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segunda-feira, 15 de abril de 2019

(Outro) Dia da Vitória


Era um sábado de tarde.
Havíamos almoçado após o cumprimento de nosso ritual de sempre.
Eu chegar do trabalho, te beijar e conversar um pouco contigo antes de tomar um banho rápido (pros meus padrões de quem toma banho de noiva).
Depois do almoço era teu dia de lavar a louça, e eu fui até a sala e sentei no sofá para baixar uns textos no computador.
Tu chegou na sala após alguns minutos e me disse que a pia da cozinha estava vazando.
Eu te perguntei "vazando como, meu anjo?" e tu me disse que estava saindo água por baixo. "Hmmm", eu respondi, largando o computador e levantando do sofá enquanto ia contigo até a cozinha.
A portinhola sob a pia estava bem fechada. Não era um compartimento que usássemos em casa. Nenhum de nós gosta da ideia de ter nada em que precisemos mexer com frequência tão perto da caixa de gordura.
Tu mesma disse "Água fedida".
Não quereríamos ter nem produtos de limpeza ali, imagine então, panelas? Nem pensar. Aquele compartimento era unica e exclusivamente para abrigar o cano que levava a água da pia ao sistema de esgoto.
Eu cheguei à cozinha e vi a pequena poça diante da pia. A porta, emperrada, demandava um pouco de força para ser aberta. Um tapa forte em um dos cantos, fazendo o outro se projetar de modo a haver base para puxá-la para fora.
Eu sentei no chão diante da estrutura demasiado baixa para que eu apenas me agachasse, e virei o pescoço com dificuldade para ver o problema.
Abri a torneira e esperei para ver de onde tinha a água. Uma rachadura no cano.
"Não é nada de grave, morena. Eu resolvo." Eu te disse.
Me levantei e andei até a área de serviço apanhando minha caixa de ferramentas. A abri e tirei uma caixa de massa epoxi, comentando que costumava usar aquilo pra customizar figuras de ação. Misturei uma pequena porção da massa branca com a cinza e quando ficou uniforme, apliquei no cano. Esperei um minuto mais ou menos contado no relógio do microondas e te pedi "Liga a torneira aqui, meu amor?", o que, quando tu fez, te posicionando bem diante de mim, aproveitei o ensejo e, sentado no chão, beijei tua coxa, bem na altura dos meus lábios.
O reparo funcionou, eu te informei. "É temporário, mas vai servir até eu comprar um pedaço de cano ou uma mangueira pra colocar no lugar." te disse enquanto me levantava colocando a caixa de ferramentas de volta na área de e voltando pra lavar as mãos, o que fiz com bastante cuidado.
Ao terminar sequei as mãos em um pano limpo sobre a pia e me dirigi a ti como se fosse te dar um beijinho.
Ao invés disso, me inclinei passando um dos braços por trás dos teus joelhos enquanto, com o outro, amparei tuas costas te inclinando pra trás e te beijando tal qual o beijo do dia da vitória de Alfred Eisenstaedt, exceto que aproveitei o movimento para tirar tuas pernas do chão e te erguer no colo. Te levei pra sala nos meus braços, ainda te beijando enquanto sentava de volta onde estava no sofá da sala.
"Eu termino de consertar durante a semana, tá?".
Tu concordou com um sorriso. Eu continuei te beijando, agora deitada no meu colo, e eventualmente a vontade de tirar a tua roupa foi demais, e eu o fiz sentindo teu cheiro no meu nariz e o gosto dos teus lábios nos meus, e depois o gosto do teu corpo todo na minha boca. Nós ficamos deitados despidos no sofá por algum tempo, depois, até tu te levantar dizendo que ia até a cozinha e me perguntar se eu queria alguma coisa. Eu sorri sem dizer nada enquanto te via saltar na ponta dos pés pra fora da sala. Quando tu saiu do meu campo de visão eu pensei:
"Eu quero isso... Pro resto da vida..."


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