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terça-feira, 18 de fevereiro de 2020
Resenha Cinema: Sonic: O Filme
Não chega a ser surpreendente o sucesso que Sonic: O Filme está fazendo nas bilheterias pelo mundo, que inclusive tornaram o longa do ouriço velocista a maior arrecadação da história de um longa baseado em videogames em um final de semana.
Sonic é um surpreendente caso de filme certo na hora certa, e muito disso se deve a mero acaso.
Sonic estreou na semana passada tendo como principal concorrente o Aves de Rapina da Arlequina que ninguém parece muito interessado em assistir e filmes do Oscar que a maioria do público já viu. Não foi um movimento planejado. O longa estrelado pelo mascote da SEGA atrasou porque os efeitos visuais do filme, especificamente do porco-espinho titular, tiveram que ser refeitos após o público cair em cima da equipe de produção não uma, mas duas vezes, após as revelações parcial e total do design do bicho na internet.
Primeiro foram os músculos avantajados nas pernas da silhueta do Sonic, depois, ele todo.
A equipe de produção voltou ao planejamento, e um novo trailer foi lançado com um Sonic à imagem e semelhança da criatura dos videogames interagindo com o elenco humano do filme e, a exemplo do que ocorrera em Pokémon: Detetive Pikachu, não ficou tão esquisito quanto poderia-se supôr.
Aparentemente a audiência alvo do longa ficou satisfeita por ter sido ouvida, e sem nada mais pra ver no cinema, resolveu abraçar Sonic: O Filme, que está faturando alto pelo mundo ao contar a história do alienígena Sonic.
Uma criatura interplanetária com poderes que despertavam a cobiça de seus conterrâneos, Sonic foi enviado à Terra pela Coruja Garralonga com uma bolsa de anéis de ouro capazes de abrir portais a qualquer ponto do universo.
Garralonga disse a Sonic que se escondesse na Terra por um tempo, e então usasse os anéis para chegar ao planeta dos cogumelos, onde ele estaria solitário, mas seguro, e Sonic a obedeceu.
Mais ou menos.
Por dez anos o ouriço alienígena tem se mantido escondido na Terra, na pequena cidade de Green Hills, onde desenvolveu um senso platônico de comunidade, e uma relação familiar unilateral com o xerife Wachowski (James Marsden) e sua esposa Maddie (Tika Sumpter).
O alienígena se mantém escondido da população local aproveitando as migalhas da vida na Terra enquanto exercita sua supervelocidade e anseia por um fim à sua solidão.
Em uma noite praticamente amargurada, Sonic leva sua hiper velocidade a níveis extremamente elevados, e o resultado é um pulso eletromagnético que se espalha de Green Hills atraindo a atenção do governo dos EUA que designa o doutor Ivo Robotnik (Jim Carrey) para ir até a cidade e investigar o incidente.
Com a chegada de Robotnik e do exército dos EUA à cidade, Sonic percebe que é hora de fazer sua viagem até o planeta dos cogumelos, mas uma série de eventos fortuitos acaba o colocando na garagem de Tom, que acerta o ouriço com uma arma tranquilizante fazendo-o perder seus anéis. Eventualmente o xerife concorda em levar Sonic até São Francisco, onde os anéis do porco-espinho foram parar, mas para chegar à cidade, os dois terão que escapar da perseguição incessante de Robotnik e seu exército de robôs, enquanto formam uma verdadeira amizade.
Sonic: O Filme está longe de ser uma grande obra cinematográfica. Na verdade ele tem todos os ingredientes de um subproduto de uma mesa redonda de produtores desenvolvendo, não um filme, mas um veículo para vender brinquedos e jogos eletrônicos, o que é, de fato, o caso.
Ainda assim, o longa não chega a ser ofensivo como outros longas paridos em condições semelhantes por vezes são.
Sonic: O Filme não tem nenhuma intenção de ser mais do que uma hora e quarenta minutos de diversão inofensiva e descartável para um público infantil. E nisso, o longa sucede.
Ele é amigável, é inofensivo, é descartável, e, dependendo da idade do público, pode até ser divertido.
Muito do filme se apóia, surpreendentemente, não em Jim Carrey, mas em James Marsden, que faz um excelente trabalho interagindo com o porco-espinho digital ao longo do filme. Carrey faz a sua tradicional interpretação excessiva como o vilão Robotnik (uma versão menos bem sucedida de seu papel como Conde Olaff em Desventuras em Série) e até arranca umas risadas, enquanto o protagonista Sonic, dublado pelo comediante Ben Schwartz, é uma coleção de piadinhas, gags visuais, referências à cultura pop e revisitas às cenas com Mercúrio em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido e Apocalipse que não é tão irritante quanto o trailer sugeria. O roteiro de Patrick Casey e Josh Miller é tão raso quanto a premissa sugere, e a direção de Jeff Fowler não importa já que esse é um filme de estúdio desprovido de qualquer resquício de assinatura autoral.
Em suma, Sonic: O Filme não é pra todas as audiências, mas está longe de ser a bomba que o trailer anunciava. Se sua posição nas bilheterias surpreende, não deveria: Já vimos muito filme ruim faturar alto nos cinemas para um ouriço interestelar e um cientista robô ser motivo de ultraje.
"-Tenho que correr!"
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