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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Resenha Série: O Justiceiro, Temporada 1, Episódio 10: Virtue of the Vicious


Virtue of the Vicious, décimo capítulo de O Justiceiro, usou um artifício interessante ao mostrar os mesmos eventos através de diversas perspectivas conforme saltava pra frente e pra trás no tempo.
Por um lado, eu sou um grande fã desse tipo de artifício narrativo, mas por outro, as idas e vindas no tempo acabaram tirando um pouco do foco de capítulo, que deveria ser o desfecho do arco de Lewis Wilson, que foi de jovem traumatizado após o serviço militar a terrorista assassino nos últimos capítulos.
O episódio está centrado nas tentativas do sargento Mahoney (Royce Johnson) de remontar o quebra-cabeças de destruição e morte após uma tentativa de assassinato contra o senador Stan Ori por parte de Lewis e, ao que tudo indica, Frank Castle.
Ao longo de 49 minutos nós acompanhamos as versões de Billy Russo, do senador Ori, de Dinah Madani e de Karen Page sobre o que aconteceu naquele hotel durante o atentado, recebendo mais fragmentos de informação a cada novo depoimento.
O resultado é irregular. Se por um lado faz maravilhas pela ação, com algumas das melhores sequências da série, por outro, a narrativa novamente tem sua dinâmica prejudicada pelo vai e vem da história, e, outra vez, o debate vazio sobre controle de armas (inclusive com o senador escamoso que defende as restrições revelando-se ainda mais covarde do que inicialmente mostrado) interrompe o andamento da trama com nenhum efeito.
Da mesma forma, a linha narrativa paralela de Lewis se encerra de uma maneira algo abrupta. Havíamos passado tanto tempo com esse personagem, vendo suas dificuldades para se reintegrar à vida civil, havíamos conhecido seu pai e visto sua relação com Curtis se deteriorar até o ponto sem volta de Front Toward Enemy, que eu francamente achei que ele teria uma função maior na trama.
Confesso que quando o vi enchendo uma lata de pregos dentro de uma panela de pressão, supus que ele seria responsável pela transformação de Billy Russo em Retalho, algo que não aconteceu.
De qualquer forma, Lewsis não apenas não teve papel fundamental em nenhum grande evento do plot dessa primeira temporada (ao menos até esse décimo capítulo, que parece a despedida do personagem da série), mas também não vimos como a sua transformação em terrorista afetou seu pai, se Curtis ainda seria capaz de sentir compaixão por ele e tentar salvá-lo, e nem nada do tipo. Com alguma sorte esses núcleos podem ser revisitados de maneira a oferecer um pouco mais de encerramento a esse personagem que acabou se destacando tanto por seu tempo em cena, quanto pelo ótimo trabalho de Daniel Webber.
A Karen Page de Deborah Ann Woll que havia parecido deslocada na trama desde sua segunda aparição, quase como que forçando a relação de O Justiceiro com o resto do universo Marvel da Netflix, finalmente voltou a ter função.
A cena onde ela e Frank se despedem no elevador é excelente, e reforça a importância da personagem para o protagonista. À essa altura, Karen é uma das únicas pessoas a quem Castle pode se referir como uma amiga. Explorar o lado mais humano de Frank vem sendo uma das melhores sacadas com o personagem desde seu arco em Demolidor, então foi bem ver isso aflorar naquela sequência. O olhar de Frank, todo esgualepado, quando Karen o abraça, é tocante, lhe oferece a humanidade que o restante do episódio, muito mais focado na forma como cada pessoa que oferece seu testemunho o vê, lhe sonegou.
Falando nas visões que os personagens têm uns dos outros, Madani pode ter tido uma revelação para fazê-la repensar suas alianças. Talvez agora, com o luto por Stein devidamente cumprido e novas informações em seu poder, ela possa deixar de ser o ponto mais fraco da série e assumir um lugar de destaque mais proativo na trama. Um vislumbre disso já foi dado na cena da escada, uma ótima sequência que poderia ter sido muito mais tensa sem a narrativa fragmentada.
Apesar de algumas más decisões narrativas, o capítulo foi sólido, e ter um episódio como esse sendo um dos piores da série é testemunho da força de O Justiceiro.
Faltando três episódios para o final, algumas das histórias paralelas se encerram dando espaço para que a trama principal receba a merecida atenção.

"Lembre-se que é ruína fugir de uma luta, então aguarde ordem aberta, deite-se e espere apoio como um soldado. Espere, espere, espere como um soldado."

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