Em 2012 tivemos uma inspirada safra de produções cinematográficas. Tão boa que talvez tenha chegado perto do glorioso ano de 1999, provavelmente o ano mais prenhe de grandes filmes que eu tive a oportunidade de testemunhar.
O ano de 2013 não foi tão bom quanto o anterior, muito por conta do calendário de lançamentos brasileiro, que nos sonegou lançamentos com muito potencial, como O Lobo de Wall Street, Dallas Buyer's Club e 12 Years a Slave para colocar porqueiras declaradas como Até Que a Sorte Nos Separe 2 em número recorde de salas.
A despeito dos problemas, houveram muitos bons filmes em 2013, além, claro, de muitos filmes sofríveis.
São esses que nos interessam na lista que segue, o infame Top 10 Negativo da Casa do Capita.
Como de praxe, filmes lançados no decorrer de 2013 nos cinemas ou em home-video e que eu tenha assistido.
10 - O Conselheiro do Crime
Ridley Scott, Cormac Maccarthy, Michael Fassbender, Javier Bardem, Brad Pitt, Penelope Cruz. Essa equipe não parece material de top 10 negativo. E nem deveria.
Ainda assim, o tratado moral de Macarthy conseguiu a proeza. Numa trama de fronteira sem surpresas, onde o desfecho é óbvio desde o primeiro de vários discursos, com um protagonista chato e com personagens que são caricatos sem ser interessantes, essa coleção de frases de efeito está aqui muito mais pela má execução do que pela má intenção.
Não adianta montar time dos sonhos pra disputar torneio regional, assim como não adianta reunir elenco, roteirista e diretor de primeira linha pra contar uma história óbvia e pretensiosa.
9 - Elysium
Seria demais dizer que é a decepção do ano? O filme dirigido por Neil Blomkamp e estrelado por Matt Damon prometia a mesma qualidade do excelente Distrito 9 com um elenco de primeira e o grande investimento de super-produção, mas a promessa não se cumpriu.
Elysium resultou num filme irregular, com um protagonista que perde toda a sua simpatia e humanidade no final do primeiro ato e se torna só um herói de ação sisudo em um exoesqueleto conforme o filme se torna mais genérico e didático enquanto se aproxima do final.
Nem a alardeada estreia hollywoodiana de Wagner Moura torna a empreitada menos desapontadora.
8 - Duro de Matar - Um Bom Dia Para Morrer
John McLane deveria ter pendurado a pistola com Duro de Matar - A Vingança, a única sequência digna de Duro de Matar. Se Duro de Matar 2 era bem meia-boca, e A Vingança era ao menos uma fita de ação digna, Duro de Matar 4.0 era absolutamente desnecessário e idiota e esse Um Bom Dia Para Morrer só não é risível porque simplesmente não tem graça.
O pior? Duro de Matar 6 já está em andamento na FOX...
7 - O Resgate
Nicolas Cage está falido. Ele levou um golpe milionário do contador e a sua situação ficou tão apertada que ele teve até que vender parte de sua coleção de gibis. Quem coleciona gibis sabe o tipo de dor que Nick sentiu tendo que fazer isso.
Pior do que vender sua coleção de gibis foi ser obrigado a aceitar qualquer proposta de emprego. Só isso explica coisas como O Resgate, tenebroso heist movie onde Cage é um ladrão especialista com coração de ouro que abandona o crime após ser preso. Porém, quando sua filha (Sami Gayle) é sequestrada por um ex-cúmplice (Josh Lucas), ele precisa voltar à ativa mesmo com o FBI na sua cola.
Nada funciona no filme, e o talentoso Nic Cage mostra, outra vez, que não tem nenhum critério compreensível na hora de escolher seus trabalhos, exceto o tamanho do pagamento.
6 - Jobs
Cinebiografia mezzo chapa branca do idealizador da Apple Steve Jobs estrelada pelo pseudo ator Ashton Kutcher.
Não tem como ficar pior que isso.
Abrindo mão das passagens mais controversas da vida do executivo para colocá-lo em um pedestal, esse Jobs é um subproduto de louvação à personalidade tão vazio quanto maçante.
Kutcher se esforça amparado na semelhança física com Jobs, mas isso não o torna um ator mais talentoso, nem faz com que a série de eventos jogada na tela ao longo da projeção ganhe estofo ou drama.
Outro filme sobre a vida de Steve Jobs, baseado na sua biografia escrita por Walter Isaacson, deve sair e, quem sabe, fazer justiça à uma das mais controversas figuras da era digital.
5 - João & Maria - Caçadores de Bruxas
Eu me pergunto o que leva um executivo de estúdio a ler um roteiro que moderniza o mito dos irmãos João e Maria ao mostrar que eles cresceram após os eventos do conto dos irmãos Grimm e se tornaram caçadores de bruxas e achar que vai sair alguma coisa de bom daí.
Será que o sujeito leu isso e pensou em Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.), mesmo com a premissa berrando Van Helsing (Hugh Jackman) a plenos pulmões?
Não importa. O que importa é que João & Maria - Caçadores de Bruxas é chato, ruim, e nem o carisma de Jeremy Renner e a beleza de Gemma Arterton e Famke Janssen conseguem salvar o filme de ser a bomba que é.
4 - G. I. Joe - Retaliação
Retaliação não é nem de longe tão ruim quanto A Origem de Cobra, isso porém, significa quase nada.
A Origem de Cobra era um filme horroroso em todos os aspectos. Elenco, roteiro, direção, proposta... Era totalmente podre, em forma, conteúdo e execução.
Retaliação, por outro lado, é apenas um filme muito ruim, e até honesto com relação à própria ruindade. Tem figuras carismáticas no elenco, como The Rock e Bruce Willis, a gatinha Adrianne Palicky, e os ninjas que rendem até algumas sequências de ação bem-intencionadas.
De boas intenções, porém, o inferno está transbordando, e mesmo sendo honesto e ajeitadinho, G. I. Joe - Retaliação, continua sendo uma tremenda porqueira.
3 - Wolverine - Imortal
Hugh Jackman é um bom sujeito. Ele é talentoso, divertido, boa-pinta e adora ser o Wolverine. Isso, porém, não me impede de dizer que os filmes solo do mutante canadense no qual ele embarca são totais e absolutas porcarias.
Após o resultado catastrófico de X-Men Origens - Wolverine, esperava-se que The Wolverine (No Brasil Wolverine - Imortal) fosse ao menos uma fita de ação competente estrelada pelo X-Man mais talhado pra ação que existe.
Mas não.
Wolverine - Imortal é chato, bobo, e incorre novamente em todos os defeitos do longa anterior.
Ao menos esse ano Wolverine deve ganhar um filme decente com X-Men - Dias de Um Futuro Esquecido, e quem sabe a Fox aprende como devem ser os filmes do herói, ou ao menos Jackman pendura as garras saindo por cima.
2 - Depois da Terra
Nada ensina uma lição paternal melhor sobre as armadilhas da fama do que produzir um filme para ensinar seu filho a se proteger das armadilhas da fama.
Will Smith, um ator talentoso e que dá a impressão de ser um astro muito boa-gente fez isso. Co-roteirizou e escreveu Depois da Terra tanto como um libelo pró-cientologia quanto para ensinar Jaden Smith, seu filho e co-estrela, sobre os perigos de Hollywood.
Um roteiro construído sobre tal carta de intenções obviamente não podia dar certo, e quem embarcou junto nessa canoa furada foi M. Night Shyamalan, que nada conseguiu acrescentar à produção, nem mesmo suas marcas registradas:
Boas atuações de atores mirins (Jaden Smith esteve melhor até em O Dia Em Que a Terra Parou), e suspense carregado (Nem em um mundo com perigos em cada canto existe alguma tensão.).
E pensar que Will Smith rejeitou o papel principal em Django Livre...
1 - Truque de Mestre
Meu campeão indiscutível na lista de piores do ano, Truque de Mestre, de Louis Leterrier é um desperdício de dinheiro do estúdio, do talento dos atores do elenco (Woody Harrelson, Michael Caine, Morgan Freeman, Jesse Eisenberg, todos subaproveitados) e, pior de tudo, do tempo de quem assiste.
Com uma trama pirotécnica e histriônica cheia de reviravoltas inúteis e um desfecho "surpresa" que se torna óbvio ali pela metade do filme, tudo embalado numa roupagem artificialmente descolada de quem se acha muito esperto e começa a rir antes de soltar a "punch line" da piada, Truque de Mestre é desses filmes que merecia ter mofado nas salas de cinema e nas prateleiras das locadoras, mas, bem amparado por um marketing monstruoso e pelo mau gosto da audiência, deu lucro e vai render a sequência que já tentava emplacar na metade dos créditos de encerramento.
Se nada mudar, Truque de Mestre dois estará nessa lista em dezembro de 2015.
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