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segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Resenha Cinema: Missão Madrinha de Casamento
Sou um fã antigo de Saturday Night Live. O clássico programa de esquetes de comédia que está no ar nos EUA desde 1975 e que revelou alguns dos maiores e mais engraçados comediantes do cinema norte-americano. De lá saíram caras do calibre de Dan Aykroid, John Belushi, Chevy Chase, Eddie Murphy, Mike Myers e Will Farrell.
Quando fiquei sabendo que Kirsten Wiig, fixa no elenco atual da atração e provavelmente a mulher mais engraçada da história do SNL estava no filme Bridesmaids (Damas de Honra), achei que valeria uma espiada quando saísse em DVD. Quando vi que o filme estava sendo produzido por Judd Apatow, o cara de Ligeiramente Grávidos e O Virgem de 40 Anos, achei que, talvez, valesse tentar no cinema. Daí em diante, as notícias foram me atraindo para o filme, o diretor Paul Feig, egresso da TV, não fedia nem cheirava, o restante do elenco, com a também SNL Maya Rudolph, a Mellisa (Molly de Mike & Molly) McCarthy, além da bonitona Rose Byrne (De X-Men - Primeira Classe) era interessante, mas, confesso, fiquei com um pé atrás quando descobri que o roteiro era de Kirsten Wiig.
Nada contra roteiristas mulheres, Diablo Cody fez um trabalho decente em Juno, Tina Fey é uma ótima roteirista e também é egressa do SNL, mas quando me falam em filmes de roteiristas de Saturday Night Live, o que me vem à cabeça são as bombas que naufragaram nas bilheterias dos cinemas americanos e juntam poeira nas estantes das locadoras. Para cada Os Irmãos Cara de Pau e Quanto Mais Idiota Melhor, saem dez O Tigrão, Despenca Uma Estrela e Os Estragos de Sábado À Noite, ainda assim, resolvi conferir o longa, e no sábado, estava na frente da moça da bilheteria escolhendo os lugares de onde assistiria ao filme. O fato de apenas quatro assentos estarem ocupados na sala me deixou apreenssívo, confesso. Fiquei ainda mais apreenssivo quando, ao entrar na sala, percebi que os quatro assentos se transformaram unicamente em seis.
E foi assim, com apenas oito testemunhas dentro da sala, que eu vi Missão Madrinha de Casamento (títulozinho sem vergonha que deve ter colaborado pra afugentar o público), provavelmente a melhor comédia desse ano.
No filme conhecemos Annie (Kirsten Wiig, hilária demais!), ex-confeiteira que perdeu tudo com a recessão e hoje divide apartamento com uma esquisita dupla de irmãos ingleses enquanto trabalha em uma joalheria, emprego que conseguiu graças às conexões de sua mãe no Alcoólicos Anônimos e que não preza nem um pouco. Annie tem um rolo com Ted (John Hamm, em uma engraçada ponta de luxo), um escroto "amigo com benefícios" à quem Annie, por alguma razão se sujeita, mesmo sabendo que não há futuro pro tipo de relação que partilham. Enquanto leva a vida desse jeito, Annie encontra em sua amiga Lillian (Maya Rudolph, também ótima), o ouvido amigo com quem partilhar suas desventuras. Até que o namorado de Lillian, Dougie, a pede em casamento, e Annie, melhor amiga da noiva, é transformada na madrinha que ajudará a organizar o casório, realizará a despedida de solteira e o chá de panela.
Annie, porém, não está sozinha nessa missão. Além das damas de honra Becca (Ellie Kemper), uma virginal amante de desenhos animados que passou a lua de mel na Disney, Rita (Wendy Mclendon-Covey) uma amargurada esposa infernizada pelos três filhos meninos, e Megan (Mellissa McCarthy), a durona irmã o noivo, há Helen (Rose Byrne).
Magra, linda, rica e bem-casada, Helen é a organizadora de festas definitiva. Cheia de contatos, bom-gosto, presença e espírito, a esposa do chefe de Dougie, de maneira taciturna, vai tentando tomar o posto de Annie, que vendo a própria vida pessoal e profissional ir para o vinagre, se torna disposta a lutar até as últimas consequências para não perder sua melhor amiga para a perua.
Se a sinopse que tem circulado nos jornais faz parecer que o filme é uma versão feminina de Se Beber Não Case, não se iluda. Não é.
Se Beber Não Case é excelente, é misógino e baixo calão como exige a cartilha dos "bromances" que querem fazer rir. Missão Madrinha de Casamento pode ser considerado, muito mais que a versão de saias do hit de 2009. É a resposta feminina aos bromances, claro, mas também às comédias românticas que ameaçam deixar o espectador em coma diabético e que costumam mostrar que todos os problemas das mulheres estão ligados ao fracasso de suas relações amorosas. Em Missão Madrinha de Casamento Annie não está na pior por que não tem namorado. Na verdade, estar solteira pra personagem é apenas mais um perrengue pelo qual ela passa, e nem de longe é o mais grave. Aliás, todas as mulheres são críveis em Missão Madrinha de Casamento, e as relações entre elas, também. Sai a camaradagem incondicional dos personagens de Penetras Bons de Bico, Ligeiramente Grávidos e Segurando as Pontas e entram as alfinetadas e a inveja feminina, justificada, ou não, ao qual todos são tão familiares.
Kirsten Wiig e companhia fazem um filme divertido, engraçado, com a acidez das melhores comédias, mas uma colherinha de açúcar pra adoçar o bico da platéia feminina já que em Missão Madrinha de Casamento, as mulheres são quem mandam na festa.
Assista, é hilário.
"É a primeira vez que eu te vejo feia. E isso me faz feliz."
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