Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
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quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Rapidinhas do Capita
Causo de Amor Campeiro:
Bastião, o peão, no caminho para seu trabalho duro no campo, passava todo dia em frente à casa de sua vizinha, Mirtes, uma viúva precoce de vinte e seis anos, muito bonita.
Como Bastião era um ser humano do gênero masculino em idade fértil, livre e desimpedido, interessou-se pela bela viúva, que morava só na casa herdada do falecido.
Bastião, enamorado que estava, tentava com todas as ferramentas de conquista a seu alcance cativar Mirtes. A cumprimentava polidamente, tentava conversar, se desmanchava em elogios, se oferecia para ajudar nas lides diárias, enfim, a cortejava de maneira gentil e constante.
Mirtes, porém, parecia imune à gentileza e aos galanteios de Bastião. Jamais lhe dava muita abertura, respondia suas perguntas unicamente com sim ou não, não devolvia o interesse que ele tinha por ela de forma alguma, nem sequer o olhava nos olhos quando conversavam, nem sequer, pasmem, tinha a polidez de convidá-lo para tomar um chimarrão quando ele passava em frente à sua casa no fim do dia e a saudava acenando com o chapéu.
Bastião, eventualmente acabou cansado da atitude de Mirtes.
Se não gostava dele, paciência, ele não podia fazer nada, ela não era obrigada a gostar, e inúmeras moças da região gostavam, ele não morreria solteiro exceto se fosse por opção, mas que, ao menos, Mirtes não fosse mal educada.
Cheio dos maus modos de Mirtes, Bastião resolveu devolver as grosserias da viúva em uma só.
Foi até a casa dela na manhã de um sábado e a viu sentada na soleira da porta, escolhendo feijão. Parou em frente à varanda e disse:
-Dia, dona Mirtes.
-Bastião... -Ela respondeu com pouco caso, ainda olhando pros feijões na bacia de plástico laranja.
-Dona Mirtes, hoje, das duas uma, ou tu me convidas pra tomar um mate ou dá pra mim. O que vai ser?
E Mirtes, ainda com o olhar perido nos feijões respondeu, contemplativa:
-... Bueno, acontece de eu tá sem erva em casa...
E viveram felizes para sempre.
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Amanheceu um dia esplendoroso de primavera, um dia lindo, de céu azul temperatura amena. Uma luz dourada entrou pela janela do quarto de Dora, a fazendo sair de sob seu edredon com ânimo renovado. Aquela manhã primaveril lá fora pedia uma atitude igualmente primaveril, e, por Deus, Dora não perderia a oportunidade de tomá-la.
Precisava disso.
Desde que sofrera uma decepção dolorida, mas não totalmente inesperada, após tentar engatar um romance com seu vizinho, uma criatura detestável que nem sequer merecia menção, Dora vinha se sentindo meio triste, meio deprê. Talvez o inverno houvesse contribuído, vai saber, mas isso era passado.
Agora Dora encararia aquela manhã ensolarada e florida com uma cara renovada. Vestiu-se com pressa, foi até o primeiro salão de beleza que encontrou e foi entrando. Cumprimentou a atendente e disse:
-Muda tudo!
Uma hora depois deixava o salão com um corte de cabelo totalmente novo, repicado, mais volumoso. Mas ela achou que não era suficiente, foi até uma dessas lojas de estética e comprou descolorante e tintura loiro Vanusa. Em casa, entregou-se à tarefa de mudar a cor de seu cabelo, o que fez com extremo sucesso. Sumiu a morena de cabelos negros escorridos, surgia uma loira primaveril, quase escandinava.
Era isso, aquela era a cara que ela queria. Mas maquiada.
Tomou banho e maquiou-se com esmero, colocou um vestido florido, sapatos de salto médio, perfumou-se e saiu para encarar o mundo.
No corredor cruzou com seu vizinho. Aquele, a criatura detestável, o vil biltre Viktor de SanMartin.
Ele a olhou com um meio sorriso, foi a acompanhando com os olhos, parecia hipnotizado pela figura dela.
"Sim!", pensou Dora, "era isso que eu queria, esse é o sabor doce da vingança, Viktor de SanMartin, você irá sonhar com essa loira pensando no que poderia ter sido...".
Ela andou lânguidamente, se aproximou de Viktor como se ele não existisse, quase flutuando. Quando passava a seu lado ele começou:
-Dora...
Ela quase salivou de antecipação, pensou "Diga, Viktor de SanMartin, seu calhorda, que pensou melhor e que gostaria de sair comigo de novo, diga, diga pra que eu possa humilhá-lo como o verme imundo que você é!", mas disse:
-Ah, sim, Viktor?
-Chutou o balde, hein? Que cabelinho sem vergonha. - Sorriu pro lado.
-...
-Nos vemos por aí. - Falou com uma piscadela de seus cílios intermináveis.
Se dora não tivesse que pagar as duas últimas prestações do DVD player novo e não estivesse louca pra ver o último filme do Harry Potter, ela teria se matado naquela hora.
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Tradução:
Ele disse:
-Oi, Fran, que bom te encontrar, tava pensando em ti, olha só, quer ir lá em casa ver minha coleção de livros do Gibran Khalil?
Mas na verdade, não importa o que ele quer mostrar na casa dele, ele quis dizer:
-Oi, Fran, ainda bem que eu encontrei uma representante do gênero feminino, tô numa seca danada, olha só, quer ir lá em casa e dar pra mim?
Ele disse:
-Filme pornô? Não... Acho sem graça, a iluminação é escrota, a trilha sonora é risível, é tudo pensado pra exposição e não pra romantismo ou intimidade, não acho nem um pouco sensual, na verdade até me enoja um pouco.
Mas na verdade ele quis dizer:
-Filme pornô? Adoro pornô. Só se for agora.
Ele disse:
-Tamanho do meu pênis? Não... Não sei qual é. Nunca me preocupei em medir.
Mas na verdade ele quis dizer:
-Tamanho do meu pênis? Claro que eu sei, eu sei desde o treze anos. detalhadamente em centímetros e milímetros. Em um compartimento secreto da minha casa há um quadro branco com gráficos de crescimento mostrando comparativos entre o tamanho em todas as idades e estações do ano.
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Loiro Vanusa foi ótimo, com certeza é a cor da próxima estação !
ResponderExcluirFelizes para sempre? Hum...então suponho que não seja essa mesma Dna Mirtes aqui :
http://avidaeumaopera.blogspot.com/2010/05/pequenas-magoas.html
Ahahahahahahahahahahahah, não, não deve ter sido a mesma, ahahahahahahahahahahahah.
ResponderExcluirCertamente não me mataria por reclamarem do meu cabelo...
ResponderExcluirAinda mais tendo que ver como termina, ao menos no cinema, os filmes de Harry Potter. Nenhum homem teria esse poder sobre mim!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Ah, mas a Dora não é uma mulher forte e confiante como tu, lady Bast, ela estava fragilizada e ainda sofreu a decepção de um triunfo que não se concretizou.
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