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sábado, 2 de outubro de 2010
Resenha DVD: Harry Brown
Existe, no site de relacionamentos Orkut, uma comunidade cujo sugestivo nome é: Chama o Michael Caine, e a descrição diz apenas "Ele topa qualquer parada!".
O engraçado é que, olhando alguns dos trabalhos da filmografia do brilhante ator londrino, vemos que o dono de dois Oscares meio que topa, mesmo, qualquer parada. Basta constatar sua participação em filmes como Tubarão - A Vingança, Miss Simpatia, Feitiço do Rio e O Implacável, por outro lado ele equilibrou estes trabalhos em filmes porcaria com filmes notáveis como Hannah E Suas Irmãs e Regras da Vida, que lhe renderam seus prêmios da academia, além de abrilhantar outros filmes excelentes, como Filhos da Esperança, O Grande Truque, Lições para Toda a Vida e O Americano Tranquilo. Enfim, Michael Caine topa qualquer parada e é sempre maneiro, foi por isso que ontem, na minha incursão à locadora, apanhei sem pestanejar Harry Brown, filme do ano passado em que Michael Caine, prometiam os trailers, vivia seu dia de Charles Bronson, ou seja, de vingador da terceira idade.
No filme conhecemos Harry Brown (Caine), fuzileiro da rainha aposentado que vive em um bairro que outrora foi tranquilo mas hoje está nas mãos de vândalos, delinquentes e traficantes da pior espécie.
Harry divide o tempo entre sua esposa, Kath, internada no hospital, vítima de uma doença terminal, e partidas de xadrez com seu amigo Len Attwell (David Bradley, dos filmes de Harry Potter.).
Após a morte de sua esposa, Len confidencia á Harry que vem sendo assediado pelos marginais da região, é aconselhado a procurar pela polícia, mas não o faz. Após uma nova provocação Len acaba reagindo e é assassinado, a polícia, porém, fica de mãos atadas quando os bandidos alegam legítima defesa.
É o estopim para o pacato Harry reviver seus dias de milico, e busca vingança contra os marginais ao mesmo tempo em que acaba se tornando alvo da investigação da detetive Alice Frampton (Emily Mortimer. Só eu sou louco por essa mulher?), que suspeita que a onda de assassinatos de marginais da redondeza possa ter algo a ver com o aposentado.
Enfim, parece um daqueles velhos Desejo de Matar, de Charles Bronson, além de guardar alguma semelhança com Busca Implacável, aquele com Liam Neeson, e até Gran Torino, mas é diferente.
Primeiro por que o Harry Brown de Caine não é um velhote super-humano capaz de trocar socos com sujeitos com o dobro de seu tamanho e um terço de sua idade como fazia Bronson, nem tem o tamanho de Neeson, ou exala a aura naturalmente ameaçadora de Clint Eastwood, ele tem aquela cara de mordomo Alfred, parece afável, algo cansado, isso gera dois bons diferenciais pro filme, primeiro, Harry Brown precisa executar sua vingança usando de engenhosidade ao invés do confronto direto pra ter alguma chance, segundo, é algo chocante ver ele meter chumbo nos vagabundos da vizinhança. O personagem é encarnado por Caine com honestidade, ele fica chocado, bravo, triste, e nós sempre acreditamos nele, isso é importantíssimo para fazer o filme funcionar, o elenco de apoio é meio insípido, até Emily Mortimer parece estar no piloto automático, mas isso acaba ajudando Caine a brilhar.
A fotografia é interessante, e o diretor Daniel Barber, apesar de um ou outro exagero como a zona generalizada do final, entrega um filme honesto, bruto e direto, que não trata o espectador como idiota, e que diverte ao longo dos seus cento e poucos minutos. Ele fez o certo: Chamou o Michael Caine.
Ele topa (e resolve.) qualquer parada.
"-Não é a Irlanda do Norte, Harry...
-Não, não é. Aquelas pessoas lutavam por algo. Por uma causa. Pra aqueles, lá fora, é apenas diversão."
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