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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014
Resenha Cinema: Caçadores de Obras-Primas
George Clooney dava pinta, anos atrás, que não ia conseguir ir muito longe na carreira cinematográfica. Quando era apenas o médico bonitão e rebelde de E.R., ou ainda antes quando participava de coisas inomináveis como De Volta à Escola de Horrores ou A Volta dos Tomates Assassinos podia-se imaginar que o máximo a que George Clooney pudesse aspirar como ator fosse unir forças com Arnold Schwarzenegger e matar uma franquia do Batman no cinema em Batman & Robin.
Mas não...
Clooney se endireitou. Ficou amigão de Steven Soderbergh (Com quem firmaria uma parceria bastante proveitosa) em Irresistível Paixão, ao qual seguiria a série Onze Homens, Solaris e O Segredo de Berlim. Trabalhou com Terrence Malick em Além da Linha Vermelha, com David O. Russel em Três Reis, com Joel e Ethan Coen em E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?, e O Amor Custa Caro e com Alexander Payne, em Os Descendentes, entre outros tantos.
Mostrou em mais de uma ocasião que podia ser muito mais do que apenas o galã porra-louca com coração de ouro do seriado médico. Engendrou uma carreira paralela de produtor, e lançou-se como diretor em 2002 com o bom Confissões de Uma Mente Perigosa, com roteiro de Charlie Kauffman. Na sequência dirigiria o excelente Boa Noite e Boa Sorte, em 2005, e os apenas OK O Amor Não Tem Regras (2008) e Tudo Pelo Poder (2011).
Cineasta de três em três anos, Clooney voltou à cadeira do diretor para lançar agora, em 2014 esse Caçadores de Obras Primas.
O roteiro, co-escrito por Clooney (que em sua carreira atrás das câmeras só não esteve envolvido oficialmente no script de Confissões de Uma Mente Perigosa) e seu parceiro Grant Heslov, adapta o livro Caçadores de Obras-Primas - Salvando a Arte Ocidental da Pilhagem de Hitler, de Bret Witter e Robert Edsel.
Como o título do livro deixa bem claro, Caçadores de Obras-Primas conta a história desse insuspeito pelotão formado por diretores de museus, historiadores da arte, curadores e arquitetos escalado para ir à Europa nos estertores da Segunda Guerra Mundial e tentar recuperar as obras de arte roubadas pelos nazistas durante o conflito bem como tentar orientar as ações dos aliados para que não devastem prédios históricos em seus ataques com artilharia pesada.
O grupo formado pelos americanos Frank Stokes (Clooney), James Granger (Matt Damon), Richard Campbell (Bill Murray), Walter Garfield (John Goodman) e Preston Savitz (Bob Balaban), mais o inglês Donald Jeffries (Hugh Bonneville) e o francês Jean Claude Clermont (Jean Dujardin) chegam à Europa continental com sua missão que logo se torna uma corrida contra o tempo conforme Hitler ordena que, com sua morte, todos os arquivos e obras de arte devem ser destruídos.
O problema é que as localizações das obras-primas em questão são secretas, e conseguir descobri-las pode ser impossível, a menos que eles obtenham ajuda de alguém que tenha estado suficientemente próximo dos nazistas a ponto de ter pistas do paradeiro das obras. Alguém como Claire Simone (Cate Blanchett), curadora do museu Jeu de Paume, que pode ter a informação, mas não confia nas boas-intenções dos norte-americanos.
Caçadores de Obras-Primas ainda não é o filme que devolverá a boa forma mostrada por Clooney em Boa Noite e Boa Sorte.
Se está longe de ser mau filme, também não é nenhuma maravilha. O longa alterna bons e maus momentos, mas o início é excessivamente arrastado.
Há alguns problemas de desenvolvimento conforme o grupo se separa e se reúne, a ação dos protagonistas espalhados pelos países retomados pelos Aliados acaba fazendo com que seja difícil se afeiçoar aos personagens ou mesmo se preocupar com eles, especialmente quando, mesmo as relações dentro do grupo, são superficiais.
Há uma solenidade excessiva no filme que também é um pouco incômoda, mas não chega a ser nenhuma tragédia, ruim mesmo é o flerte com o romance entre os personagens de Blanchett e Damon, completamente inócuo e deslocado.
Blanchett, porém, dá o show habitual de talento, mesmo com o francês esquisito. Bill Murray e John Goodman também se saem muito bem, e Bob Balaban surpreende fora do papel de xarope em que sempre é escalado.
No fim das contas, Caçadores de Obras-Primas é um filme produzido com esmero, com bom elenco e uma história que merece ser contada, mas que peca ao se levar a sério demais e se desenvolver a contento de menos.
Apenas bom. Assista se a única alternativa for Hércules.
"Se vocês destruir suas realizações, sua história, será como se jamais tivessem existido."
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