Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
Pesquisar este blog
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Resenha Game: Assassin's Creed IV - Black Flag
Em meados de 2007 a Ubisoft lançou o game que daria um respiro fresco na cara das aventuras de mundo-aberto dos consoles e PCs mundo afora.
Assassin's Creed era uma mistura de stealth, ação e aventura que usava como pano de fundo eventos históricos e a luta entre duas ordens seculares antagônicas, os heroicos Assassinos, lutando das sombras para dar liberdade à humanidade, e os perversos templários, maquinando dos bastidores maneiras de manter o conhecimento agrilhoado à uma minoria comandando o mundo.
Apesar de um pouco repetitivo em suas missões, Assassin's Creed tinha uma jogabilidade maneira, movimentos de parkour e acrobacias herdados de Prince of Persia (originalmente o game seria um spin-off da série do príncipe persa), e acenava com uma divertida teoria conspiratória, misturando a ação do protagonista Altaïr Ibn-La'Ahad, durante a terceira cruzada com seu descendente Desmond Miles, que vivenciava as experiências de Altaïr através de um maquinário chamado Animus no ano de 2012.
Ao bem sucedido Assassin's Creed seguiu-se o ótimo Assassin's Creed II, o protagonista do passado, Altaïr era substituído por Ezio Auditore, um jovem fanfarrão de uma família nobre da Florença renascentista, que trilhava os caminhos da ordem dos Assassinos após uma conspiração templária culminar com a morte de seu pai e irmão.
Assassin's Creed II era muito superior ao primeiro game, e embora inicialmente fosse difícil se afeiçoar a Ezio, um jovem ptboy, mulherengo mimado e cheio de si, essa má impressão inicial era enterrada tranquilamente em Assassin's Creed - Brotherhood, o terceiro game da série e ainda o melhor de todos.
Brotherhood dava sequência à trajetória de Ezio, agora o mentor da ordem dos assassinos em Roma, e sua luta contra o papa Alexandre VI, o templário espanhol Rodrigo Bórgia.
A Brotherhood seguiu-se Assassin's Creed - Revelations, que dava fecho tanto à linha narrativa de Ezio quanto a de Altaïr, na qual o player tinha oportunidade de tomar conhecimento de eventos até então desconhecidos da vida do mentor levantino.
Se as aventuras de Altaïr e Ezio estavam encerradas em Revelations, o mesmo não se podia dizer da linha narrativa de Desmond Miles.
O veículo pela qual tomávamos conhecimento das vidas dos grandes mestres-assassinos da Terceira Cruzada e da Renascença estava enrolado no ano de 2012.
Desmond se virava com seus companheiros Lucy Stillman, depois revelada uma traidora, Shaun Hastings e Rebecca Crane, e depois seu pai, William Milles para tentar impedir que uma erupção solar destruísse a Terra no dia 21 de dezembro de 2012.
Sem pista de como fazê-lo, Desmond seguiu lutando, se escondendo e utilizando o Animus 2.0 dos Assassinos para procurar em sua memória genética por pistas que o levassem à uma forma de impedir o fim do mundo. Isso nos levou a Assassin's Creed III. Jogo tecnicamente excelente que carecia de um ponto primordial: Um protagonista ancestral com o carisma de Ezio ou Altaïr.
O mestiço de inglês e nativo-americano Ratonhnhaké:ton, também chamado de Connor, era um herói bem coxinha, e sem graça, e sua aventura acabava sendo mais pano de fundo do que atração principal, afinal, intercalado com sua luta contra os templários durante a revolução americana, havia a linha narrativa de Desmond, finalmente conseguindo algumas respostas, e tendo direito até mesmo a missões bastante físicas, como a busca por células energéticas em Nova York e no Brasil e uma missão de resgate em Roma, em uma série de eventos que culminava com seu sucesso na tarefa de impedir a devastação da Terra graças à tecnologia dos "Que Vieram Antes", a raça de super-seres precursores da humanidade, e ao sacrifício de sua própria vida.
Com essa resolução para a linha narrativa de Desmond, ficava até estranho pensar em um quarto Assassin's Creed, mas ele veio.
Lançado em novembro do ano passado, Black Flag é um prequel da aventura de Ratonhnhaké:ton "Connor" Kenway.
Ela mostra as aventuras de Edward Kenway, avô de Connor, um famigerado pirata que atuou no Caribe durante os anos de ouro da pirataria, em 1715.
Edward, ao contrário de Altaïr, Ezio e Connor, não é um Assassino ordenado e juramentado, tampouco um templário como Haytham Kenway.
Um mero pirata interessado unicamente em lucrar dinheiro suficiente para retornar à sua esposa na Inglaterra, Edward se vê em meio a uma conspiração de templários procurando por um local chamado O Observatório. Uma localização da civilização precursora de onde, teoricamente, poderiam monitorar toda a humanidade.
Pego ao acaso em meio à guerra entre as ordens após matar um Assassino traidor, Edward torna-se o fiel da balança numa batalha que pode decidir os rumos da humanidade.
O game, dessa vez não contém a linha narrativa de Desmond. A vida de Edward é experimentada por um personagem sem nome ou rosto que vasculha as memórias genéticas de amostras extraídas do corpo de Desmond após sua morte no game anterior com o pretexto de tornar a tecnologia Animus um videogame. Os eventos fora do Animus dão-se em um prédio da Abstergo entertainement (o logo da empresa inclusive aparece no início do jogo, logo após o da Ubisoft, parceira da Abstergo em Québec) onde ele recebe instruções de sua nova chefe.
O game é ótimo.
A mistura de ação e aventura, os elementos de stealth e a exploração marítima, com a abordagem de navios e as batalhas navais (baseadas no mini-game do Áquila, de AC III, o ponto alto do game) funciona que é uma beleza. Os combates são bons e fluidos, as acrobacias e elementos de parkour seguem ótimos e as atividades de caça foram mantidas e ganharam importância.
O grande problema é que Assassin's Creed IV - Black Flag segue boa parte do caminho tendo muito pouco de Assassin's Creed.
Edward é um protagonista razoável no máximo por boa parte do game. Melhor que Connor, mas nada comparado a Altaïr ou Ezio, sua aventura se sustenta sozinha e prende a atenção, embora a linha narrativa empalideça ante a grandiosidade de possibilidades do mundo aberto de exploração naval do game (As vezes quase excessivo. É de enlouquecer ter que procurar em todas as ilhas, de todas as seções separadas do mapa do mundo do game, peça por peça dos objetivos secundários necessários para completar em sua totalidade os objetivos do game).
Fosse unicamente um jogo de piratas sem as raízes de Assassin's Creed, e Black Flag teria sido facilmente um dos melhores games já realizados para as duas últimas gerações de consoles.
Com jogabilidade intuitiva, gráficos excelentes, boas dublagens e possibilidades quase infinitas de diversão, Assassin's Creed IV - Black Flag só decepciona pelo título e, por à certa altura da sua aventura bucaneira, se forçar a voltar à velha rixa templários x Assassinos de uma forma que acaba quase forçada, considerando o andamento do jogo e as motivações do protagonista até ali.
"-Em um mundo sem ouro, nós poderíamos ter sido heróis."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário