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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Pena...


Ele, sentado de maneira meio jogada, pernas esticadas pra frente dentro das justas calças pretas, as botas, também pretas, apontando para o teto do ambiente de luzes piscantes e música alta, e a camisa de seda vermelho-escura sob o blazer preto movimentando-se à cada respiração sua...
Ela, ao seu lado, sentada de maneira contida, quase com recato, pernas bem juntas uma mão pousada sobre os dois joelhos, a outra sobre o couro sintético vermelho brilhante do pufe que dividiam. Os cabelos loiros bem alinhados, olhava pra ele, admirada. Os olhos dele pareciam pintados, tão grandes eram seus cílios, e sua sobrancelha, via-se que era natural, mas era tão bem desenhada que parecia ter sido cuidadosamente moldada com pinça ou cera... E seu nome... Tão misterioso... Tão extravagante... Exótico... Afe...
Ela ia chamá-lo pelo nome. Chegou a começar.
-Ai, Vi-
Mas ele a interrompeu. Falou:
-Teus olhos são muito lindos...
Ela sorriu, sentindo-se ruborizar levemente. Ele continuou:
-Na verdade, teu rosto todo é muito bonito... Mas teus olhos sobressaem. Não é um tom de azul muito comum. Na verdade, é um azul-esverdeado... Meio mediterrâneo... Realmente... Ele destaca o conjunto... São olhos lindos demais.
Ela sentiu-se ruborizar com mais intensidade... O calor subir-lhe pelo colo e corar-lhe as bochechas como fogo. No mesmo instante, ele fez um movimento rápido, esgueirando-se como uma serpente prestes a dar o bote, e tomou-lhe a mão com delicadeza e decisão, e ela teve a sensação de que suas bochechas iriam explodir em chamas, mas mais ainda conforme ele se aproximava dela, com seus lábios bem rosados e tomando fôlego como se fosse precisar de muito ar para o que viria em seguida.
Ela tinha até erguido vagamente o queixo, e chegava a fechar de leve os olhos esperando pelo contato dos lábios dele nos seus, mas ele aproximou-se do ouvido dela e apenas concluiu:
-...Pena que tu é tão gorda.
Levantou e foi embora, deixando-a entre aturdida e arrasada sob a cacofonia de sons indiscerníveis e sombras dançantes da boate.

Viktor de SanMartin, o pulha, atacara novamente.

2 comentários:

  1. Ahahahaha, não esqueço quando ele contou pra Mabel, aquela mentira que fez com que ele ganhasse dinheiro de todo mundo pra ir à uma excursão. Aquilo foi chato, poxa.
    ( como se pronuncia mesmo ? )

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