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quarta-feira, 17 de abril de 2019
Resenha Série: Deuses Americanos: Temporada 2, episódio 6: Donar the Great
Eu confesso que quando Donar the Great começou, com um número de burlesco protagonizado por Sr. Quarta-Feira e dez mulheres, mas apenas nove vestidas, eu achei que a sequência de episódios bom-ruim-bom-ruim fosse ser mantida após o bom The Ways of the Dead.
A quantidade de filler ao longos dos cinco primeiros episódios da segunda temporada foi tamanha que qualquer episódio que apresentasse um mínimo avanço na trama ou desenvolvimento de personagem já seria considerado um avanço, mas Donar the Great foi além do mínimo, e ofereceu desenvolvimento a um dos personagens centrais da série:
O Pai de Todos em pessoa.
O passado de Sr. Quarta-Feira como o líder de um teatro de burlesco da década de 1930 chamado Al Grimnir (uma referência a Al Swearengen proprietário do Gem Theatre interpretado por McShane na série Deadwood).
Al tinha um número formado por deuses como Donar (Derek Theler), o filho de Grimnir, Thor, e Columbia (Laura Bell Bundy), a personificação da América, que se alimentavam das migalhas de adoração dos frequentadores do teatro e sobreviviam à custa do espetáculo.
Nós ainda não havíamos tido nenhum grande insight da pessoa por trás dos maneirismos e trejeitos de Quarta-Feira. O personagem é um golpista escamoso e divertido com uma lábia inevitável que fala muito e rápido e, como ele próprio diz ao se apresentar no piloto da série, cedo ou tarde, sempre consegue o que quer, não importa quão intrincados sejam as tramoias que ele precisa engendrar para chegar a seus objetivos.
Desde que começamos a acompanhar o personagem quatorze episódios atrás, já o vimos enganar a lei, homens e deuses, mas em Donar the Great nós descobrimos como as armações do personagem nem sempre dão certo, e o quanto já lhe custaram conforme acompanhamos ele jogar com os destinos de seu filho e de sua nora em potencial em nome do próprio ganho.
Ele empurra Donar para ser o rosto de um grupo simpatizante do nazismo em competições de força, e empurra Columbia para os braços de Technical Boy para ser a garota-propaganda do esforço de guerra que será em breve necessário.
A jogada de Grimnir é se livrar de Columbia, que deseja se afastar de suas maquinações e estratagemas partindo para a Califórnia com Donar.
O desfecho da interferência de Grimnir nos destinos de Columbia e Donar é, como podemos imaginar, trágico para todos os envolvidos, e apesar de vermos toda a tristeza que o caso causou a Quarta-Feira, ele segue sendo o mesmo calhorda manipulador de então, basta ver que o que ele fez a Donar e Columbia oitenta anos atrás é basicamente a mesma coisa que ele está fazendo nesse momento a Shadow e Laura.
Se à época sua ideia era pegar carona na popularidade de Donar para voltar à ribalta com todo o panteão, dessa vez ele resolve guerrear em nome do status perdido, e para isso usa descaradamente as habilidades de Shadow para conseguir acesso a um item de grande poder:
Uma jaqueta de couro usada por Lou Reed, o item mais magnífico à disposição em um caidaço shopping center do meio-oeste americano onde está o santuário de Sindri (Clark Middleton) e Dvallin (Jeremy Raymond), os artífices capazes de gerar as runas de guerra de que Quarta-Feira precisa para reforjar sua lança.
Obviamente o charmoso deus antigo não pretende pagar pela relíquia, mas planeja um conto-do-vigário à moda antiga para chegar a seu objetivo junto com Shadow.
A sequência onde os dois aplicam seu golpe, por sinal, é muito boa, como, por sinal, tendem a ser todas as sequências onde vemos um pouco do velho Shadow e a excelente química que Ricky Whittle partilha com Ian McShane é revivida.
Claro, a atuação de Derek Theler está longe de ser excelente, a participação de Orlando Jones é irregular, com suas piadas fora de tom comparado com seu discurso a respeito do próprio passado, e as inserções de Sr. Mundo e da Nova Mídia (que toda a vez que aparece, por mais coxuda que Kahyun Kim seja, dá mais saudades de Gillian Anderson...) parecem fora de lugar, mas ainda assim, em meio a todo o estilo vazio de episódios anteriores, Donar the Great conseguiu ter substância e energia ao fazer total uso das habilidades de McShane, que carregaria o episódio inteiro sozinho com sua atuação (veja as cenas onde a dor da memória parece tirar momentaneamente o brilho sagaz de seus olhos e depositar o peso do mundo em seus ombros).
Novamente, esse bom episódio da série ainda está longe, muito longe de ser um retorno à excelência da primeira temporada, mas é outro passo na direção certa, e pela primeira vez, o segundo dado de forma consecutiva, vamos torcer para que os dois episódios que faltam para o fim da temporada mantenham, ou melhorem o ritmo.
"Minha lança... Você iniciou a primeira guerra. Nós vamos encerrar a última."
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