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terça-feira, 4 de fevereiro de 2020
Resenha Série: Star Trek: Picard, Temporada 1, Episódio 2: Maps and Legends
É bom que o capitão Picard tenha passado tanto tempo no holodeck da Enterprise encenando história de detetive de Dixon Hill, porque em seu segundo episódio, Star Trek: Picard se aprofunda com vontade nos mistérios e conspirações que foram aventados no piloto. Jean-Luc segue investigando as circunstâncias da morte de Dahj, a "filha" de Sr. Data, que foi assassinada no capítulo passado, que, aliás, terminou com a irmã gêmea de Dahj, Dra. Soji Asha (ambas interpretadas por Isa Briones), que, no momento, está trabalhando em um Cubo Borg à deriva e se envolvendo com o Romulano emo Narek (Harry Treadaway), mas não é assim que Maps and Legends começa.
Não, o capítulo se inicia com um flashback mostrando o dia em que a tragédia se abateu sobre o estaleiro da Frota Estelar em Marte, quando, quatorze anos antes dos eventos da série, um grupo de sintéticos atacou o planeta. Isso nos é mostrado a partir do ponto de vista de um grupo de trabalhadores do estaleiro que, é surpreendido pelo androide, digo, "sintético" do grupo, F8, um exemplar muito menos avançado do que Data e que obviamente não goza de muito apreço de seus colegas, entretanto não são as piadinhas de mau gosto que levam os androides a atacar Marte, aparentemente os sintéticos do planeta recebem uma espécie de download que desencadeia o ataque. A grande pergunta é, quem reprogramou os androides remotamente para cometer o hediondo ataque?
Outro enigma que paira sobre Star Trek - Picard é o que exatamente está rolando naquele cubo Borg? A instalação é coordenada por romulanos e foi desconectada da Coletividade (ainda bem), e as pessoas trabalhando em seu interior se referem à espaçonave como "o artefato", e a tratam como uma espécie de museu ou estação de pesquisa onde Soji está realizando o desmantelamento de Borgs. Aparentemente suas intenções não são maliciosas, ela inclusive tem uma breve altercação com uma colega que trata os Borgs desativados com escárnio, mas a presença dúbia de Narek e seu interesse na jovem, não são bons sinais para ela e sua pesquisa.
Enquanto isso, na Terra, Picard segue fazendo sua investigação, ou, na verdade, acompanhando Laris enquanto ela investiga pra ele. Acontece de a governanta do almirante reformado ser uma ex-Tal Shiar, a KGB dos Romulanos, capaz de fazer um tremendo CSI futurista cheio de jargão pseudo científico no apartamento da falecida Dahj. É graças a Laris que Jean-Luc descobre que a irmã gêmea de Dahj está fora da Terra e, possivelmente, na mira de uma organização chamada Zhat Vash, uma ancestral cabala Romulana que odeia sintéticos em qualquer escala.
De posse dessa informação, Picard vai ao quartel-general da Frota Estelar em São Francisco pedir para ser reintegrado ao serviço e receber uma pequena espaçonave com capacidade de dobra e uma tripulação mínima para investigar o caso, mas as coisas não saem como o esperado...
Essa, pra ser bem franco, é uma das melhores cenas desses dois primeiros capítulos. Repleta de acenos aos fãs da série e, ao mesmo tempo, estabelecendo que o tempo não esperou Jean-Luc, além de apresentar o lado da Federação na cisma de 14 anos mais cedo. Enquanto a entrevista de Picard no capítulo anterior pintou a Frota Estelar como o bandido da história, nós, agora, podemos ver que a situação era consideravelmente mais complicada.
Ainda assim, o episódio termina com mais uma revelação, mostrando que há algo de tremendamente grave acontecendo nos corredores do poder da Frota Estelar...
Star Trek: Picard não parece estar com pressa para aquecer seus motores de dobra antes da arrancada. Não seria um problema termos Jean-luc preso na Terra nesses primeiros episódios, é, na verdade, essencial para essa versão do personagem, nesse momento de sua vida, o problema é que enquanto Picard tenta descobrir o que há por trás de Dahj e Soji há muito falatório, muita exposição, e muito pouca ação mesmo para os padrões altamente diplomáticos da Nova Geração. Muito dessa sensação de falatório excessivo se deve à maneira como frequentemente fica claro que os personagens estão falando conosco, a audiência, e não uns com os outros na tentativa de situar fãs e espectadores casuais nos pormenores de uma trama que não para de empilhar mistérios um sobre o outro. Por sorte Patrick Stewart segue emprestando uma dignidade que não pode ser negada a Picard, e sua mera presença seria o suficiente para me fazer voltar na semana que vem e descobrir o que ele fará agora que não tem a Frota a seu lado.
"-Milhares de outras espécies dependem de nós para unidade, para coesão. Nós não tínhamos naves o suficiente. Nós tivemos que fazer escolhas, mas o grande capitão Picard não gostou de suas ordens.
-Eu estava me apresentando pela Federação pelo que ela representava. Pelo que ela deveria continuar representando."
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