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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O Tempo de Tudo


É sempre um momento doloroso quando encaramos o fim. Não o nosso próprio fim, como nos duelos empoeirados disputados em lugares áridos à moda dos caubóis vividos por Clint Eastwood em filmes de Sergio Leone, não. Nada tão visceral, dramático e cinematográfico. Me refiro a encarar o fim de pessoas próximas de nós. Pessoas que conhecíamos, familiares que nos ensinaram coisas, pessoas com quem conversávamos, discutíamos política e futebol, amigos com quem ríamos e fazíamos rapel.
É difícil enfrentar o fim. Qualquer fim, especialmente um tão definitivo como é a morte. O adeus definitivo é difícil de digerir, mesmo para aqueles que se agarram nas crenças religiosas de que existe algo além do que temos aqui.
Saber que não veremos mais alguém que nos é caro é uma sensação amarga, o luto é egoísta, pois é feito para nós, que ficamos, e não para quem se foi, a negação, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação são o que nós precisamos, são as searas que nós precisamos desbravar até conseguir conviver com a ideia de que alguém próximo não estará mais lá.
A despeito de ser uma parte da vida, quiçá a mais inexequível, a morte nos assusta, fragiliza, e perturba. Não importa se é a morte de uma pessoa doente e que já viu muitos e muitos invernos, ou o fim abrupto e precoce de alguém que deveria estar vivendo o melhor momento de sua vida, nós nunca estamos preparados, e sempre achamos que a morte é chocante, fora de hora, injusta como um ladrão que chega de madrugada e rouba tudo o que tinha na sua casa fazendo ela parecer um lugar estranho.
Para quem fica, resta se conformar, lembrar que existe um tempo pra tudo na vida, mesmo que nos pareça o tempo errado, mesmo que machuque, pois os finais, por menos bem vindos que sejam, sempre acenam com a possibilidade de novos começos e novos tempos, nem que seja o começo do tempo de sentir saudade.

Um comentário:

  1. É, a morte tem dessas coisas. É extremo demais. Essa coisa do ''não poder realizar mais'' não estar mais'', é difícil quando a única coisa que sobra é a falta.
    E ficamos sim fragilizados. A história da nossa vida continua, só que com um personagem á menos e aprender a conviver com isso é muito dolorido. Só que como você disse, tudo tem um tempo, inclusive a dor que dia após dia vai dando lugar pra saudade. A morte é assustadora, mas quem disse que a vida também não é? Encará-la de frente, é só pra quem tem muito peito, muito coração forte. Acho que por fim, não devemos ter medo da morte. E nem medo da vida.

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