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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Resenha Série: O Justiceiro, Temporada 1, Episódio 13: Memento Mori


O final de temporada de O Justiceiro chegou com o confronto que todos estavam esperando. Após cuidar de Rawlins, era hora de Frank Castle acertar as contas com o amigo que o traiu, Billy Russo, e fechar a conta de sua vingança de maneira definitiva, mas antes, Frank precisava de cuidados médicos.
A surra que Rawlins aplicou em Castle no capítulo anterior não foi pouca coisa, e sem a ajuda de Micro, de Madani, e do pai dela, o cirurgião Hamid Madani (Houshang Touzie) Castle talvez não tenha gás para dar o próximo passo. Enquanto Castle luta por sua vida, Billy Russo se prepara para fugir de Nova York após o fim de sua operação com a CIA. Ele, porém, não quer deixar pontas soltas, não conhecendo Frank, e ele parte em busca de uma apólice de seguro para o confronto derradeiro que se desenha em seu horizonte.
O desfecho do primeiro ano de O Justiceiro chegou com rotação menos acelerada do que o episódio anterior, mas ainda comparável aos melhores momentos da temporada. Memento Mori é um ótimo capítulo, com as reverberações dos acontecimentos da série se sobressaindo frente à ação.
Claro, há boas cenas de ação no episódio, óbvio, mas elas empalidecem na comparação com ao menos dois grandes momentos do season finale, o primeiro deles, sem dúvida, o flashback mostrando a família Castle indo ao parque junto com o "tio Bill".
A cena que antecede o último encontro entre Frank e Billy é perfeita para ilustrar o tamanho da animosidade entre os dois, do rancor de Frank sente por ter sido traído por alguém que era parte de sua família, e do longo percurso que Russo trilhou para se tornar o homem que aguarda Frank no carrossel para um duelo.
Billy não se tornou um vilão do dia pra noite, mas foi lentamente deixando que suas ambições e traumas o transformassem em um sujeito amoral e egoísta, incapaz de ver além do próprio umbigo. As interações entre Bernthal e Barnes estão entre as melhores coisas dessa primeira temporada de Justiceiro, com sorte veremos mais disso na segunda temporada.
O outro momento é a forma como Frank escolhe lidar com a situação após seu desfecho.
Se Frank tivesse simplesmente recomeçado sua vida, a série estaria sendo desonesta com seu desenrolar. Frank não demonstra culpa, mas há tristeza e pesar genuínos nele quando ele pesa a sua vingança.
Se o Justiceiro dos quadrinhos é uma máquina de guerra irresistível em sua luta para levar terror e morte aos criminosos, o Justiceiro trazido à vida na série é uma pessoa de carne e osso com sentimentos e remorso verdadeiros, que fez o que julgou necessário e terá que conviver com essa decisão nos dias vindouros, esse retrato se despede de nós de maneira vívida graças à interpretação de Jon Berthal, que mantém a excelência de seu trabalho em cada cena.
Da mesma forma, Ebon Moss-Bachrach mostrou uma química insuspeita com Bernthal, e em diversas ocasiões a amizade entre Frank e David foi o coração de O Justiceiro. Micro apareceu pouco nesse capítulo final já que seu arco na série estava concluído após ele recuperar sua família e sua vida, mas eu francamente espero que voltemos a vê-lo.
Se a série sobre Frank Castle ficou devendo em algum ponto, foi no núcleo da Segurança Nacional de Dinah Madani, que começou e terminou a série sem dizer a que veio, soando sempre como intrusos de uma outro programa aparecendo de penetra.
A primeira temporada de O Justiceiro estabelece a série como o o segundo melhor produto Marvel/Netflix quase em pé de igualdade com Demolidor. A mera coragem de tocar em assuntos delicados como transtorno de estresse pós-traumático, controle de armas e em humanizar um assassino em massa com uma caveira pintada no peito sem cair no ridículo merece aplausos mesmo que nem tudo funciona à perfeição.
Grande trabalho de elenco e equipe de produção equilibrando drama e ação com tremenda qualidade, e O Justiceiro finca o pé como uma das melhores adaptações de quadrinhos no mercado atua em qualquer mídia.
Bem vindo, Frank. Espero vê-lo de novo no ano que vem.

"-Sabe, enquanto eu estava na guerra, eu nunca pensei no que aconteceria depois. No que faria quando acabasse. Mas acho que é isso, sabe? Acho que pode ser a parte mais difícil. O silêncio. O silêncio quando o tiroteio acaba. É como... Como viver desse jeito? Acho... Acho que é o que vocês todos estão tentando descobrir. É o que vocês estão fazendo. Estão trabalhando nisso. Eu respeito isso. Eu só... Se vai olhar pra si mesmo. Olhar bem no espelho, tem que admitir quem é... Mas não só pra si mesmo... Tem de admitir a todos. Pela primeira vez que me lembro não tenho uma guerra pra lutar. E acho que, sendo sincero, eu só... Estou com medo."

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