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terça-feira, 2 de abril de 2019

Resenha Série: Deuses Americanos: Temporada 2, episódio 4: The Greatest Story Ever Told


Bem, isso foi tremendamente decepcionante...
Após Muninn ser, de longe, o melhor episódio de Deuses Americanos na temporada, The Greatest Story Ever Told foi um repositório de todos os problemas que a série vem sofrendo em seu segundo ano.
Shadow é convocado para levar Quarta-Feira à uma reunião secreta em Saint Louis, todo esse segmento é, sem sombra de dúvida, o mais fraco de um episódio problemático. Shadow tenta arrancar algumas respostas de Quarta-Feira mas, como sempre, tudo o que recebe são enigmas e histórias.
Por mais que seja bacana a alegoria de como o dinheiro se tornou o grande deus do mundo após o primeiro embate por uma moeda, e que haja um ator de calibre interpretando Sr. Dinheiro (o veterano William Sanderson, creditado como O Guarda-Livros), ver mais um confronto verbal entre Mundo e Quarta-Feira tentando recrutar uma divindade para sua causa não é particularmente interessante à essa altura, especialmente quando isso já havia sido feito antes, e melhor. Ou alguém esqueceu como o episódio com Vulcan foi divertido?
Nem mesmo a cena de sexo entre Shadow e Bast (uma estonteante Sana Asad, exalando com sucesso uma sensualidade felina) traz algum tesão ao episódio já que, em se tratando de cenas de sexo, a ausência de Fuller e Green parece ter castrado o programa além de qualquer reparo.
O núcleo em Cairo, formado por Sr. Nancy, Bilquis e Sr. Ibis têm sua própria reunião, e ainda que seja mais um festival de falatório que não ajuda a trama a andar, ao menos tem um subtexto interessante a respeito da figura e do tratamento dispensado ao negro nos Estados Unidos, novamente, não é, nem de longe, tão poderoso quanto a primeira aparição de Anansi no porão do navio negreiro na primeira temporada, mas dá a Orlando Jones uma nova oportunidade de inflamar-se em um discurso racial válido, enquanto Sr. Ibis pode manter a calma e a frieza de quem nunca se considerou africano, conforme ele mesmo fala ao começo do episódio em uma rápida conversa com Shadow, e Bilquis... Bem, Bilquis continua sendo elusiva além do que é recomendável para um coadjuvante, mas ao menos parece conseguir uma fiel na forma da enlutada Ruby (Mouna Traore).
Do lado dos novos deuses, Tecnical Boy é enviado por Sr. Mundo em uma missão de suma importância para a guerra que se avizinha após falhar em cooptar Argos no capítulo anterior, e, após "demonstrar a própria obsolência", se vê do lado errado de uma querela com o patrão.
Talvez a parte mais interessante desse episódio tenha sido o CEO (Andrew Koji, André Dae Kim e William Sun, me levando a pensar se o mesmo personagem foi interpretado em diferentes fases da vida por atores de herança japonesa, coreana e chinesa ao longo do episódio...), que acompanhamos desde a infância em 1977, quando ele só queria saber de jogar Pong até ser interrompido por seu pai (Chil Kong) que desejava que ele aprendesse a amar música clássica, particularmente Bach. Nós acompanhamos o crescimento do personagem em um flashback que lembrou as saudosas vinhetas "Chegando à América" da primeira temporada, conforme ele crescia para se tornar um arauto do Technical Boy capaz de escrever programas de computador que podiam compor sinfonias.
A maneira como o personagem se desfaz daquele que fora seu único amigo e fonte de conforto ao longo da vida é uma amostra interessante da força e, ao mesmo tempo, da fraqueza dos novos deuses...
A questão é que o segmento com o CEO é muito curto para carregar um episódio de pouco menos de uma hora (contando o desnecessário resumo do capítulo anterior) nas costas, e The Greatest Story Ever Told tornou flagrante algo que já havia sido demonstrado de maneira mais discreta em Muninn: A importância que Mad Sweeney e especialmente Laura ganharam nessa nova temporada.
Eles se tornaram a melhor coisa em Deuses Americanos à revelia de quão ameaçador Sr. Mundo pode ser, e de quão charmoso Sr. Quarta-Feira é como fachada para seus rompantes de fúria divina e de o quanto nós somos capazes de nos importar com Shadow Moon...
Um episódio sem Laura e Sweeney, é um episódio incompleto, e em meio ao panteão de talentos e divindades à disposição, esse é um sinal de que algo está muito errado nos bastidores desse programa.

"-Ele não estava contente. Ele era um rebelde. Um encrenqueiro. Dizem que morreu por seus pecados, mas não é verdade. Ele morreu por ter enraivecido os homens no poder. Se recusou a ser intimidado. Controlado. E agora veja o poder que ele possui. A adoração que ele comanda. Ele sabia de algo."

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