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quinta-feira, 23 de novembro de 2017
Resenha Série: O Justiceiro, Temporada 1, Episódio 8: Cold Steel
No episódio anterior de O Justiceiro, Paul Schulze escapou de um destino que vinha sendo padrão nas séries Marvel/Netflix: Ser o vilão que morre no capítulo sete.
William Rowlins se safou de levar uma bala na testa graças aos vidros balísticos da mansão onde se esconde.
Após a tentativa fracassada de assassinar o Agente Laranja, Frank e Micro conseguem ligar um nome ao corrupto agente da CIA, agora eles precisam descobrir o que fazer com isso. De um lado, Frank quer se manter no plano de matar Rowlins, por outro, David começa a imaginar se não seria melhor se eles entregassem tudo o que sabem, incluindo o testemunho de Castle.
Madani e Stein, por sua vez, planejam usar a escuta no escritório da agente em seu favor. O plano é usar o nome de Castle para lançar desinteligência em quem quer que esteja ouvindo, desentocar os conspiradores e capturá-los, um plano que não sai nem um pouco como a dupla de agentes esperava por conta do envolvimento de Billy Russo.
O personagem de Ben Barnes começa esse episódio nos dando vislumbres de seu passado. O desenvolvimento de Russo não precisou de flashbacks para nos mostrar como ele se tornou quem é. Bastaram as interações de Billy com sua mãe, no hospital, e com Dinah, no quarto que o casal compartilha, para que a audiência entendesse que não houve um momento onde ele se voltou para o lado sombrio, mas que cada desgraça de sua vida moldou sua personalidade até aquele ponto, onde ser um homem bem-sucedido era tudo o que importava pra ele.
Um ponto interessante é que Billy continua se considerando o herói de sua própria história. Ele ainda se vê como amigo de Frank, ele se preocupa com Madani, e ele é um patriota que acredita ter nascido no maior país do mundo.
Após ter crescido em orfanatos e ter sofrido diversos abusos na infância, as noções de certo e errado de Billy se tornaram cinzentas, e ele faz o que for necessário para chegar onde imagina ser seu lugar. Palmas para Barnes, que consegue interpretar esse personagem de maneira a torná-lo o grande vilão da série, mas o faz de modo a não torná-lo um monstro, e com isso se junta a Jon Berthal e Ebon Moss-Bachrach como molas propulsoras da série.
A amizade dos personagens de Berthal e Bachrach, por sinal, poderia ter sido abalada conforme Sarah começa a ver Frank como um interesse romântico, por sorte os escritores do seriado, apesar de estarem acenando com um triângulo amoroso já há alguns episódios, têm conseguido evitar que as coisas descambem nesse sentido, ainda assim é fácil entender o lado de Sarah.
De repente um bom sujeito aparece, fazendo consertos, trazendo flores para uma mulher sozinha com dois filhos para criar... Falando em filhos, o jovem Zach Lieberman (Kobi Frumer) finalmente vai além de ser um aborrescente escroto, e mostra uma faceta de humanidade, o que dá a Frank a oportunidade de estender sua paternidade temporária por mais algum tempo brincando com o guri.
Todo esse segmento pode incomodar alguns espectadores mais afoitos, mas são essenciais para aprofundar os personagens e torná-los mais do que recortes em cena.
Se a série havia feito um ótimo trabalho mostrando sem pressa a psicologia de um veterano de guerra, com personagens como Lewis, Curtis, Billy e o próprio Frank, ao tentar mostrar a psicologia de um adolescente que perdeu o pai os escritores o fazem de maneira um pouco mais apressada mas ainda assim, interessante, em grande parte graças ao momento compartilhado por Zach e Frank, e o efeito que isso causa em David é outro ponto alto das atuações do episódio.
Em termos de ação, dessa vez as coisas ficaram nas mãos de Madani e Stein, mas o resultado não foi dos melhores para a dupla.
Talvez o resultado trágico da operação engendrada pela agente especial possa servir para fazer um pouco de sangue pulsar nas veias dela e finalmente colocá-la em maior sintonia com o Justiceiro e Micro.
Com oito episódios O Justiceiro mostra que segue com lenha pra queimar. Mesmo os segmentos menos interessantes da série, nominalmente Rowlins, Madani e Stein não chegam a incomodar graças à dinâmica do roteiro.
A transformação de Billy, de amigo e aliado a principal antagonista foi bem trabalhada, e não soou forçada, e o desenvolvimento dele se tornou tão interessante de assistir quanto a relação entre Frank e David, o que é uma tremenda sacada, já que foi um dos fatores que tornaram Demolidor uma série tão memorável.
"-Não há ninguém nesse mundo que eu me preocupe em antagonizar... Está claro?"
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