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segunda-feira, 20 de novembro de 2017
Resenha Série: O Justiceiro, Temporada 1, Episódio 3: Kandahar
A série solo do Justiceiro na Netflix já havia mostrado sua força nos seus dois primeiros episódios, este terceiro, porém, Kandahar, é um pontapé no gogó em termos tanto de desenvolvimento de personagens, quanto de ação, deixando claro o tipo de história que o showrunner Steve Lightfoot quer contar.
No final do capítulo anterior havíamos visto que o encontro cara a cara de David Lieberman, o Micro, e Frank Castle, o Justiceiro, não fora dos mais amistosos, e as coisas seguem nem um pouco amigáveis entre os dois.
Boa parte da primeira parte do capítulo se desenrola com David amarrado à uma cadeira enquanto Frank o espanca e ameaça durante um interrogatório, isso leva a uma série de flashbacks mostrando como o ex-analista da Agência de Segurança Nacional norte-americana deu uma de John Snowden após encontrar um arquivo terrivelmente comprometedor durante seus afazeres, e se viu do lado errado da história, sendo obrigado a fingir a própria morte para poder se manter vivo e deixar sua família em segurança.
Também relembramos o passado de Castle durante a intervenção dos EUA no Afeganistão.
O ex-fuzileiro relembra a série de eventos que levaram até a morte do policial Ahmad Zubair (Shezi Sardar), incluindo a operação narrada por Schoonover (Clancy Brown) durante o julgamento do Justiceiro em Demolidor, uma sequência de ação brutal, sangrenta e visceral.
Os flashbacks de Frank também servem para mostrar a amizade dele com Billy Russo, o que poderá tornar particularmente doloroso se esse personagem cumprir seu destino.
Veja, no quadrinhos, Russo era um assassino da máfia que, desfigurado adota o codinome do vilão Retalho, que apesar de ter surgido como oponente do Homem-Aranha, se tornou o arqui-inimigo do Justiceiro ao longo dos anos (mais ou menos como o Dentes de Sabre, que apareceu como inimigo do Luke Cage, a apenas depois virou o arqui-inimigo do Wolverine).
Se o personagem vivido por Ben Barnes se transformar em Retalho em algum ponto da série, será mais doloroso para Frank já que eles têm um passado em comum e, mais do que isso, eram melhores amigos, praticamente irmãos.
Aliás, Russo, agora o dono da Anvil, parece um bom sujeito. Ele ajuda Curtis a manter o grupo de apoio a ex-soldados, visita o túmulo de Frank, e se pergunta porque o seu amigo se tornou o Justiceiro ao invés de ir até ele, será interessante descobrir em qual momento de seu passado ele se transformou em um vilão.
Através dos flashbacks nós também descobrimos que Frank está mais ligado à morte de Zubair do que se poderia imaginar, e começamos a entender que, se a morte de Maria e as crianças foi o que tornou Castle o Justiceiro, esse não foi um processo súbito.
Frank vinha perdendo porções de sua alma a cada nova missão no oriente médio, e muito provavelmente o massacre de sua família foi apenas a gota d'água.
Todo esse transtorno de stress pós-traumático também está presente no arco paralelo do ex-soldado Lewis Walcott (Daniel Webber), um dos membros do grupo de apoio de Hoyle. Lewis não é um personagem egresso dos quadrinhos, mas a forma como ele começa a aparecer daqui por diante nos faz imaginar que ele terá um papel mais importante a desempenhar na série no futuro. Seu arco é certamente dramático e interessante, muito mais do que o dos agentes especiais Madani e Stein, por exemplo.
Apesar de Amber Rose Revah ter mostrado que é boa atriz e que sua personagem poderia ser interessante durante um breve momento no segundo capítulo, quando suas participações se resumem a ficar atrás da escrivaninha conversando com Stein, ou trovando com sua mãe (Shoreh Agdashloo) em casa, a personagem volta a ser um dos pontos mais fracos da série, aquela parte que a gente usa pra ir fazer um refil no refrigerante.
Apesar da utilização duvidosa de alguns núcleos, no entanto, a série segue forte.
Frank Castle é um personagem dinâmico e humano, e é difícil não querer saber pra onde ele vai em seguida. A adição de Micro ao núcleo pessoal do anti-herói torna as coisas consideravelmente mais interessantes, e a forma honesta e profunda de a série abordar os problemas de seus protagonistas oferecem uma relevância inaudita ao programa que alcança um tremendo pico em seu terceiro episódio.
"-Essa é a Operação Cérberus. E vocês são meus cães de guerra."
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