terá que abrir mão de muitas de suas noções de legalidade se quiser, de fato, fazer justiça.
Não chega a ser ruim, O Cavaleiro Solitário.
Entre as qualidades pode-se destacar o óbvio esmero da produção (O Cavaleiro Solitário custou mais de duzentos milhões de dólares pra ser realizado), as boas cenas de ação, o humor que, de fato, chega a arrancar algumas risadas, e o bom elenco, encabeçado por Depp e Hammer.
De pontos negativos, há a duração que não se justifica (são mais de duas horas e meia de filme que simplesmente não tem razão de ser tão longo), a quantidade de personagens secundários sem função alguma (Helena Bonham Carter e Barry Pepper ainda devem estar se perguntado qual era a função prática de sua Red Harrington e seu comandante Fuller no filme), a mocinha completamente insossa de Ruth Wilson (que pra piorar ainda é feinha), o fato de o filme flutuar entre três ou quatro vertentes do faroeste sem se decidir por nenhuma e, claro, a dinâmica entre Tonto e o cavaleiro solitário.
Tonto é exatamente o tipo de papel que Johnny Depp adora fazer. É um tipo tão excêntrico quanto Jack Sparow, e em alguns momentos parece quase um desenho animado, uma versão em carne e osso do cão Droopy, sereno, onipresente e implacável a seu modo. Isso é terrível para Armie Hammer, que vê seu John Reid/Cavaleiro Solitário ser reduzido à escada do índio Tonto o filme inteiro.
Ainda que se explique esse protagonismo do parceiro tanto pelo peso do estrelato de Depp face ao semi-anonimato de Hammer, e até mesmo dentro do roteiro do filme, (cuja história é narrada a uma menino por um índio Tonto ancião numa feira de variedades nos anos 1930), é até embaraçoso ver o herói do filme resmungando numa incômoda posição de alívio cômico por oitenta por cento do longa.
O filme tropeça o tempo todo, e só engrena, mesmo, é no final, quando ressoam com toda a pompa os acordes de William Tell's Overture, tema da série de TV em que o longa se baseia, e uma sequência de ação (uma das poucas do filme) absolutamente impossível envolvendo trens, cavalos, pistolas e murros toma forma na tela.
O bom desfecho, porém, não salva O Cavaleiro Solitário de ser um pálido subproduto de Piratas do Caribe, que fica na memória muito mais pelo que poderia ser do que pelo que efetivamente é.

"-Belo tiro!
-Era pra ser um tiro de alerta.
-Nesse caso, não tão bom."

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