Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
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sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Eu mato...
-O Mágico de Oz, beibe...
Ela e ele sentados no bar. Namoravam firme já tinha alguns anos. Ela gostava dele, embora, em certas ocasiões, tivesse a nítida impressão de que poderia matá-lo. Eram pequenas coisas, pequenas besteiras que ele fazia, algumas manias, como falar em inglês macarrônico com ela.
-Cala a boca, Orlando.
-Somuér ouver dê reinbou... Blúbãrds flai... En, dê drims dat iú drim of...
-Pelo amor de Deus, Orlando, olha o vexame...
-Som dei ai luiche upon a istar...
-Chega, eu vou embora, se tu não parar. Eu pego as minhas coisas e me mando.
Em momentos como esse, ela se perguntava se não era melhor se mandar, mesmo. Ela, ás vezes, não via futuro naquele relacionamento. O Orlando era muito bacana, muito divertido, era um amor de pessoa, mas fala sério. Aquele tipo de coisa que ele fazia era completamente idiota. Francamente, um sujeito que, áquela altura da vida ainda não tinha amadurecido, talvez não amadurecesse mais.
-Uér problems melts laique lemon drops, raig above dê chimini tops dats uér...
-Eu vou embora, é isso. Tô indo, fui. ó, nem me liga amanhã por que eu não vou querer falar contigo. Por favor, tá todo mundo olhando pra gente, cala a boca, Orlando.
Quando ele fechava os olhos e sorria, então, a vontade dela era arrebentar o crânio dele com um machado. Todo mundo olhando, e ele nem aí, pra ele era farra. O imbecil achava que tava abafando, nem ligava pro que os outros pensava, ela, no entanto, queria cavar um buraco e se enterrar, qualquer coisa pra sumir dali e parar de ver as pessoas rindo e apontando.
-iu faindmi-iiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, ou somuér ouver dê reinbou... blúbãrds flai, en dê drims dét iú dér tu, ou uai, uai, quén a-a-ai? A-a-ai, U-uuuuuuuuuuuuuuuu-u-u, u-u-uu...
Era isso. Tava acabado. As pessoas rindo dela, dela e daquele paspalho na mesa com ela. Era isso. Aquele namoro chegara ao seu limite. Dali não passava, ela estava de saco cheio do Orlando e das suas infantilidades.
-Cala essa boca Orlando, cala a boca, cala a boca! Olha o papelão que tu tá me fazendo passar! Eu te odeio tanto nesse minuto que... Olha, nem sei, viu? Pra mim deu. Chega.
-Casa comigo, beibe.
-Cala essa boca.
-Sério, beibe. Casa comigo. Eu te amo. Quero que tu seja a mãe dos meus filhos. Quero dormir e acordar contigo todos os dias pelo resto da minha vida, por que só assim eu sei que vou ser feliz. Quero estar contigo, passar trabalho contigo, viver contigo, por que é só assim, contigo, que eu sei viver agora. Casa comigo?
O Orlando levantou, ajoelhou na frente dela e abriu a caixa com a aliança dentro.
Ela sentiu os olhos se encherem de lágrimas.
-Sim.- Ela disse.
As pessoas do bar aplaudiram, eles se beijaram, ele sentou, segurando a mão dela e começou:
-Somuér ouver dê reinbou... Blúbãrds flay... En, dê drims dat iú drim of...
Ela suspirou e pensou:
"Vou casar com esse palhaço imbecil e ser feliz pra sempre. Se, claro, eu não matar ele antes..."
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