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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Como Olivia Wilde Salvou Bernardo


O Bernardo, que sempre fora um sujeito atribulado, cheio de neuras, preocupações e complexos que iam dos mais comezinhos até os mais relevantes, andava num momento dos mais desagradáveis de sua vida.
Ele nem sequer sabia por que. Na verdade, não havia nenhuma razão em particular. Ele simplesmente se sentia assim. Acreditava que todos os seus pequenos insucessos haviam finalmente feito transbordar sua capacidade de suportar as pequenas bobagens da vida, embora fosse incapaz de lembrar qual havia sido a proverbial "gota d'água". Era difícil categorizar assim. Haviam reveses em praticamente todas as área da sua vida, trabalho, amor, estudos... Tudo, em algum âmbito, dava errado, ou, na melhor das hipóteses, era insosso, insuficiente, insignificante. E essa insignificância, essa falta de matiz confluíam para que Bernardo houvesse transformado neuras, atribulações, preocupações e complexos em uma única e severa condição:
Infelicidade.
Infelicidade pura e simples era o que acometia Bernardo, que ficou assim por mais de um mês, carrancudo, tristonho e sorumbático, atraindo a atenção de seus amigos e família, que notavam a pujança da tristeza que acometia Bernardo, mas eram incapazes de ajudá-lo, tamanha a profundidade das raízes de sua infelicidade.
Até que, em uma manhã, tudo mudou.
Em uma manhã, Bernardo acordou com a sensação indescritível de ter tido uma epifania durante seu sono.
Era uma sensação nova, uma sensação de completude e apaziguamento que Bernardo, em seus vinte e tantos anos, jamais experimentara antes. Uma clareza e uma certeza que o faziam sentir-se altivo, preparado, sapiente e leve.
E logo ele que não acreditava em momentos de definição, experimentara um no último momento em que poderia imaginar que tal coisa ocorreria:
Durante o sono.
Lembrou-se de Raul Seixas. "Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando, e foi justamente num sonho, que ele me falou...", era isso, não era? O começo de Gita... Enfim, Bernardo não era lá um grande fã de Raul Seixas, mas conhecia o básico, e pareceu-lhe propício. Fora justamente em um sonho, que ele descobrira. Em que tivera a inabalável certeza...
Em seu devaneio onírico, Bernardo estava casado com a atriz Olivia Wilde. Aquela lindona que fez algumas temporadas de House. Em seu sonho, Bernardo e Olivia Wilde estavam em um iate, apenas os dois, navegando num mar esverdeado que só podia ser no Caribe. Olivia tomava sol na proa do iate, usando um biquíni branco, e o Bernardo, vestindo uma bermuda branca e uma camisa cinza bem clara, manejava o timão enquanto a olhava.
A certa altura, Olivia Wilde se virava, lânguida, descrevendo um arco perfeito com suas costas, e acenava para Bernardo mandando-lhe um beijo.
Bernardo, então, desligava o motor do iate, e ia até onde Olivia Wilde tomava sol, a beijava longamente, e eles faziam amor de maneira apaixonada sob o sol, até que o astro rei se escondesse no horizonte e o céu se tornasse um manto escuro cravejado de estrelas.
Nesse momento, Bernardo, abraçado ao corpo nu de Olivia Wilde e sentindo o cheiro almiscarado do sexo que fizeram, a mordeu de leve no ombro e disse:
-Eu te amo... Eu nunca havia sido tão feliz...
E aí, Bernardo acordou. Acordou com uma certeza:
Só seria realmente feliz, se fosse um milionário, dono de um iate, e tivesse um caso de amor com Olivia Wilde.
E sabendo que nenhuma das duas coisas era remotamente possível, entendeu que deveria se concentrar em aproveitar as boas coisas da vida que tinha, por menores que fossem, e sobreviver às ruins. E de posse dessa descoberta, viveu uma vida cheia de percalços e tropeços, mas também de pequenas vitórias e realizações, sem voltar a se deixar abater.
Mas de vez em quando, ele ainda abre o google e digita "Olivia Wilde bikini", sabe como é... Só pra monitorar...

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