Bem vindos a casa do Capita. O pequeno lar virtual de um nerd à moda antiga onde se fala de cinema, de quadrinhos, literatura, videogames, RPG (E não me refiro a reeducação postural geral.) e até de coisas que não importam nem um pouco. Aproveite o passeio.
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terça-feira, 16 de novembro de 2010
Realidade
O Bertoldo era doido pela Glória. Doido mesmo. O Bertoldo amava ela. Achava ela o supra-sumo, o Olimpo, o máximo que uma mulher podia ser. Bertoldo sonhava com Glória, com seus ombros bem torneados, com seus seios firmes, com sua cinturinha fina, com suas côxas rijas e com o espaço entre uma coisa e outra.
Não era apenas o físico. Bertoldo amava a personalidade da Glória. Amava ela por sempre ser franca e honesta, por não fazer joguinhos, por não esconder o que sentia. Amava o fato de ela ser divertida, engraçada, meio moleca.
O Bertoldo, enfim, achava Glória perfeita. Sonhava, literalmente, em tê-la em seus braços, em acariciar seu cabelo castanho-claro encaracolado, em mirar de perto seus olhos verdes, e beijar seus lábios carnudos sentindo seu hálito fresco.
Os amigos de Bertoldo, várias vezes, mandavam-no virar o disco, pois não aguentavam mais ouvir falar da Glória, diziam que Bertoldo precisava arrumar outra mulher pra deixar a Glória de lado, um pouco. Mas Bertoldo nem queria ouvir essa possibilidade, ele estava interessado na Glória, compunha sonetos pensando na Glória, quando via uma mulher bonita em uma revista ou filme, comparava-a à Glória.
Bertoldo tinha Glória em tão alta conta, que hesitou muito em convidá-la pra sair. Era, claro, inseguro como todos os homens são, e não se achava digno daquela mulher que queria fazer sua um dia, mas, como a sorte só ama áqueles que tentam, Bertoldo tentou, e conseguiu. Glória aceitou seu convite pra um chopinho no bar, o encontro foi bem, e rendeu um segundo, que envolveu jantar e cinema, e depois outro que envolveu jantar e motelzinho.
No dia seguinte a esse terceiro encontro, Bertoldo encontrou seus amigos após o trabalho. Todos o olharam com malícia, deram gritos, ouviram-se muitos "Finalmente!". Todos o cercaram:
-E aí?
-Conta, e aí como foi?
-Matou quem tava te matando?
-Fala, rapaz!
Bertoldo sorriu tímido, olhou em volta, suspirou e disse:
-É...
Os outros retrucaram:
-Como assim "é"?
-Fala mais!
Bertoldo revirou os olhos impaciente, respirou fundo de novo e completou:
-... Pois é.
E não se falou mais no assunto. Os amigos sabiam o que acontecera a Bertoldo. É o problema de se obter o que mais se deseja. Raramente a realidade supera a perspectiva.
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Será?
ResponderExcluirraramente jà è melhor do que nunca, não è?
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