Ele não acredita em Deus. Na verdade, ele não acredita em praticamente nada, embora guarde lá alguma esperança quanto ao amor. Ele adoraria que amor fosse de verdade e fosse eterno, mas tem os dois pés atrás.
Ele acredita em trabalho, acredita em esforço, acredita em ciência, quase sempre (Embora tenha a mais inabalada certeza de que o homem jamais foi à Lua.), e nas coisas que estão ao seu redor. Coisas palpáveis, verdadeiras.
Sua mãe, por outro lado, é uma fervorosa católica. Do tipo que vai à missa todo domingo, que tem um quadro enorme de cristo na sala de estar, que lê a Bíblia nas horas vagas e que conversa com o padre... Católica assim.
Essa violenta diferença de opinião em termos de crença, vale algumas conversas bastante interessantes entre os dois. Algumas, ás vezes, até se tornam discussões acaloradas, mas, como nenhum dos dois é um maluco ignorante, eles acabam sempre rindo do conflito, ele, pelo menos, sempre acaba.
Mas a mãe dele, agora, não está bem. No hospital, sob sedação após um acidente vascular encefálico, ela passou por uma cirurgia delicada, e os médicos, embora otimistas, não podem prometer nada, e dizem apenas que precisam esperar.
Ele, vendo-se no meio da família perdida, e aturdida pela dor e pelo choque, se mostra otimista e luta como pode pra não desabar, também, e, de noite, em casa, quando ele fica sozinho, até chora um pouco algumas vezes, e chora muito em outras.
Ele é um incrédulo. Um ateu. Mas jamais quis parecer um incrédulo fanático, ao estilo Richard Dawkins, nem nada do tipo. Ele está aberto a possibilidade de estar enganado. Então ontem, fez uma oração.
Uma oração algo rude, mas muito franca, bem ao seu estilo:
"Deus? Seguinte... Se tu existir, e sacanear a minha mãe, eu te encontro e te arrebento, falou?"
Força, mãe. Sai dessa.
A oração mais verdadeira, é a que tem mais sentido pra esse Deus que aprecio tanto.
ResponderExcluirDeus sempre nos dá respostas, embora, as últimas não tenham sido as que queria, ainda assim, creio que foi o melhor.
ELE, precisa crer e sobreviver a isso tudo.
Ás vezes eu acho, que Deus joga playstation com a vida da gente sabe ? Mas acredito que mesmo assim, ele não sacaneia não.
ResponderExcluirE acreditando Nele ou não, é inegável, que a espiritualização ajuda muito nas horas em que estamos mais debilitados. Com certeza a mãe, mesmo estando frágil, está confiante pois a espiritualização traz isso, força, coragem e confiança. E pra ele, talvez seja a hora de começar a acreditar, nem que for um pouquinho, nem que for de forma rude. O importante é acreditar.