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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Batman: Ano Um


Foi lá no distante ano de 1987 que Frank Miller e David Mazzucchelli se juntaram e criaram o que seria uma das obras seminais do homem morcego nos quadrinhos. A mini-série Ano Um mostrava um jovem e inexperiente Bruce Wayne voltando a Gotham City após doze anos viajando pelo mundo e refinando suas técnicas de luta, investigação e ciências disposto a combater com todas as suas forças ao mesmo tempo em que o tenente James Gordon era transferido de Chicago acompanhado de sua esposa e filha.
Enquanto o jovem Wayne aprendia que combater o crime era mais complicado do que ele supunha em um primeiro momento, Gordon descobria que o crime em Gotham estava em toda a parte, inclusive na força policial.
Esses dois personagens trilhavam paralelamente seus caminhos, até formarem uma das alianças mais conhecidas e duradouras dos gibis.
Todo mundo sabe da importância desse quadrinho. Ele é praticamente o roteiro de Batman Begins e dá o tom de boa parte da trama de Batman: O Cavaleiro das Trevas, ele é o equivalente do Batman à ótima reformulação do Superman, por John Byrne após Crise nas Infinitas Terras, e foi onde o Batman primeiramente recebeu muitas das facetas que o tornaram um personagem tão único ao longo dos anos.
Mais que isso, foi um dos quadrinhos que elevou Frank Miller ao posto de grande mestre dos quadrinhos, antes de ele tentar ser diretor de cinema, assassinar a obra de Will Eisner e perder as estribeiras em histórias ruins. Essa é uma história que tinha as melhores características do grande Frank Miller que criou Demolidor: A Queda de Murdock, e Cavaleiro das Trevas. Um texto esperto e pesado que jogava um pouco de sujeira e especialmente humanidade em ícones dos gibis.
Ano Um finalmente mostrou um Bruce Wayne/Batman que tinha várias camadas, mostrava um morcego em início de carreira cometendo erros e falhando enquanto pavimentava o caminho até se tornar uma lenda. Ainda conseguiu mostrar James Gordon como muito mais que o velho sentado atrás do telefone vermelho, apresentando um sujeito íntegro, mas que tinha falhas de caráter terrivelmente humanas como por exemplo o caso extra-conjugal que ameaçava seu emprego. Um personagem tão verossímil que era difícil não se identificar com ele, e torcer por ele enquanto ele surrava o valentão Flass.
Não bastassem todas as qualidades do texto de Miller, ainda haviam os excelentes desenhos de David Mazzucchelli, repletos de expressão jogando com sombras e dando o tom urbano realista que a história pedia, além de estabelecer uma aparência de jovem Gregory Peck ao Batman, fisionomia que caiu tão bem que foi repetida em uma versão mais velha do Morcego por ninguém menos que Alex Ross, na ótima O Reino do Amanhã.
A Panini acaba de relançar essa obra prima em versão encadernada de luxo, com capa dura, papel de qualidade e 40 páginas recheadas de vários extras interessantes além de introdução do próprio Miller e posfácio ilustrado por Mazzucchelli. O preço é meio salgado, R$ 37,00, mas acredite, pela qualidade da publicação, e principalmente, da história, vale totalmente a pena.

"Sem aviso, ele veio. Quebrando o vidro da janela do seu estúdio. Eu já havia o visto antes... Em algum lugar. Ele me apavorava quando eu era pequeno... Me apavorava. Sim, pai. Eu irei me tornar um morcego."

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