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terça-feira, 26 de março de 2019
Resenha Série: Deuses Americanos: Temporada 2, episódio 3: Muninn
Deuses Americanos vinha claudicante nos dois primeiros episódios da nova temporada.
A série começou seu segundo ano se arrastando como Shadow após escapar do desastre de trem no começo desse terceiro capítulo. Manquitolando a esmo pela tela de nossos televisores enquanto nos perguntávamos se, eventualmente, a falta de Fuller e Green seria superada e a série conseguiria melhorar.
Muninn não supera a falta dos showrunners originais nem com toda a boa vontade de Valhalla, mas mostra que Deuses Americanos pode, sim melhorar muito mesmo na ausência dos dois, e, melhor ainda, a série não precisa de pirotecnia ou grandes invenções narrativas para melhorar, ela apenas dá um objetivo aos protagonistas e cerca essa busca principal com missões menores (ou "side quests" pra quem joga RPG) que fazem a trama andar com um ritmo decente ao invés de claudicar.
Conforme eu disse ali em cima, Shadow escapou do desastre de trem que encerrou o capítulo anterior, e recebe a missão de chegar a Cairo, Illinois, para se encontrar com os egípcios por seus próprios métodos.
É bacana, pra variar, voltar a ver Shadow mostrar um pouco de sua personalidade de antes da prisão, da traição/morte de Laura e de ser chupado pra dentro desse mundo de deuses e assombrações. A exemplo do que ocorrera em Git Gone na primeira temporada, vê-lo de sorriso aberto, carismático e falando macio como um autêntico golpista é muito, muito divertido, ainda que seja breve, já que seu encontro com Sam Blackcrow (Devery Jacobs), indígena de bissexual (ou não-binária, nem sei qual é o termo correto à essa altura...) com quem o protagonista pega uma carona até Cairo.
Outro ponto bacana do segmento de Shadow é a forma como ele está aberto à possibilidade de Sam ser algum tipo de divindade (Eu francamente achei que ela pudesse ser a forma humana de um dos corvos de Odin, tanto por seu sobrenome quanto pelo título do episódio) e imediatamente começa a perguntar nesse sentido.
Não é de se surpreender. Desde sua saída da penitenciária Shadow já viu coisas que o fizeram mudar sua forma de enxergar a realidade, e uma deusa-búfalo indígena dirigindo uma caminhonete imunda não seria, nem de longe, a coisa mais estranha que Shadow, torturado num vagão de trem por um associado dos Novos Deuses sendo salvo pela forma zumbificada de sua falecida esposa vira nas últimas horas...
Falando na falecida, Laura é recolhida e remendada por Sr. Quarta-Feira (com a ajuda do Sr. Íbis Demore Barnes) e Mad Sweeney, e convencida pelo chefe de seu viúvo a partir com ele em uma missão que pode ajudá-la a manter a integridade de sua carcaça por mais um tempo.
Eles irão, juntos, ao encontro de Argos (Christian Lloyd), o deus da visão, que após um pacto com os Novos Deuses se tornou o "padroeiro" dos drones, câmeras de vigilância e sistemas de monitoramento.
Sr. Quarta-Feira planeja punir Argos por seu jogo duplo, e para isso, resolve usar as habilidades de Laura.
Há que se exaltar Emily Browning. Até o momento, qualquer parceria que a inclua se torna instantaneamente a melhor da série.
Se ela e Mad Sweeney vinham carregando a série nos dois capítulos anteriores, em Muninn é a viagem e os constantes diálogos dela com Quarta-Feira que são o ponto alto do capítulo.
É especialmente divertido porque Laura tem os dois pés atrás com o velho deus, e em momento algum parece disposta a abrir a guarda para a fala mansa e as declarações enigmáticas de seu interlocutor, a necessidade dela em conseguir algumas respostas diretas meio que espelha as da audiência, e mesmo que ela não necessariamente as consiga, o duelo de vontades entre ela e Quarta-Feira é muito divertido, e, provavelmente, uma das razões para o velho deus querer vê-la bem longe.
Ainda há a ida de Salim e do Jinn em busca da lança de Odin, em posse de Iktomi (Julian Richings), deus-aranha do povo Dakota, que gerencia uma casa de strip-tease e trafica maconha, as hilárias desventuras de Sweeney quando apartado de sua moeda da sorte, e o lado dos Novos Deuses na contenda, com Sr. Mundo enviando Technical Boy e a Nova Mídia (Kahyun Kim) para fazer uma visita a Argos ao mesmo tempo em que Quarta-Feira.
Aqui cabe um parêntese de que a unidade dos Novos Deuses não parece muito sólida.
Technical Boy parece ter uma agenda própria, independente de Mundo.
Se é bacana ver que Tech Boy pode ser mais do que um chofer para Mundo. Com a saída de Gillian Anderson da série, Mídia perdeu todo o seu encanto, e, também, a posição de superior do personagem de Bruce Langley que obviamente não nutre pela Nova Versão o respeito frágil que tinha pela original, o que pode mexer na dinâmica dos antagonistas.
Seja como for, Muninn deu uma mostra de como Deuses Americanos pode encontrar seu caminho nessa versão pós-Fuller/Green, resta torcer para que a série mantenha essa toada, ou idealmente melhore, nos cinco capítulos vindouros.
"A vantagem do amor à primeira vista é que ele dispensa uma segunda olhada."
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