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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Resenha Cinema: A Vida Secreta de Walter Mitty
Sábado solitário, Natal se aproximando, problemas, tristezas e dissabores, em nenhum outro momento alguém precisou tanto de um feel good movie.
Entre Questão de Tempo, O Jogo do Exterminador e A Vida Secreta de Walter Mitty, esse último era a escolha mais óbvia para a ocasião, o problema é ir assistir a um filme estrelado por Ben Stiller quando não se é, nem de longe, um fã do ator.
Não gosto de suas comédias família, e acho ele uma variação do mesmo tema de Adam Sandler, talvez um pouco menos idiota, mas ainda assim, com uma filmografia que passa longe de ser do meu agrado exceto por raras exceções.
Uma dessas exceções, diga-se de passagem, é Trovão Tropical, a surtada comédia de guerra estrelada por Stiller, Robert Downey Jr. e Jack Black.
Foi pensando em Trovão Tropical e sua (não tão) fina ironia e esperto humor escatológico que eu resolvi apostar em A Vida Secreta de Walter Mitty.
E não me arrependi.
No filme conhecemos Walter (Stiller), um sujeito tímido e hesitante, incapaz até de deixar uma piscadinha para Cheryl (Kristen Wiig), sua nova colega de trabalho, no eHarmony.
Modesto e insuspeito, Walter trabalha na famosa Life Magazine, onde é o gerente responsável pelo setor de negativos. Na sua sala escura, ele passou os últimos dezesseis anos revelando e tratando as fotos que ilustraram as páginas da revista, entre elas, várias fotos de Sean O'Connel (Sean Penn), intrépido fotógrafo de vida selvagem.
Apegado à sua rotina singela, Walter frequentemente se perde em devaneios onde se torna todas as coisas que não consegue ser na vida real. Heroico, criativo, aventureiro, romântico... Entretanto a existência sonhadora de Walter é sacudida violentamente quando a revista é vendida, e deixará de existir em versão impressa.
Quando começam as movimentações para produzir a edição derradeira da Life, Walter percebe que perdeu uma foto de O'Connell, uma que o próprio fotógrafo considera seu melhor trabalho e recomendou para ser a capa da edição final da revista.
Incapaz de contatar O'Connell, que vive transitando de um lugar inóspito a outro e não usa telefone celular, sendo assediado por Hendricks (Adam Scott), gerente responsável pela transição da revista impressa para edição online, e tendo que lidar com a mudança de sua mãe (Shriley MacLaine) para um condomínio de idosos, Walter se pergunta o que fazer, até ser encorajado por Cheryl a procurar por Sean.
É nesse momento que Walter deixa de sonhar, e passa a viver. Embarcando numa jornada global que o levará a experimentar aventuras extraordinárias, muito maiores do que aquelas que ele imaginava.
E funciona?
Bem, a crítica norte-americana se polarizou entre gente que amou o filme (Uma minoria), e gente que o odiou. A maioria das críticas que li depois de assistir ao longa pichava o filme de Stiller, mas, francamente, eu achei tocante.
A Vida Secreta de Walter Mitty encontra um espaço pra transitar entre os épicos emocionais de efeitos visuais como As Aventuras de Pi, e as dramédias indie estreladas por Steve Carell.
O roteiro tem seus problemas, falhas e furos que são bastante óbvios, mas não chegam a incomodar. Ele exige suspensão de descrença da platéia, mas isso, pra mim, não é um problema.
A fotografia é linda, os efeitos visuais são ótimos, a trilha sonora é excelente, e as atuações são boas, mesmo de Stiller, um ator longe de ser acima da média, que convence como o sujeito tímido que decide parar de pensar no mundo, e efetivamente ir vê-lo.
O drama, por vezes carece de profundidade, mas há piadas muito boas (a tiração de sarro com Benjamin Button é facilmente a melhor do filme), e momentos realmente emocionantes.
É um feel good movie, competente na medida em que me fez sentir bem enquanto assistia.
O que mais se pode querer?
Assista no cinema, com a suspensão de descrença ativada, e aproveite.
"Ver a vida. Ver o mundo. Testemunhar grandes eventos..."
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